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Artigo de geopolitica

Por:   •  15/6/2015  •  Resenha  •  4.055 Palavras (17 Páginas)  •  252 Visualizações

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A CRISE NA CRIMÉIA: UMA CRÍTICA QUANTO O COMPORTAMENTO RUSSO NESSE CONTEXTO

Gleise Annie Ferreira*

RESUMO

O recente evento envolvendo a ex-região ucraniana denominada Crimeia e o governo russo liderado por Vladimir Putin se tornou relevante ao sistema internacional por conta da forma como ocorreu esse episódio. A partir de leituras de várias notícias e artigos com teorias da geopolítica, fundamentalmente, pode-se chegar a algumas conclusões sobre as reais motivações russas enquanto um Estado que interviu na soberania ucraniana, além de uma correlação quanto às ações passadas da Rússia e a que se acontece atualmente. Além disso, uma análise deve ser feita utilizando-se conceitos da geopolítica nesse contexto descrito.

Palavras-chave: Rússia; Crimeia; Motivações.

1 INTRODUÇÃO

        A República Autônoma da Criméia, situada em uma região que faz fronteira ao norte com a região do Kherson, e ao sul e ao oeste com o Mar Negro, é atualmente uma península em crise por conta de disputas entre Rússia e Ucrânia.

A região é extremamente importante para os dois países por se ligar ao Mar Negro, sendo assim, possui um grande valor estratégico por sua posição geográfica. Um ponto que torna a região relevante à Rússia é o fato de representar uma saída que facilita a movimentação de cargas, o que acentua sua importância no âmbito tanto comercial como militar. Já para a Ucrânia, os portos da Criméia são utilizados como escoadores de sua produção agrícola, além de ser o ponto onde o país realiza suas importações, como por exemplo, o gás russo, na qual os ucranianos são extremamente dependentes.

Quanto à população da Criméia, existe uma grande concentração de russos entre o povo, o que corresponde a cerca de 60% dos 2,1 milhões de habitantes. Assim, a busca pelo aumento da influência ideológica pelos dois lados, com a intenção de ampliar o sentimento de nacionalismo dos residentes, fez com que ocorresse uma separação na população que pode ser denominada como os “pró-Rússia” e os “pró-Ucrânia”.

A parte da população “pró-Ucrânia” também é conhecida como “pró-Europa”, pois essa parte é favorável à assinatura de um acordo de estreitamento de relações comerciais com a União Europeia. E assim, se iniciou essa crise, com protestos a favor e contra a assinatura do acordo, na qual os “pró-Rússia” buscam alcançar o mesmo objetivo do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, que seria a assinatura de um acordo com a Rússia para o estreitamento de relações comerciais.

Neste artigo, busca-se apresentar os interesses dos principais “personagens” da crise, e a opinião de outros Estados que tem grande influência no cenário internacional. Além disso, uma análise será feita utilizando conceitos relevantes à geopolítica, e um levantamento sobre qual caminho seguirá esse acontecimento atual. E ainda assim, uma análise crítica sobre as ações russas, levando em conta seu histórico.

2 DESENVOLVIMENTO

A Criméia, em sua história, já passou por outros períodos de conflito em seu território. Um dos exemplos se passou na época da Segunda Guerra Mundial, na qual foi um dos mais sangrentos conflitos. A Criméia foi considerada um caminho estratégico para um confronto na Ucrânia, em 1941, e assim, foi ocupada a maior parte por alemães. Porém, em 1944, a região foi “liberada” pelos soviéticos que se mantiveram governando-a como parte da República Socialista Soviética da Rússia. Em 1954, a região foi dada como um presente à Ucrânia pelo aniversário da unificação entre Rússia e Ucrânia, entretanto, a União Soviética entrou em colapso, a Ucrânia se tornou independente com o território da Criméia anexado a ela.

Em maio de 1992, as terras da Criméia se tornaram autônomas, com concordância de que continuasse como integrante da Ucrânia, porém como uma República autônoma.

Outro conflito que ocorreu, foi a Guerra da Criméia em 1854. Este aconteceu no Mar Negro que se liga à cidade portuária de Sebastopol. As potências que participaram desse conflito foram a Rússia que buscava aumentar sua influência na região do Mar Negro e Mar Mediterrâneo, e um grupo de aliados que eram: o Reino Unido, a França, a Itália (na época denominada Piemonte-Sardenha) e a Turquia (na época o Império Turco-Otomano). Esse grupo de aliados tinham como objetivo impedir as pretensões expansionistas russas.

A Áustria foi a última a participar dessa guerra, tomando os principados ocupados pelos russos, enquanto o Reino Unido e a França guerrearam na região de Sebastopol, onde era situado o centro da frota russa no Mar Negro. Assim, incapaz de ganhar do grupo de aliados, a Rússia é derrotada.  Deste modo, aceita os termos propostos pelo Tratado de Paris em 1856, que eram: devolução do sul de Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio, e proibição de manter bases navais no Mar Negro.

2.1 PRINCIPAIS INTERESSES RUSSOS

        

        Os principais interesses que cada país possui nessa região estão centralizados e se assemelham principalmente na questão do Mar Negro. Ele é um aspecto que é fundamental para o desenvolvimento sobretudo na área econômica.

Para os russos, no território da Criméia está localizada a cidade de Sebastopol, que é considerada sua “Cidade Heroica”, por conta de seu contexto histórico em relação à era soviética, que já foi mencionada. Essa cidade possui uma ligação emocional extremamente forte com esse povo, especialmente pelo fato de já ter sido parte do país e possuir grande parte da população que originalmente são russos. Além disso, a Rússia possui um quartel-general na cidade de Sebastopol, onde se situa a maior parte da frota naval russa. Ainda assim, caso a Ucrânia perdesse a Criméia, seria um golpe muito grande à parte ucraniana, o que se torna um interesse ainda maior para o governo russo.

2.2 PAPEL DA RÚSSIA NA CRISE

Por conta da intensificação das manifestações entre os grupos, o governo russo enviou à Criméia, com a aprovação do seu atual presidente, Vladimir Putin, tropas com a intenção de “normalizar” a situação. Essas tropas tomaram o território da Criméia, além de dominarem bases militares e aeroportos. Sendo assim, a Ucrânia tomou essa iniciativa russa como um desrespeito à soberania, ao entrar em um território dotado de fronteiras, que mesmo autônomo, é ligado à Ucrânia.

Como justificativa, a Rússia afirmou que o ato foi uma forma de proteção aos seus interesses e aos seus cidadãos. Assim, os ucranianos se dividiram entre “pró-Rússia” e “pró-Ucrânia”, e entre eles estavam oficiais do exército. O novo governo que regia a Criméia, ou seja, um governo russo, então deu um ultimato para que os povos leais à Ucrânia se rendessem.

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