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ANÁLISE DE CONJUNTURA: SITUAÇÃO POLÍTICA EGÍPCIA APÓS A PRIMAVERA ÁRABE

Por:   •  10/6/2018  •  Relatório de pesquisa  •  2.169 Palavras (9 Páginas)  •  213 Visualizações

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ANÁLISE DE CONJUNTURA: SITUAÇÃO POLÍTICA EGÍPCIA APÓS A PRIMAVERA ÁRABE

Franciele Salvador Ecker1

RESUMO

        O desenvolvimento desta análise de conjuntura da atual situação em que o Egito se encontra, tem como objetivo principal mostrar os impactos ocorridos na sociedade egípcia decorrente das revoluções impulsionadas pela primavera árabe. Dessa forma, a análise visa explicar a conjuntura dos setores políticos e sociais na condição pós-Mubarak. Busca-se apresentar uma relação da estrutura social existente antes das revoluções com o cenário atual de instabilidade política. Desde 2011, o Egito enfrentou diversas alterações no âmbito político, cabe a esta análise desenvolver e explicar os acontecimentos e suas consequências tanto para a política interna do país quanto para o andamento da política internacional.

Palavras-chave: primavera árabe; crise política; oriente médio.

1        INTRODUÇÃO

        No Egito, Hosni Mubarak estava no poder de governança desde o ano de 1981, completando em 2011 exatos 30 anos de governo ditatorial. Mubarak assumiu a liderança governamental após ocorrer o assassinato de Anwar El Sadat em uma parada militar no Cairo. Dessa forma, Mubarak se tornou o presidente dono do maior governo em tempo histórico no Egito. Mubarak manteve um governo unipartidário durante todo o decorrer dos 30 anos sob um continuado estado de emergência, que era visto com olhos de preocupação pela sociedade internacional.

        Entretanto, o governo de Hosni Mubarak conquistou alguns países do Ocidente, dentre eles os Estados Unidos. O governo norte americano simpatizante das ações políticas de repressão aos movimentos islâmicos envolvidos no conflito Israel-Palestina desenvolvidas por Mubarak durante seu governo, enviava anualmente auxílio financeiro e militar ao Egito, afim de preservar tais ações extremistas do governo egípcio. Todavia, os movimentos sociais existentes no Egito, mostravam-se contrários ao governo de Mubarak, sendo impulsionados pelos ideais revolucionários presentes na Primavera Árabe.        

2        A REVOLUÇÃO EGÍPCIA E A DERRUBADA DE MUBARAK

        No fim do ano de 2010, na comunidade islâmica do Oriente Médio, teve início uma onda de revoltas sociais contra os atuais governos ditatoriais presentes em diversos países da região. No Egito não foi diferente. Com a insatisfação popular crescendo a cada ano, a população se viu motivada a rebelar-se contra o governo de Mubarak após a crescente onda de revoluções na região. Dessa forma, em janeiro de 2011 teve início a Revolução Egípcia, também conhecida como Revolução do Nilo. A Revolução do Egito é vista como uma das mais importantes ocorridas durante o movimento da Primavera Árabe, mesmo sua movimentação tendo durado menos de um mês. Todavia, os efeitos da revolução são ainda sentidos excessivamente no país.

        A Revolução Egípcia pode ser definida por um complexo amontoado de manifestações e protestos populares ocorridos em um momento político instável onde a desobediência civil passou a prevalecer. Como citado anteriormente, a Revolução no Egito toma forças a partir da recente Revolução de Jasmim ocorrida na Tunísia. Dessa forma, parcelas do setor social passam a organizar-se contra o governo de Mubarak. Os protestos estouram nacionalmente devido à grande violência policial existente no Egito, o constante estado de emergência que o país se encontrava, a ausência de democracia eleitoral resultando na censura política e a corrupção generalizada perpetuada dentro dos governos egípcios. Dentre também fatores econômicos importantes como o elevado índice de desemprego, a descontrolada inflação do setor alimentício, os baixos salários mínimos que combinados com os outros fatores, resultavam em uma sociedade em crise política e econômica encaminhando-se para a miséria.

        Dessa forma, entre janeiro e fevereiro de 2011 ocorre a onda de manifestações nas ruas do Egito, que pedem pela derrubada de Hosni Mubarak. Os protestos têm como características principais a resistência civil frente a opressão militar do governo, com ações de greve por todo o país e um forte ativismo online. Estas ações levam a conhecida Sexta-feira da Ira, onde o governo egípcio bloqueou o acesso à internet e serviços telefônicos em todo o país, tais medidas levaram a população egípcia as ruas durante a madrugada para a realização de protestos e violentos confrontos com a polícia e militares. A situação fica ainda mais extrema em 30 de janeiro de 2011, com o anúncio governamental do fechamento de todos os bancos durante os períodos de manifestações, causando uma preocupação internacional, onde diversos países emitem comunicados para seus turistas regressarem do Egito. O governo de Mubarak ainda responde com a derrubada de meios de comunicação egípcios internacionais, como a Al Jazeera, que fornecia acompanhamento diário da situação política do país internacionalmente. Em 31 de janeiro, provocados pelas tentativas do governo de cativo aos militares, a população decreta uma greve geral por tempo indeterminado, resultando no agravamento da instabilidade política vivida no país. No mesmo dia, Israel declara apoio ao governo de Mubarak com o envio de armamento militar para o governo egípcio. O auge das manifestações ocorre nos primeiros dias de fevereiro, com um agrupamento popular superior a um milhão em Cairo. Todavia, também é registrado os confrontos mais violentos com a polícia, resultando em dezenas de mortos e uma estimativa de 600 feridos. Com o aumento da violência nos protestos, o governo de Mubarak começa a atribuir os efeitos a organizações terroristas que estariam atentando contra o seu governo. Apenas no dia 11 de fevereiro, após intensa pressão popular e a instalação de um caos civil por todo território egípcio, que Mubarak realiza o pronunciamento de renúncia do cargo de presidente. A vitória dos setores populares no Egito, causa preocupação em outros diversos governos ditatoriais da região árabe, que buscam atenderem algumas demandas populares, afim de evitar a organização de movimentos revolucionários.

3        A PRESIDÊNCIA DE MOHAMED MORSI E O GOLPE DE ESTADO

        Com a derrubada do ditador Mubarak, ocorrem eleições presidenciais no Egito que empossam Mohamed Morsi, membro do Partido da Liberdade e da Justiça, partido no qual foi fundado pelas bases da Irmandade Muçulmana. Com a onda de revoluções e a vitória popular, Morsi foi o primeiro presidente egípcio ativista islâmico. Com o início de seu mandato, optou por retirar grande parcela dos militares que ocupavam cargos políticos. Todavia, Morsi realizava diversas alterações no estatuto constitucional, que nem sempre refletiam de forma positiva para os setores sociais.

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