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Foucault e as Relações de Poder

Por:   •  30/6/2016  •  Resenha  •  782 Palavras (4 Páginas)  •  826 Visualizações

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Fichamento Foucault – Poder e Saber

  • Foucault nega o título de “estruturalista” que lhe é conferido, pois afirma que ele não busca criar um método para categorizar objetos diferentes.
  • Ao fazer um comentário sobre sua obra “A História da Loucura”, ele diz pensar que seu objetivo era analisar os conhecimentos, tanto da loucura, como a doença, a medicina, etc. No entanto, ele diz perceber mais a frente que seu verdadeiro objetivo era entender a questão do PODER.
  • No que se refere ao século XIX, Foucault menciona a miséria, a exploração de capital e o lucro gerado com a exploração de quem gerava a riqueza como o grande problema da época, para o qual economistas e estudiosos tentavam encontrar uma solução, o marxismo sendo a mais famosa. Para ele o problema dos países industrialmente desenvolvidos (Europa Ocidental e Japão) era primordialmente o excesso de poder e não a miséria em si. Já no século XX, ele destaca o fascismo e stalinismo como grandes problemas, e destaca que embora ambos os regimes propagassem ideologias diferentes (capitalista e “socialista”), o excesso de poder do Estado, da burocracia e dos indivíduos para com os outros gerava algo tão revoltante como a questão do século anterior. Inclusive, ele chega a comparar os campos de concentração do séc XX com as vilas operárias e a mortalidade operária do séx XIX.
  • A solução proposta pelo século XIX era a reforma econômica, ou seja, o restante dos problemas da sociedade se resolveria assim que a economia se resolvesse, mas o século XX nos mostra que mesmo com os problemas econômicos resolvidos, nada consegue combater os excessos de poder.
  • Alegava-se que até 1955, as dificuldades capitalistas que surgiram a partir de 1929 fortaleceram a consolidação do fascismo e até mesmo do stalinismo entre 1920 e 1940. Entretanto, após o desaparecimento do fascismo institucional e o fim do stalinismo com a morte de seu líder, os problemas persistiram (revolta dos húngaros em Budapeste com intervenção russa, mesmo que esta não devesse ser coagida pelas questões econômicas e a guerra França x Argélia). Isso aconteceu porque as questões de poder persistiam e não havia mecanismos conceituais para analisá-lo, a partir, então, deste momento, Foucault acredita que as pessoas de sua geração começaram a pensar no fenômeno do poder.
  • Em relação às suas obras, ele explica que todas no fundo se baseiam e relacionam com o poder. Ex.: “A história da loucura” não se trata de expor conhecimento sobre esse fenômeno, mas sim relacionar a loucura aos mecanismos de poder que eram impostos sobre ela. O mesmo acontece nas outras obras, como “As palavras e as coisas”, no qual ele expõe o mecanismo de poder dentro dos discursos científicos (as regras que devem ser obedecidas, as coações a que somos submetidos com os efeitos do poder de um discurso). São histórias dos mecanismos de poder e como eles se engrenaram. Ele nega possuir uma concepção geral e global do poder.
  • A análise marxista não era cabível para justificar os fenômenos que Foucault descreve em sua obra, uma vez que loucos e sensatos não constituem classes diferentes para ele. Todavia, ele reconhece uma relação entre classes diferentes do padrão marxista, como por exemplo as diferenças entre internações em hospitais e os tratamentos em clínicas.
  • A sociedade produz verdade. Esta, por sua vez, não pode ser dissociada das relações verdade/poder, poder/saber, pois o poder induz a produção de verdade e a produção de verdade tem efeitos de poder que nos unem. “Verdade: conjunto de procedimentos que permitem a cada instante e a cada um pronunciar enunciados que serão considerados verdadeiros. Não há absolutamente instância suprema”. A verdade é exata nas ciências exatas, mas flutuante nos estudos empíricos.
  • O conceito de “poder” sempre foi muito relacionado ao poder Estatal, jurídico e militar, mas Foucault destaca que poder não é uma instituição ou estrutura, essa relação existe entre homens e mulheres; os que sabem e os que não sabem; adultos e crianças, etc. São inúmeras relações de poder na sociedade, causando sempre enfrentamentos, “microlutas”. Considerando que essas relações são constantemente influenciadas pelo poder do Estado ou da dominação de uma classe, é necessário, portanto, para que haja a efetivação do poder da classe dominante e/ou do Estado, que hajam pequenas relações de poder na base da sociedade. É uma relação complementar.
  • As relações de poder se utilizam de estratégias e métodos diferentes para se garantirem. As ameaças, a guerra, são situações extremas de poder, ou seja, o poder não se resume a isto. “Não há relações de poder que sejam completamente triunfantes e cuja dominação seja incontornável”. A resistência ao poder é o que faz com que o detentor desse poder se imponha com mais força.

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