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Descolonização Francesa no Continente Africano e o Caso Argelino

Por:   •  1/7/2017  •  Artigo  •  4.998 Palavras (20 Páginas)  •  1.019 Visualizações

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DESCOLONIZAÇÃO FRANCESA NO CONTINENTE AFICANO E O CASO ARGELINO

Luis Alberto Vargas Gonçalves[1]

Resumo:

        O presente artigo tem como objetivo analisar o processo histórico das colônias francesas com enfoque no caso argelino. Usando abordagem metodológica quanti-qualitativo, fontes bibliográficas, documentação indireta e fontes secundárias traçando uma linha histórica desde como se iniciou o período de colonização no século XIX com a corrida imperial ao processo de descolonização do continente africano após o fim da Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra em meados da década de 1950 houve o ressurgimento de movimentos em prol da independência dos Estados colonizados pelo Império Frances presente na região.

Palavras-chave: África, Descolonização, Francesa, Colônias, Argélia. 

Abstract:

        The objective of this article is to analyze the historical process of the French colonies with a non - Algerian approach. Using quantitative-qualitative methodological approaches, bibliographical sources, indirect documentation and secondary sources tracing a historical line from the beginning of the colonization period in the nineteenth century with an imperial race to the process of decolonization of the African continent after World War II. With the end of the war in the mid-1950s there was a resurgence of movements for the independence of the colonized states by the French Empire present in the region.

Keywords: Africa, Decolonization, French, Colonies, Algeria.

Introdução

O Império francês possuía a segunda maior extensão colonial no território africano, tendo em média 9 milhões de KM², perdendo apenas para as posses britânicas (RIBEIRO, 2007 apud RUSSO, SCHÜTZ 2016). As colônias francesas se mostravam divididas em duas regiões no continente sendo elas a África Ocidental Francesa e África Equatorial Francesa, dentro dessa divisão que o continente africano apresentava, as colônias eram organizadas em blocos que a partir deles eram tomadas decisões administrativas e econômicas, tendo como principal objetivo cuidar da escassez de produtos de grande importância para a metrópole (VISENTINI, 2010).  Tal processo de colonização teve inicio em 1659, onde a França estabeleceu seu primeiro posto de trocas comerciais, mas só no século XIX a primeira colônia foi constituída sendo ela em Dakar (Senegal) em 1895.

A África periférica e seus conterrâneos suportaram contos impostos por os colonizadores ocidentais, mas também as moldaram a sua maneira, as apropriaram e as inseriram no seu sistema sociocultural (HUGON, 2009). As colônias de caráter exploratório sofreram grandes consequências com o decorrer do período, gerando grande impacto na formação da identidade nacional do continente que se mostram presentes até os dias atuais, com dificuldade de desenvolvimento e baixa infraestrutura. O movimento colonizador sofreu grandes turbulências após a II Guerra Mundial, dando inicio a conflitos em busca de independência no continente.

  1. Histórico do império colonial francês na África

O Império Francês detinha várias colônias ao redor do mundo, mas seu principal protetorado se localizava no continente africano.  A colonização no território se deu inicio com a corrida imperialista na qual as grandes potências europeias se deslocavam por meio marítimo em busca de novas terras, com o objetivo de suprir a sua escassez de matérias primas e principalmente pela grande demanda de riquezas naturais, como ouro, diamante, cobre e afins. A partilha da África se deu visando a necessidade e nível de desenvolvimento das potências colonizadoras. O sistema colonial é instaurado na África pelos franceses em 1659 com seu primeiro posto localizado no Senegal, mas suas atividades populacionais só se deram inicio no século XIX firmando seu interesse no continente invadindo a Argélia, Tunísia e o Marrocos que já detinha um poder centralizado, fora obrigado a assinar o Tratado de Fez tornando-se uma colônia francesa (SENA, 2012). Alguns historiadores alegam que esse impulso colonizador francês foi catalisado pela derrota francesa pela Prússia em 1871. Tais conquistas na África seriam uma maneira de compensar psicologicamente a grande francesa frente à Europa bem como fisicamente os territórios perdidos de Alsácia e Lorena (KIWANUKA,1972). O Egito também foi colonizado, mas suas posses nunca ultrapassaram a região hidrográfica do Rio Nilo detendo terras somente nessa área.

 Com todos esses territórios dominados, a França passou a se organizar em duas grandes áreas a África Ocidental Francesa e África Equatorial Francesa ambas regiões unidas geograficamente pelo lado Chade, e a partir dessa separação emergiram novos povos com diferentes atributos econômicos e políticos, pois havia uma reintegração dos povos de forma que rompia o sistema sociocultural daquele local. Dentro dessa separação as colônias se organizavam em blocos, que a partir deles eram tomadas decisões administrativas e econômicas, tendo como principal objetivo cuidar da escassez de produtos de grande importância para a metrópole (VISENTINI, 2010). Segundo Phelippe Hugon “Quatro traços gerais caracterizam o sistema colonial: O estabelecimento de uma administração sob a forma indirect rule ou de administração direta; a dominação do capital mercantil que se valoriza à custa de capital produtivo; o estabelecimento de um pacto colonial entre a metrópole e suas colônias.”(HUGON, 2009).

Antes mesmo do processo de colonização a África já detinha uma vasta quantidade de etnias e povos com diferentes culturas, tal sistema que foi quebrado pelos europeus com a partilha da África onde determinaram onde seriam suas colônias, unindo povos de diferentes raças desencadeando uma serie de conflitos e o surgimento de novas etnias. Devido à falta de mulheres brancas no local os colonizadores passaram a se deitar com as mulheres negras, dava-se inicio a uma nova etnia no continente (ABDALLAH, NISHIO, GONÇALVES, 2017).

A França detinha um grande poder de posses no ocidente e no centro do continente africano, os cidadãos franceses que se dispuseram a ir morar nas colônias apropriaram-se das melhores regiões, retiraram muitos nativos do local e passaram a dirigir as áreas comerciais e econômicas, fascinados pelas riquezas naturais presentes nos locais impuseram o trabalho escravo na região. Era de extrema importância para a França manter as províncias elitizadas, implantando nesse sistema sociocultural o francês e a religião.  Na construção do Império Colonial Francês, a França utilizou da política de assimilação, na qual consistia no ensino da língua e cultura francesa aos autóctones[2]. Tal feitio gerou um grande descontentamento dos colonizados, em 1881 foi criado o Código Indigenato, tal tratado foi instituído nas colônias em 1884 gerando um sistema desigual político e social e que impedia a liberdade política e civil, como por exemplo, o direito de trabalho. No início do século XX as áreas que hoje representam Benin, Mali, Senegal, Costa do Marfim, Burquina Faso, Níger e Guiné já estavam sob o domínio francês, e com a vitória sobre a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, Camarões e Togo, que antes pertenciam à Alemanha, se tornaram possessões francesas (SENA, 2012).

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