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A Vida De Tocquiville

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Por:   •  18/8/2014  •  1.399 Palavras (6 Páginas)  •  285 Visualizações

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A vida de Tocqueville

Alexis de Tocqueville nasceu em 1805 e foi um pensador político, historiador e escritor francês. Foi um defensor da liberdade e da democracia.Sua obra de referência foi o livro “Democracia na América” (1835). Ele é considerado um dos autores mais influentes do liberalismo no ocidente, junto a Adam Smith, Friedrich Hayek, Joseph Schumpeter e Raymond Aron.

Tocqueville pertenceu a uma grande família aristocrática normanda. Seus ancestrais participaram da batalha de Hastings em 1066, que concretizou a conquista de Guilherme, Duque da Normandia e o fim da dinastia de reis anglo-saxões na Inglaterra. Seus pais escaparam da guilhotina graças à queda de Robespierre no Ano II (1794). Destino diferente teve seu avô, o Marquês de Rosanbo, que foi executado.

Embora consagrado pela posteridade como homem de letras, sociólogo da democracia moderna e historiador do Antigo Regime, Alexis de Tocqueville sempre ambicionou ser um homem da política. Após estudar direito em Paris, em 1827 ingressou na magistratura em busca de uma carreira provisória enquanto não se cumpria a exigência de idade mínima de quarenta anos para a candidatura à câmara dos deputados.

Em 1831, resolveu empreender viagem aos Estados Unidos a fim de realizar uma pesquisa sobre o código penal americano. Porém, suas intenções tomaram outro rumo quando escreveu o esboço do que seria sua obra-prima, o livro ”Democracia na América”. A primeira parte do livro foi publicada em 1835, onde ele refletiu sobre as instituições e a sociedade americana e sua tradição política. A segunda parte foi publicada em 1840 e na obra, o escritor tratava das questões sobre igualdade e de que forma esse conceito poderia prejudicar a liberdade dos indivíduos.

A Constituição de 1830 reduziu exigência de idade para pertencer à câmara dos deputados para 30 anos , o que permitiu que Tocqueville lançasse, em 1836, sua primeira candidatura, na qual foi derrotado. Em 1839, conseguiria a primeira de uma série de vitórias que o manteriam na câmara até o golpe de estado de 1851.

Tocqueville foi colaborador da segunda constituição francesa na segunda república. Também foi ministro das Relações Exteriores do governo de Luís Napoleão. Ficou conhecido por ser a primeira pessoa a cunhar o termo social-democracia, ideologia política que se espalhou pela Europa.

Em 1850, foi obrigado a licenciar-se da assembleia em função de uma crise de tuberculose pulmonar que o levaria lentamente até a morte nove anos mais tarde.

Falar de Tocqueville é falar da questão da liberdade e da igualdade, e por isso, é falar de democracia, o qual é o ponto principal do que poderia ser uma nova ciência política. Seria interessante lembrar uma de suas previsões mais citadas no mundo contemporâneo:

“Há hoje no mundo dois grandes povos que, tenho partido de pontos diferentes, parecem avançar para o mesmo fim: esses são os russos e os americanos...Seu ponto de partida é diferente, seus caminhos são diferentes; no entanto, cada um deles parece convocado, por um desígnio secreto da Providência, a deter as mãos, um dia, os destinos da metade do mundo.”

“DEMOCRACIA: UM PROCESSO UNIVERSAL

Tocqueville busca encontrar a possível coexistência harmônica entre um processo de desenvolvimento igualitário e a manutenção da liberdade. Ele então, não trabalha apenas com indagações abstratas, e sim procura entender a questão da liberdade e da igualdade, onde, acredita que elas não são contraditórias. Isto é, onde um processo de igualização crescente se dava ao mesmo tempo em que preservava a liberdade, melhor dizendo, onde a democracia se realizava com liberdade. E isso estava acontecendo nos EUA, por volta de 1830. Entretanto, Tocqueville afirma também que não está querendo apenas descrever a democracia americana, mas pretende obter um conhecimento tão amplo do fenômeno democrático de tal forma que possa chegar a construir um conceito definidor de democracia.

Por isso, em sua maior obra, A democracia na América, procura apresentar sua visão de democracia apreendida a partir da vasta pesquisa por ele realizada durante quase um ano de andanças pelos EUA.

