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O Primado Da Política

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Por:   •  3/4/2013  •  840 Palavras (4 Páginas)  •  448 Visualizações

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Reflexão de Rousseau: o conflito entre humanidade e cidadania no homem se dá concretamente numa sociedade que é marcada pela desigualdade, pela miséria de muitos. Tal desigualdade é da exclusiva responsabilidade dos homens. Sendo assim, são os homens – e só eles – que a podem e devem eliminar, politicamente. Se a causa do mal é a política, a solução também o é. A solução não virá de Deus ou deuses, nem da natureza, mas dos homens. Jean-Jacques estabelece o fim do predomínio da teodicéia e o início do primado da política, pela construção duma "vontade geral".

O mal nasce nos povos enquanto povos, nas relações entre os indivíduos. Desta forma, a superação do mal se dá só politicamente, no empenho por uma mudança na sociedade. É nesta perspectiva que a política funda a moral; mudando a sociedade, por ser restabelecida a unidade ou coerência entre política e moral.

Encontrar a espécie de comunidade que possa proteger o indivíduo na sociedade: uma sociedade em que "cada um dando-se todos não se dá a ninguém, e, não existindo um associado sobre o qual não se adquira o mesmo direito que se lhe cede sobre si mesmo, se ganha o equivalente de tudo que se perder e maior força para conservar o que se tem". É, pois, numa sociedade desejada que se poderá conciliar a ética e política.

O centro de atenção da reflexão política de Rousseau passa da busca da origem das desigualdades sociais para a construção de uma "vontade geral", que deve ser costurada e construída no contexto concreto da sociedade que se tem diante de si, e não com a fuga diante da dramaticidade social real. Rousseau reluta em assinar qualquer pacto de mediocridade com a trágicomicidade do status quo, suportando até perder amigos a ser chamado por seus contemporâneos de "charlatão", "cínico", "sofista", "monstro da excentricidade e de exibicionismo insincero"... Rousseau insiste: a sociedade burguesa em questão é edifícios cujas bases são postas sobre areia movediça. A liberdade anunciada não pode conviver com a desigualdade e com a injustiça. Não pode ser aquela liberal, uma liberdade apesar e contra os outros, mas deve ser igualitária, na sociedade e com os outros. Neste sentido, ele censura quem situa na concorrência e no conflito a raiz do crescimento da liberdade e da humanidade. Desta forma, ela antecipa e critica à ideia moderna do progresso contínuo e inevitável, numa visão otimista da história.

Rousseau insiste: que pelo menos os modernos admitam que a grandeza está sendo construída com a miséria e que não se queira tornar esta contradição uma lei natural da história humana. Não é aceitável que o vício seja dever, que haja necessidade da maldade para ser sábio, de engano mútuo incessante para ser alguém, que tudo seja feito em busca da apropriação dos meios de produção de bens e de felicidade. É neste contexto – que nos soa tão atual e familiar em seu realismo – que Rousseau saúda o selvagem, como categoria de interpretação do burguês: "é bem possível que uma selvagem faça uma má ação, mas não é possível que adquira o hábito de agir mal... Creio poder-se fazer uma avaliação bastante exata dos costumes dos homens baseando-se no grande número de negócios que têm entre si – quanto mais comerciam juntos, tanto mais admiram seus talentos e indústrias,

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