A Propaganda na Era Vargas
Por: 051219 • 28/4/2019 • Trabalho acadêmico • 2.241 Palavras (9 Páginas) • 242 Visualizações
Era Vargas
A Era Vargas (1930 - 1954) foi um período de grandes mudanças tanto na política
quanto na economia brasileira. Mais do que isso, foi caracterizado pela personificação da
política na imagem de Getúlio Vargas e da criação de significados sobre sua “persona”
pelos veículos de comunicação. Assim como a política econômica e social do período, a
relação entre Estado e trabalhadores, o ideário do regime e suas fontes de inspiração, a
montagem de um severo aparato repressivo e também a política externa, foram permeados
por uma forte propaganda para assegurar o apoio da população ao regime e expandir no
imaginário social uma espécie de cultura política. O regime Varguista despendeu
significativo esforço para se auto justificar e difundir uma imagem positiva; mobilizou
estratégias de natureza muito diversa que se ancoravam na tentativa de controlar a
produção em áreas das mais variadas, como literatura, teatro, música, carnaval e outras
manifestações populares. Esses esforços e estratégias serão destrinchados neste trabalho
a fim de explicar e elucidar as engrenagens e as relações entre política, imagem e
propaganda durante o governo de Getúlio Vargas.
O governo do Estado Novo foi centralizador, ou seja, concentrou o poder no
governo federal, reduzindo a influência das instâncias estaduais no legislativo. Sua
ideologia recuperou práticas políticas autoritárias pertencentes à tradição brasileira, mas
também incorporou outras mais modernas, que faziam da propaganda e da educação seus
principais instrumentos. Era esse o papel do Departamento de Imprensa e Propaganda -
DIP, destinado não só a doutrinar, mas a controlar as manifestações do pensamento no
país. A doutrina estado novista propunha a concentração do poder no Estado, visto como
única instituição capaz de garantir a coesão nacional e de realizar o bem comum.
Desenvolvia, também, a crença no homem excepcional, portador de virtudes, que seria
capaz de expressar e construir a nova ordem. E foi a partir dos aspectos comuns com a
doutrina fascista que muitas vezes o Estado Novo foi comparado com ela, apesar de não
ter reproduzido de forma literal o fascismo italiano. A propaganda com viés político
durante o governo de Vargas está fortemente atrelada às características fascistas de seu
governo. Sendo assim, a propaganda e a personificação da política na imagem do líder é
indissociável do fascismo por ser um instrumento necessário e valioso para que o regime
se mantenha. Em alguns aspectos o governo foi mais sutil e utilizou o passado histórico
brasileiro como um de seus principais instrumentos de coerção, com o objetivo de manter
a unidade nacional e a crença popular, em um país próspero liderado por um homem virtuoso. A criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em meados
dos anos 30 foi um desses instrumentos low profile no Estado Novo. Na imprensa, a
uniformização das notícias era garantida pela Agência Nacional. O DIP as distribuía
gratuitamente ou como matéria subvencionada, dificultando, assim, o trabalho das
empresas particulares. Contando com uma equipe numerosa e altamente qualificada, a
Agência Nacional praticamente monopolizava o noticiário.
No Estado Novo, a questão da cultura passou a ser concebida em termos políticos.
O regime criou seus próprios aparatos culturais, que difundiam a ideologia oficial para o
conjunto da sociedade. Entre as revistas destinadas a fazer a propaganda do regime
incluíam-se Cultura Política, Ciência Política, Estudos e Conferências, Cultura Política
era a revista oficial, diretamente vinculada ao DIP. Outro órgão criado no projeto de
modernização do Estado é o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público),
este, via uma incompatibilidade entre a “racionalidade” da administração e a
“irracionalidade” da política. E tinha como objetivo estabelecer maior integração entre os
setores da administração pública e promover a seleção e aperfeiçoamento do pessoal
administrativo através do sistema de mérito, o único capaz de diminuir as injunções dos
interesses privados e político-partidários na ocupação dos empregos públicos.
Propaganda e política externa
A economia mundial passou por uma instabilidade e fragilidade na década de 30,
acarretando na queda da exportação do café brasileiro, por exemplo, o qual era
responsável por 70% da nossa economia. Ao mesmo tempo em que houve esta queda,
perdemos acesso a moedas internacionais, a consequente diminuição das importações e
pela primeira vez a moratória – suspensão - da dívida externa; assim como em outros
países na mesma época, o Brasil adotou o protecionismo, assim como uma diplomacia
pendular entre Alemanha e Estados Unidos e o lema da política de autonomia na
dependência (com o objetivo
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