Tenderíamos a concordar com a tese de que Tocqueville estaria antecipando a metodologia de Max Weber, importante sociólogo, ao tentar construir um “tipo ideal” de democracia. Nos seus estudos, é possível ver mais do que a democracia, tal como ela ocorria nos EUA, ou que pudesse vir a ocorrer na França. Como declara em carta a John Stuart Mill:

“Partindo de noções que me forneciam as sociedades americanas e francesa, eu quis pintar os traços gerais das sociedades democráticas, das quais não existe ainda nenhum modelo completo.”

Partindo disto, Tocqueville define a democracia:

“Concebo então uma sociedade onde todos, encarando a lei como obra sua, a amariam e a ela se submeteriam sem constrangimento; onde, ao respeitar a autoridade do governo como necessária e não como divina, o amor dedicado ao chefe de Estado não fosse absolutamente uma paixão, mas um sentimento racional e tranquilo. [...] Ciente de seus reais interesses, o povo compreenderia que, para se beneficiar dos bens da sociedade, é preciso se submeter às suas obrigações. A associação libre dos cidadãos poderia substituir, então, o poder individual dos nobres, e o Estado estaria a salvo da tirania e da insubordinação.”

Ao elaborar esse conceito de democracia, Tocqueville acaba por apresenta-lo como um processo de caráter universal, pois apesar de ter sido construído a partir principalmente da realidade sociopolítica americana, para ele, cada país, cada nação terá seu próprio desenvolvimento democrático. Porém, sem dúvida, todos caminharão para um situação cada vez mais ampla de igualdade de condições.

OS PERIGOSOS DESVIOS DA IGUALDADE

Uma das críticas ao pensamento de Tocqueville é o fato de que a democracia americana dessa época não só apresentava grandes diferenças de nível econômico entre seus habitantes, mas também diferenças raciais e cultural. E em suas explicações sobre o que definia como igualdade de condições, fica bem claro que está excluída a possibilidade de se compreender como tal apenas a igualdade econômica, ou seja, ele defende o ensino livre, a liberdade de imprensa, a descentralização e a libertação dos escravos nas colônia. Assim sendo, democracia para Tocqueville está sempre associada a um processo igualitário que não poderá ser sustado, desenvolvendo-se também diversamente em diferentes povos, conforme suas variações culturais. Porém, será sobretudo a ação política desse povo que irá definir se essa democracia será liberal ou tirânica, e é a possibilidade da democracia vir a ser uma tirania a principal preocupação de Tocqueville. Pois, para ele, o processo de igualização crescente pode envolver desvios perigosos, que levem à perda da liberdade. Para evita-los, é preciso conhece-los e aponta-los, o que deve ser feito estudando-se a democracia e tendo-se uma ação política constante em defesa da liberdade.

Tocqueville vê no desenvolvimento democrático dos povos dois grandes perigos possíveis de acontecer:

No primeiro caso, o seu temor é que a cultura igualitária de uma maioria destrua as possibilidades de manifestação de minorias ou mesmo de indivíduos diferenciados. O desenvolvimento, portanto, de uma sociedade onde hábitos, valores, etc., fossem de tal forma definidos por uma maioria que quaisquer atividades ou manifestação de ideias diferentes da massa da população seriam impedidas de se realizar.

E também, um temor quanto ao individualismo que, para ele, é criado e alimentado pelo desenvolvimento do industrialismo capitalista, onde o interesse mais alto é o lucro. Tocqueville procura demonstrar que os cidadãos, à medida que se dedicam cada vez mais aos seus afazeres enriquecedores, vão abandonando seu interesse pelas coisas públicas. Isto é, terminam por possibilitar o estabelecimento de um Estado que aos poucos tomará para si todas as atividades.

AÇÃO POLÍTICA E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS

Se, por um lado, a atividade política dos cidadãos, aliás a mais importante, pode impedir que tais fenômenos ocorram, por outro, a existência e a manutenção de certas instituições podem dificultar bastante o surgimento de um Estado autoritário e mesmo de uma sociedade massificada.

A existência de instituições que desenvolvam a descentralização administrativa ou que levem os cidadãos a se associarem para defender os seus direitos obriga de alguma forma a maior participação por parte dos nacionais. Igualmente a permanência de uma Constituição e de leis que possam garantir a manutenção das liberdades fundamentais ajuda a convivência do processo igualitário com a liberdade.

Portanto, embora as instituições de caráter liberal possam ajudar a manutenção das liberdades fundamentais, é na ação política dos cidadãos que está posta a garantia da sua real existência na democracia, pois essas medidas sozinhas não seriam suficientes para que se garantisse a liberdade.

Combateu os vários socialismos que despontavam, por vê-los como difusores de ideias políticas onde a preocupação com o igualitarismo está presente, mas não a defesa da liberdade.

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