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As Razões do Desenvolvimento - João Pedro Villas Boas

Por:   •  17/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.842 Palavras (8 Páginas)  •  373 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

João Pedro Polachini Villas Boas

Número USP:8659865 - Período Vespertino

Sociologia do Desenvolvimento - Professor Álvaro Comin

São Paulo

2015

As Razões do Desenvolvimento - Tópico I

  1. Celso Furtado - Em Busca de uma Ideologia do Desenvolvimento

A obra de Celso Furtado volta-se à análise das causas do desenvolvimentismo, em especial do desenvolvimento latino-americano. De pronto, ressalta o autor que o subdesenvolvimento não pode ser apartado de fatores e de noções históricas que tem como fenômeno base a revolução industrial: estas, pois, implicam na consideração do nascimento de uma economia-mundo (conceito neo-marxista)  e a respectiva posição de determinados países na condição de periféricos da economia global - o que, para o autor,  leva ao subdesenvolvimento, observando-se como se colocam tais atores globais diante da divisão internacional do trabalho.

Não se trata, portanto, o subdesenvolvimento, de uma "fase" num processo desenvolvimentista, na qual todos os países passam diante de determinadas circunstâncias ou certos fatores. Cada experiência, na economia-mundo, é algo singular; por isso, se faz necessário captar o que há de essencial e comum nos  países subdesenvolvidos e contrastar com o desenvolvimento.

O progresso tecnológico europeu fora fundamental para o desenvolvimento industrial da região, o que transformou radicalmente as estruturas sociais, em especial nos fatores estruturais de produção. Devido a essas transformações, notou-se um considerável acúmulo de capital, o que fora fundamental na estabilidade social mediante processos de distribuição de renda (mesmo que restrita) e melhoria de vida na qualidade dos trabalhadores.

O caminho do desenvolvimento latino-americano, porém, teve traços muito distintos dos do desenvolvimento industrial europeu. Convém ressaltar, inicialmente, que a inserção dessa região na economia-mundo derivava do seu oferecimento de recursos naturais e mão de obra abundante para as nações industriais; o desenvolvimento supunha diversificação de tais estruturas.

Um grande impulso para tanto fora a depressão criada pela crise de 1929, que deu ânimo para o chamado "modelo de substituição dinâmica de importações", ou seja, a orientação dos investimentos no sentido de diversificar as estruturas produtivas, a fim de que um bem  internamente produzido satisfaça as aspirações do mercado, que antes o importava.

A industrialização latina ainda tinha o fator tecnológico como algo exógeno e de reduzida flexibilidade, o que impediu uma elevação adequada das respectivas taxas de poupança para futuros investimentos, impossibilitando o acúmulo de capital que fez o desenvolvimento industrial europeu deslanchar; a ausência de penetração técnica não permitiu a redução dos custos relativos dos equipamentos e impediu a absorção estrutural de mão de obra, o que diminui o consumo e, conseqüentemente, a taxa de crescimento industrial.

Nota-se que o desenvolvimento clássico criou condições de estabilidade social, ao passo que o desenvolvimento latino agravou a estratificação social típica desses núcleos sociais. Todo esse conjunto de fatores leva a uma singela conclusão: o desenvolvimento latino tende a estagnação.

  1. Paul Kennedy - Ascensão do Mundo Ocidental

Paul Kennedy também busca entender as razões do desenvolvimento industrial, mas sua análise se volta ao continente europeu. Aponta que, no ano de 1500, a Europa não era a mais próspera área do globo, sendo superada largamente pela Índia e pela China, tanto em termos econômicos quanto em termos demográficos e, especialmente, em termos tecnológicos. Como, então, ascendeu ao desenvolvimento em detrimento das demais civilizações?

Aponta Kennedy         que, ao contrário das características presentes nos Impérios Ming e Otomano - características estas que foram verdadeiros entraves ao comércio e à livre iniciativa, fatores essenciais para o desenvolvimento industrial -, o continente europeu apresentou uma série de qualidades, acidentais ou não, que proporcionaram uma dinâmica fundamental para o desenvolvimento.

Fatores dos mais variados como um poder descentralizado, a posição geográfica européia, boas perspectivas de comércio marítimo e uma revolução nos armamentos levaram a um crescimento descentralizado do comércio, base para uma futura expansão imperialista das nações européias.

 O maior destaque, contudo, é dado às instituições políticas européias que, menos "burocratizadas" e "centralizadas" do que as de outras civilizações, teriam sido verdadeiro impulso à prática capitalista continental ao fomentar atividades de natureza comercial.

Kennedy ainda destaca a chegada dos europeus ao "Novo Mundo" como um fato de destaque, visto que o comércio intercontinental oriundo daquela descoberta fora fato primordial para acelerar uma dinâmica que já se vinha desenvolvendo no continente, em virtude dos fatores que o autor cita. Tudo isso levou ao chamado "milagre europeu".

  1. Rostow - Stages of Economic Growth

Rostow propõe uma classificação para as sociedades de acordo com seus estágios de desenvolvimento, e sua teoria é tradicionalmente posta como uma verdadeira "Teoria da Modernização", em contraste com o desenvolvimentismo que predominou nas análises marxistas do assunto.

No primeiro estágio desenvolvimentista, há as sociedades tradicionais, onde a produção é absolutamente limitada e inexiste tecnologia, no sentido moderno do termo, que possibilite um desenvolvimento em larga escala; baseiam-se, essas sociedades, pela atividade agrícola.

No último e mais desenvolvido lugar da escala, se encontram as sociedades de consumo em massa, as quais se caracterizam por possuir uma população altamente urbanizada, trabalhando em áreas que exigem alto expertise técnico  e que dispõe de, além de um alto grau  de desenvolvimento tecnológico, providências estatais que permitem um estado de bem-estar e de segurança social.

O ponto central da tese é que a transição entre tais estágios pressupõe uma verdadeira "decolagem" rumo ao desenvolvimento, algo que só é possível graças a uma dinâmica na produção nacional, explicada, de forma simplificada, nos seguintes termos: o aumento da taxa de investimento produtivo, o desenvolvimento de um ou mais setores manufaturados e a necessidade de instituições que absorvam as benfeitorias do crescimento econômico são fundamentais para o atingimento da fase derradeira do crescimento econômico.

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