Multiplicidade

Obscenidade:

Outro indicio nos oferece a obscenidade do desenho, ou na região do corpo em que a tatuagem vem sendo praticada, como os poucos que mostraram desenhos obscenos, ou traçados em partes impudicas, eram frequentes entre antigos desertores encontrados nos cárceres. Em 142 delinquentes, examinados pelo autor, cinco tinham tatuagens nos pênis. Tres traziam ao longo do pênis a figura de mulher; um tinha desenhado na glande o rosto de mulher; um tinha a inicial de sua amante, outro um maço de flores. Esses fatos revelam não só a impudicícia, mas a estranha insensibilidade deles, por ser esta uma das regiões mais sensíveis a dor. Lacassagne em 1.333 tatuagens de criminosos, encontrou onze no pênis, 280 emblemas amorosos, ou melhor lúbricos: busto de mulher, mulher nua, figuras que relembra coito em pé; mais uma serie de cenas eróticas impossíveis de serem descritas. No ventre preferem sempre inscrições desse tipo: “torneira do amor”, “prazer das mulheres”, “venham, senhoritas, á torneira do amor”, “ela pensa em mim”.

Multiplicidade:

Outro característico dos delinquentes, que tem em comum com os selvagens e os marinheiros é o de imprimir desenhos não só nos braços e no peito, mas em todas as partes do corpo, foi observado sinais nos braços, no tronco, no abdome, nas mãos, nos dedos, no pênis e na coxa.

Outro, que tinha passado muitos anos em prisão, não tinha, fora as faces e as costas, uma só superfície larga que não estivesse tatuada. Na testa estava escrito “mártir da liberdade” e, em cima, uma serpente de onze centímetros e sob o nariz uma cruz que tinha tentado camuflar com tinta. Tardieu observou um ladrão tatuado totalmente com uniforme de almirante.

O lugar da tatuagem, e sobretudo o número, são de grande importância antropológica, porque provam a vaidade instintiva que é característica no criminoso. Um ladrão veneziano tinha no braço direito uma águia de duas cabeças, ao lado o nome da mãe e o da amante Luigia, com esta epígrafe “ Luigia, cara amante, meu único conforto”!

Toda essa multiplicidade é nova prova da pouca sensibilidade à dor, que os delinquentes têm em comum com os selvagens.