POLÍTICA ARISTOTLE
Relatório de pesquisa: POLÍTICA ARISTOTLE. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Luluzinha111920 • 15/9/2014 • Relatório de pesquisa • 6.380 Palavras (26 Páginas) • 198 Visualizações
A POLÍTICA
ARISTÓTELES
Prefácio
Só penetramos bem as obras próximas de nós mesmos ou de nosso
tempo, pelo menos por algum aspecto.
Igualmente, só se amam os escritos cujo autor nos atrai por seu caráter e
por seu exemplo. Ora, Aristóteles, com a extrema dignidade de vida, a nobreza
de pensamento, o gosto por um justo equilíbrio, é para nós, por toda a sua
personalidade, um reconforto.
Com efeito, foi possível classificá-lo não apenas entre os "grandes
espíritos", mas também entre os "grandes corações". Na coleção de biografias
- quase de hagiografias - que levava este título, M. D. Roland-Gosselin chega a
esta conclusão um tanto inesperada: "Decididamente, não é demais dizer que
Aristóteles foi um excelente marido, um pai afetuoso e devotado, um bom
homem." Ela ilumina com uma luz bastante simpática a fisionomia do Estagirita,
cuja vida, na medida em que a conhecemos exatamente, revela poucos
acontecimentos e, afora a educação de Alexandre, é carente dos grandes
cargos que não raro acompanham os grandes livros consagrados ao Estado e
a seu governo.
Aristóteles não é nada mais do que um "intelectual", no melhor sentido da
palavra, um "letrado" que às vezes age não sem prudência, mas nunca sem
coragem ou sem retidão. Romperá com seu real discípulo depois do assassínio
de Calístenes; para retirá-la do cativeiro, desposará Pítia, sobrinha e filha
adotiva de seu amigo crucificado, Hérmias de Atárnea; com palavras tocantes,
cercará de zelos póstumos sua segunda esposa, Hérpilis, "que lhe foi muito
devotada".
Assim, por si mesmo, o homem deu testemunho do alto ideal de que está
impregnada toda a sua obra. Colocou-se naquela disposição de espírito que Paul Bureau diz ser a condição primeira de todo estudo sociológico, exigindo
daqueles que se entregaram a ele o acordo da seriedade de suas vidas com a
gravidade de suas pesquisas.
Estas qualidades morais, no entanto, não teriam por si sós feito do autor da
Política senão um estimável pedagogo e não o gênio excepcional que "entreviu
de relance os problemas fundamentais da sociologia jurídica: a
microssociologia do direito, a sociologia jurídica diferencial e a sociologia
jurídica genética"; que, mais diretamente, fundou o direito constitucional com
seus diferentes ramos, histórico, nacional, geral e comparativo; que criou a
ciência política no sentido de que, estabelecendo a dinâmica e medindo o
rendimento das instituições, ela ultrapasse o direito. Um duplo concurso de
circunstâncias era necessário para o surgimento e o florescimento dessa
prodigiosa personalidade e para, dentro do "milagre grego", realizar o milagre
aristotélico.
Em primeiro lugar, era preciso que Aristóteles fosse, senão médico - ele
sempre se proibiu de ser um profissional , pelo menos biólogo, para que, dado
desde a infância às ciências da natureza, tivesse adquirido o método original
com o qual criaria as ciências do homem em sociedade.
Como Wilhelm Oncken faz lembrar, Aristóteles era filho de um Asclepíada
chamado Nicômaco, que vivia na corte de Macedônia como amigo e médico
pessoal do rei Amimas II. Nicômaco era considerado um dos homens mais
doutos e mais cultos de sua profissão. Segundo Dió Laércio, teria escrito seis
volumes de medicina e um de física, isto é, provavelmente, de ciências naturais,
no sentido amplo da palavra. Tal ascendência foi de decisiva importância para
Aristóteles, pois a ciência médica na época se transmitia de pai para filho,
numa iniciação confidencial que começava na mais tenra infância. Assim, sua
instrução já se mostrava acabada quando Nicômaco o deixou órfão, entre
dezesseis e dezessete anos. Já estava de posse de suas concepções mestras
quando veio a Atenas para seguir os ensinamentos do divino Platão. Estava
pronto para revolucionar o pensamento de seu tempo e para prefigurar a atitude
científica de que se orgulha a sociologia contemporânea. Ele levava à pesquisa
esta abnegação que é própria do verdadeiro cientista que não chega à
conclusão senão através de um longo exame analítico, esta paciência que
escapa às tentações dos resumos brilhantes e das conclusões a priori. O Estagirita sempre prevenirá seus discípulos contra a facilidade e a presunção e,
se algumas vezes lhe acontecer, na aplicação de suas próprias regras, de
também pecar, sempre saberá voltar aos princípios essenciais do ensino
paterno. A pergunta do aluno Alexandre, que o interrogará sobre os seus
mestres,
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