Pensamento Politico Chines
Por: natnatnathie • 28/4/2017 • Trabalho acadêmico • 4.036 Palavras (17 Páginas) • 309 Visualizações
Universidade do Estado do Rio de Janeiro[pic 1]
Gisele Teixeira
Nathália Ferreira
Thâmara Ferreira
Pensamento Político III
Rio de Janeiro
2016.1
Questão 1: A importância da filosofia Confucionista na estrutura do funcionamento da sociedade chinesa tradicional.
Confúcio foi um filósofo que nasceu em 551 a.C. e faleceu no ano de 479 a.C. Em um determinado momento de sua vida, Confúcio começa a se dedicar ao ensino, se afastando, assim, da vida política. Com isso, até os dias atuais a figura do filósofo está relacionada ao ensino. A sua grande importância está na influência que exerceu sobre a identidade chinesa, conforme pode ser notado no fragmento abaixo:
Confúcio[...] definiu como nenhum outro a perene identidade chinesa. Suas idéias moldariam para sempre a estrutura do Império, a organização familiar e as instituições políticas e sociais do país. Em meio à desagregação política do Período da Primavera e do Outono, Confúcio mostrou enorme preocupação com a restauração da ordem social, a estabilidade e a definição de um código moral de conduta. (TREVISAN, 2009, p. 154)
Durante o período em que viveu, Confúcio não conseguiu causar grande impacto com as suas idéias. O Estado chinês se estruturou em 221 a.C. o que significou o fim de uma era: a chamada Era dos Reinos Combatentes. Nesse sentido, presenciou-se o nascimento de um poder único, que impunha regras válidas em todo o território. Qin Shi Huangdi foi o governante responsável pela estruturação e unificação do Estado chinês. Porém, logo que chegou ao poder, Qin Shi Huangdi declarou como ilegal o confucionismo. A escola confuciana ganha força somente por volta de 206 a.C. durante a dinastia Han.
Um fato importante sobre a sociedade chinesa tradicional é que esta se opõe ao individualismo ocidental. Nesse sentido, a importância está na base familiar: o indivíduo só significa algo, em termos de sociedade, dentro da família, ou seja, fora dela o indivíduo não significa absolutamente nada. Nesse ponto, deve-se ressaltar o confucionismo, pois foi este que reforçou a importância da base familiar na vida dos chineses. Sendo assim, a relevância da instituição familiar, reforçada por Confúcio, desempenhou um papel essencial no que se refere à coesão social, causando um grande impacto no funcionamento da sociedade chinesa.
O confucionismo é uma filosofia materialista que promove ensinamentos éticos. Essa filosofia professa uma ética política, moral e social. Esses ensinamentos têm como objetivo gerar o equilíbrio, que pode ser alcançado através da:
[...]concepção de que cada um tem um lugar definido na sociedade e deve desempenhar seu papel de maneira apropriada. As noções da harmonia e de hierarquia estão relacionadas; o universo estará equilibrado se cada um atuar da maneira que lhe corresponde. Na visão de Confúcio, os homens devem cultivar a virtude e seguir uma série de princípios morais, entre os quais benevolência, lealdade, coragem, sinceridade, boa-fé e respeito filial. (TREVISAN, 2009, p. 156)
A filosofia confucionista pode ser compreendida por meio de cinco relações importantes, sendo todas relações de obediência. São elas: relação entre governante e governado; pai e filho; marido e mulher; primogênito e irmão menos; amigo e amigo. Sendo assim, "O confucionismo aprofundou o forte aspecto formalista da China imperial, com rituais e gestos que filhos, súditos e subalternos deveriam realizar diante de seus pais ou superiores [...]" (TREVISAN, 2009, p. 158). Nesse sentido, Confúcio, ao falar sobre lealdade ao superior e respeito filial, reforçava a hierarquia social e familiar.
A hierarquia familiar é bem visível na seguinte passagem:
As relações no interior do núcleo familiar são bem definidas e há uma rede de direitos e deveres entre seus integrantes. Cada um deve ser chamado por um título determinado, de acordo com a posição que ocupa em relação a quem lhe dirige a palavra. (TREVISAN, 2009, p. 160)
No que se refere às relações formais, o imperador se encontrava no topo. Esse era Filho do Céu e, com isso, seu poder provinha deste. Um fator importante a ser destacado está no significado de Céu, pois esse está relacionado à natureza e, portanto, se difere do Céu cristão. Qualquer um que tinha capacidade de liderar poderia receber o mandato do Céu. O imperador tinha como obrigação manter o equilíbrio e garantir a harmonia do reino por meio da execução de rituais, pois "para Confúcio, a obediência aos rituais era o mecanismo mais eficaz de controle social, superior à imposição de leis e castigos[...]" (TREVISAN, 2009, p. 159). Nesse sentido, o imperador deveria agir baseado nos princípios morais que eram exigidos de sua posição.
Como mencionado anteriormente, o confucionismo ganha força somente por volta de 206 a.C. durante a dinastia Han, se transformando na ideologia oficial do Império Chinês. A filosofia de Confúcio se manteve como ideologia oficial até início do século XX, quando o Império Chinês chegou ao fim. Porém, mesmo em momentos nos quais o poder central era enfraquecido:
[...] a filosofia foi o principal guia da organização social, familiar e política da China. Ao longo dos séculos, garantiu a continuidade da civilização chinesa e sua sobrevivência em períodos de turbulência e comoção social [...] (TREVISAN, 2009, p. 161)
Porém, um dos impactos negativos atribuído ao confucionismo está no declínio chinês a partir do século XVIII. Até esse momento, a China se encontrava na posição do país mais rico do mundo. Porém, ao não embarcar na área tecnológica promovida pela Revolução Industrial, a China permitiu que a Europa passasse a sua frente. Assim a China deixou de ser o país mais rico do mundo. De acordo com Weber, uma boa explicação para o fato da China não ter acompanhado ou precedido a Europa no que se refere a Revolução Industrial está justamente no confucionismo, porque essa filosofia prega uma ética comunitária e não individualista, sendo esse último um elemento importante para o capitalismo.
Além de reforçar a importância da família e promover ensinamentos éticos, o confucionismo também contribuiu para o enfraquecimento da aristocracia hereditária. Confúcio defendia que os ministros e funcionários deveriam ser selecionados por meio da meritocracia e não por conta da classe social. Para isso, deveria haver um concurso público no qual todos poderiam realizar os exames. Esses exames de seleção tinham como matéria o confucionismo. Assim, o candidato deveria pensar de acordo com a ética confucionista. Desse modo, a classe social não influenciaria na seleção dos burocratas, o que enfraqueceu a aristocracia hereditária e contribuiu para o surgimento de uma nova fonte de poder por meio de exames imperiais: os chamados mandarins. Aqueles que eram aprovados no concurso seriam os burocratas celestiais que deveriam aconselhar o soberano. No entanto, esses exames "[...]passaram a ser adotados de maneira pouco institucionalizada a partir da dinastia Han (206 a.C. - 220 a.C.) e ganharam contornos formais entre os séculos VI e VII, na dinastia Sui (581 d.C. - 618 d.C.)[..]" (TREVISAN, 2009, p. 161)
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