Doutrina de Choque e complexo industrial militar

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas

Defesa e Gestão Estratégica Internacional

Doutrina de choque e complexo industrial militar

Iluane de Oliveira dos Santos

Ensaio apresentado como requisito parcial para avaliação da disciplina Introdução ao Estudo da Defesa.

Rio de Janeiro

2014

Este ensaio foi baseado principalmente com o diálogo entre os documentários: A Doutrina do Choque e Why we fight. Exibidos em aula e também relacionado os conceitos aprendidos em aula, de Segurança, Paz negativa, Paz positiva, Discurso do medo, Doutrina de choque, Autoritarismo, Corporações Acadêmicas, os Think Tanks e complexo militar.

Milton Friedsman foi o criador da Doutrina de Choque, que na época foi como uma resposta à política do New Deal e do Estado de bem estar social do período pós-crise de 1929. E consistia em uma filosofia de poder que pregava a corrente do capitalismo puro, onde a democracia e livro mercado caminham juntos, o Estado como apenas um agente que delimite e proteja suas fronteiras e assine contratos, ou seja, o Estado mínimo, e sua propagação pelo mundo, em sua forma mais radical. Trabalhou como conselheiro de vários governos e suas politicas econômicas foram adotadas por presidentes como: Pinochet no Chile, Ronald Reagan e Richard Nixon nos Estados Unidos e a Primeira Ministra Britânica Margaret Thatcher.  

Sua doutrina foi usada como teste nos anos 50/60 no Chile como objetivo de tentar impedir que Salvador Allende assumisse o governo Chileno e depois para derruba-lo, por conta de suas práticas desenvolvimentistas e a intervenção estatal, que estavam desagradando às empresas norte-americanas no país. O governo norte americano apropriando-se, das políticas econômicas de Friedman colocou em prática embargos econômicos contra o governo de Allende, incentivando greves e os movimentos de oposição, fazendo o comercio parar e gerando um enorme desgaste e incerteza no governo de Allende. Com isso foi iniciado um movimento dos setores de oposição para a derrubada de Allende do poder, liderado por Pinochet, gerando conflitos que terminaram em massacre, com a morte de Allende e perseguição de seus aliados.  Pinochet assume e implementa um governo autoritário e neoliberal nos moldes de Friedman e  atendendo aos interesses dos Estados Unidos.

Dessa experiência de fato a doutrina passa a ter esse nome, por conta de suas consequências como foi mostrado no documentário por Naomi Klein, pois quem não seguisse o modelo de livre mercado + estado mínimo receberia choques econômicos, causando inflação generalizada, estagnação do comercio e causando histeria e terror na população, fazendo com que se crie uma imagem quase demonizada dos governos com praticas socialistas e com intervenção Estatal, que no contexto dessa época de guerra fria era que o comunismo se expandisse na América Latina e em outros países, para que se derrubasse o governo e em seguida eram implantados governos ditatoriais totalmente alinhados com Estados Unidos, com politicas econômicas neoliberais como começou no Chile, e parecido no Brasil e em outros governos latino americanos. Usa-se a discurso do medo com a “ameaça” do diferente, no contexto no caso e da época é a ameaça comunista/socialista e de tudo que ele representa, seja visto como uma ameaça à democracia, a sociedade e seus valores, etc. cria-se uma histeria coletiva na população e que na maioria dos casos, foi-se instaurado um regime autoritário onde as pessoas abrem mão de suas liberdades para que a ameaça seja contida.

Segundo Naomi Klein, o livre mercado foi concebido com os choques, foi imposto com violência e com a desgraça de outros, o que ele chama de ‘capitalismo do desastre’ e afirma que é extremamente lucrativo para as corporações.

O capitalismo tem crises de ciclos em ciclos, e baseado nessa filosofia as crises podem ser lucrativos, no caso da Inglaterra que no governo de Margareth Tatcher enfrentava um período de resseção e com a Guerra das Malvinas, conseguiu a vitória e um pretexto para aplicar as mesmas medidas econômicas aplicadas no Chile, onde quem lucrou principalmente foram os executivos, as grandes corporações em relações aos trabalhadores. Medidas também adotadas pelo presidente americano Ronald Reagen, que durante seu mandado estabeleceu prática neoliberais, e a doutrina de choque e oque também foi chamado de doutrina Reagan pelo globo, que tem três estágios, o choque econômico onde são feitos sansões aos governos alvo infligindo crise econômica, choque de guerra (choque ideológico) com intervenções e derrubada de governos pró-socialismo, e choque de coerção.

No governo de Reagan e antes dele percebe-se o típico discurso americano em que eles são a nação que levará os valores democráticos e liberais ao Mundo, um povo predestinado a dominar o mundo, a disseminação do discurso do medo no contexto da Guerra Fria, nesse período os Estados Unidos executou diversas intervenções militares no globo e onde também possuí inúmeras bases espalhadas e o aumento excessivo em gastos militares, garantindo sua segurança, e a sensação de invulnerabilidade e liberdade para realizar seus interesses políticos e econômicos. Sempre com a necessidade de um novo inimigo, usando os valores de justiça, levar a ‘democracia’ aos povos, como forma de convencer a sociedade americana a apoiar os conflitos e intervenções como foi na guerra do Iraque e Afeganistão, a guerra ao terrorismo transformando os assuntos de segurança nacional numa grande indústria, com os incentivos a instabilidades dos países do Oriente Médio onde é um ponto de grande interesse, com todo esse discurso de segurança nacional, guerra ao terror, ao tráfico de drogas, a sociedade americana está cada vez mais militarizada.

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