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OS 20 ANOS DE CRISE: UMA GRANDE DESCONSTRUÇÃO DO CENÁRIO INTERNACIONAL PÓS-GUERRA E SUA REFLEXÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Por:   •  15/6/2019  •  Resenha  •  3.916 Palavras (16 Páginas)  •  268 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ANA CLARA FURTADO DE ALBUQUERQUE

20 ANOS DE CRISE: UMA GRANDE DESCONSTRUÇÃO DO CENÁRIO INTERNACIONAL PÓS-GUERRA E SUA REFLEXÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Rio de Janeiro/RJ

2019

ANA CLARA FURTADO DE ALBUQUERQUE

20 ANOS DE CRISE: UMA GRANDE DESCONSTRUÇÃO DO CENÁRIO INTERNACIONAL PÓS-GUERRA E SUA REFLEXÃO NO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO

Resenha apresentada ao professor Leonardo Valente, disciplina Introdução ao Estudo das Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Rio de Janeiro/RJ

2019

CARR, Edward Hallett; 20 anos de Crise. Universidade de Brasília, 2002.

Palavras-chave: Relações Internacionais; Primeira Guerra Mundial; Conflitos Internacionais.

          E.H.Carr, escritor do que nos dias de hoje seria chamado de “gênesis” do estudo das Relações Internacionais, nasceu em 1892 e estudou na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, cursando Estudos Clássicos. Alistou-se nas forças armadas inglesas e lá teve contato com o Ministério das Relações Exteriores, o que despertou seu interesse pela área diplomática e aflorou sua necessidade de se posicionar no período entre guerras. Edward Carr também foi professor da primeira cátedra construída com o objetivo de estudo das Relações Internacionais e apesar de ter publicado muitas obras após 20 anos de crise, seu reconhecimento sempre esteve relacionado a ela.

         20 anos de Crise é uma obra escrita com objetivos claros de se apoiar na política internacional e filosofia política com fim de embasar o pensamento realista do autor, e nele pode-se perceber a vontade implícita de avisar sobre uma possível segunda grande guerra que estaria por vir, e que ela seria causada pelos erros da teoria laissez faire e a determinada “paz perpétua” entre os Estados através da “harmonia de interesses”.

        A teoria realista determina que não há necessidade de existir u paz e harmonia entre estados, já que um nunca abriria mão de seus interesses econômicos e políticos em prol de uma segurança coletiva, sendo assim, o estado de conflito entre Estados é constante e não há como evitá-la. É nesse pensamento que Edward Carr baseia toda a sua obra, onde ele reflete um cenário mundial após a Primeira Grande Guerra e a tensão que duraria e eclodiria na Segunda Grande Guerra, sendo tarde demais para remediar e talvez prevenir o acontecimento, tendo sua publicação em 1939. Além disso, 20 anos de Crise é uma leitura extremamente interessante e marcante por ser tida como datada e agrega importantes conceitos e entendimentos não apenas para os interessados e estudiosos da área de conflitos internacionais, como também para a economia. Além disso, a linguagem usada pelo autor durante a obra é de fácil entendimento e utiliza de exemplos de acontecimentos históricos no seu desenvolvimento.

         No primeiro capítulo, E.H.Carr aborda como ocorreu o surgimento das Ciências Políticas, enfatizando o “muro” imaginário que separava o estudo das relações internacionais e como se dava o interesse popular neste ramo, o que não é novidade, diplomatas e pessoas realmente poderosas e que tinham contato com a área eram os únicos que tinham acesso ao estudo e compreensão delas, pois não havia um interesse por parte dos mesmos que a população tivesse alguma participação. Porém, a ciência da política internacional obteve resposta a demanda popular. Assim pode-se questionar como as elites sempre tiveram posse de assuntos como política. Até hoje podemos ver o reflexo disso e como essa vontade de ter a população quase que burra quando se trata de entender e fazer parte da política.

      A multidisciplinaridade do estudo das relações internacionais é totalmente fascinante e o fato de quem a estuda transitar por áreas do direito, economia e história é um dos pontos altos da obra, que mesmo sendo abordada bem no começo é de se chamar a atenção. A Ciência Política não pode ser tida como igual ou tentar construir a mesma fórmula das outras Ciências Objetivas, pois ela está em constante reflexão e questionamento, assim, E.H.Carr compara com Ciências da Medicina. Quando uma parte do corpo fica doente, há sua cura e ali define-se, já a Ciência Política trabalha com o comportamento humano, que não pode ser enquadrada ou lida como uma receita de bolo, ela deve ser entendida de forma lenta, cria-se teorias, refutações, porém, para uma época entre guerras, tudo o que se quer é a cura da doença, o objetivo, e não uma análise.

        É frustrante entender como o pensamento dos que trabalhavam na área da ciência política funcionava, o objetivo de conseguir os resultados eram postos em primeiro lugar, eles buscavam a forma mais fácil e simples (muitas vezes não tinham sucesso) de se resolver conflitos internacionais como se países não fossem levar sua vontade de ascensão e poder antes de qualquer coisa, não se levava em consideração praticar uma análise dos fatos de forma além do óbvio.

         Assim, o autor conclui a primeira parte da obra e deixa a grande reflexão para o leitor: Desde o surgimento das Ciências Políticas, ela sempre foi comparada e feita para ser espelhada pelas ciências exatas. Foi um começo difícil, porém é claro em fazer entender que a busca pelos objetivos chegará em uma fase estéril, a análise, pesquisa e reflexão sempre será o ponto essencial que irá marcar essa ciência.

       No segundo capítulo, E.H.Carr tem um longo debate muito interessante sobre as distinções de utopia e realidade, ou utopia e realismo. É claro o favoritismo e apoio do mesmo com o pensamento realista, que realmente parece conter maior coerência. Em suas palavras, pode-se adaptar também para situações de cooperação x conflito, natureza boa x natureza má, moral x raciocínio lógico, que pode se ter lembranças de quando foi abordado também em obras como O Príncipe de Nicolau Maquiavel. Carr tem toda a razão ao relembrar que a teoria não faz a prática, e sim a prática faz a teoria, podemos citar a existência de tratados que não foram cumpridos, assim esse raciocínio se torna ainda mais evidente e racional.

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