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Projeto Politico Pedagogico

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Por:   •  17/6/2014  •  1.449 Palavras (6 Páginas)  •  282 Visualizações

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Livro: “Gestão Democrática da Escola Pública”, de Vitor Henrique Paro.

Texto: Gestão da Escola Pública: a Participação da Comunidade

1. Estado, serviços essenciais e educação.

A situação precária da educação e dos serviços essenciais,fornecidos pelo Estado, demonstra o descaso do mesmo e a falta de interesse em beneficiar a população, em especial a camada trabalhadora.

2. Participação da comunidade e democratização do saber.

O descaso do Estado em relação à educação põe em dúvida a vontade do mesmo em dotar a população de um mínimo de escolaridade. Falta vontade política e verbas (que sobram para outros interesses) para concretizar projetos que beneficiariam a população. Daí a necessidade de a comunidade participar mais efetivamente da gestão da escola, ganhando autonomia para participar mais ativamente das decisões importantes para a escola ( o trabalho de aproximação e convencimento é da escola). .A autonomia deve ser conquistada por todos os componentes da Comunidade Educativa ( trabalhadores da educação e famílias) juntos.

3. Pesquisa de campo: comunidade específica e generalização.

Para examinar os problemas e perspectivas que se apresentam à participação da comunidade na gestão da escola pública fundamental, uma escola da zona oeste foi analisada para proporcionar inferências e conclusões que podem ser correlacionados ao sistema como um todo. Por meio de entrevistas com grupos e pessoas da escola e da comunidade, observações no cotidiano e nas relações entre os sujeitos da escola, coleta de informações na secretaria da escola, bem como de uma análise socioeconômica e política, foi possível diagnosticar muitos problemas a serem considerados para uma possível intervenção.

4. Condicionantes da participação: questões materiais e condições de trabalho.

Ótimas condições de trabalho não determinam relações democráticas cooperativas, mas a ausência dessas condições pode retardar o processo, na medida em que os esforços para remediar tais carências competem com os esforços para modificar relações autoritárias. O professor com baixos salários e despreparado fica desestimulado a novos esforços; falta de materiais didáticos, bibliotecas, espaços inadequados às diversas atividades, etc, se tornam prioridade a serem solucionadas, mas não devem se tornar mera desculpa para nada ser feito em prol da participação, e sim levar a tomada de consciência para se desenvolver ações para superá-las.

O espaço físico e o tempo para a participação também devem ser pensados e conquistados, Não devem ser usados como desculpas para a não - participação.

5. Condicionantes institucionais: mecanismos institucionais que determinam: distribuição hierárquica da autoridade e a prática democrática.

Nossa sociedade tem uma tradição de autoritarismo (forte relações verticais), de poder concentrado e de mau aproveitamento das divergências para diálogo, o que dificulta as relações horizontais e o envolvimento democrático e participativo da comunidade escolar. Por exemplo, o diretor, escolhido por concurso (muitas vezes desconsidera a realidade em que está inserido), diante do Estado é o responsável último pela escola e diante da comunidade escolar é a autoridade máxima. Pode então se manter nesse papel de preposto entre Estado e comunidade, dificultando a participação dos interessados no Conselho de Escola ou na APM.

6. Condicionantes político-sociais: os conflitos nas relações entre os diferentes grupos da escola.

A escola pública atende a camadas populares, classe trabalhadora, pessoas com identidade de interesses sociais, mas que muitas vezes se orientam por interesses imediatos, divergindo de opinião em questões como greves de professores e processo ensino-aprendizagem em sala de aula. Quando as divergências não extrapolam para o radicalismo e são aproveitadas por uma gestão escolar democrática é construída a luta por objetivos coletivos como o ensino de boa qualidade.

Os conflitos devem ser explicitados para que sejam considerados na transformação das práticas e no crescimento dos grupos.

7. Condicionantes ideológicos da participação: concepção e crenças dos sujeitos da escola e a participação dos usuários. Concepção de participação e as ações educativas.

Precisamos dialogar a respeito de concepções e crenças que nossa sociedade carrega historicamente, pois definem práticas preconceituosas e excludentes na escola. A carência econômica e afetiva e a baixa escolaridade dos pais não determinam que seus filhos sejam desinteressados e “bagunceiros”, ou seja, seres que precisam ser tutelados e tolerados. Este comportamento vem se reproduzindo, inibindo uma participação mais autônoma dos pais que se constrangem frente à visão depreciativa da comunidade, percebendo que não há condições de diálogo com a escola.

A concepção de participação da comunidade não inclui apenas a execução de festas, eventos ou obtenção de recursos. É muito mais ampla. A comunidade, apesar de não ter saber técnico, pedagógico, quanto mais participa dos diversos setores da escola, mais se familiariza com as questões presentes, mais ganha força para posicionar-se, opinar, fiscalizar e reivindicar seus direitos. Portanto, a participação desejada é a política, onde todos podem exigir melhores condições físicas, melhores merendas, capacitação para os professores, enfim recursos distribuídos de forma a atender uma educação de qualidade.

Infelizmente não há mecanismos institucionais para que a escola garanta um processo de participaçãocoletiva, levando a implantação de um trabalho cooperativo.

Não existe um trabalho organizado para explicitar as visões dos sujeitos da Comunidade Educativa sobre a sociedade, a participação, a escola, os educadores e educandos e trabalhar para modificar as concepções arraigadas que demonstram limites explicativos.

8. Determinantes da participação presentes na comunidade: condições objetivas de vida da população (condicionantes econômicos e sociais).

A participação da comunidade nas escolas não acontece como deveria,devido alguns condicionantes socioeconômicos.

As camadas populares alegam falta de tempo por excesso de trabalho, dificuldades com o trânsito e com os patrões que não abonam a ausência para participar de atividades na escola de seus filhos no horário comercial. O que leva a necessidade de uma tomada de consciência e mobilizaçãopor parte da classe trabalhadora, a fim depressionar seus representantes no Congresso Nacional, nos sindicatos, nos partidos políticos e em outros mecanismos da sociedade civil, para a expressão plena da cidadania.

Por outro lado, numa ação mais democrática, as escolas podem desenvolver meios facilitadores de participação da comunidade na organização e decisão referentes aos objetivos da escola para a educação, como por exemplo, realizar reuniões de pais, APM, conselho escolar, festividades e outras interações, no sábado ou domingo, em dias e horários alternados para atender a todas as participações.

9. Determinantes da participação presentes na comunidade:condicionantes culturais: visão da população sobre a escola, a educação, a qualidade e sobre a participação.

Existe uma visão equivocada de que os pais dos alunos das camadas populares não têm disposição em participar da escola, alegando diversos impedimentos socioeconômicos, mas se preocupam apenas com a vaga para seus filhos, merenda, falta de professores e nunca com a gestão escolar.

Outra visão alega que alguns pais dizem que educação é da “conta do governo”, o que trata o aluno como uma mercadoria a ter controle de qualidade. Impossível, visto que o mesmo é sujeito de sua transformação, que é constante.

Tais visões se anulam quando relembramos os diversos movimentos populares que a história não evidencia, oferecendo maior valor aos feitos heroicos.

Fato é que não existe “aversão natural” das camadas populares a participar da escola, mas sim falta de perspectiva dentro de uma sociedade autoritária que rouba os espaços que se pode e deve ocupar com participação e decisão, e não de sugestão ou levantamento de problemas, apenas. Os pais, quando esclarecidos de seu poder, passam a de interessar mais efetivamente pela escola.

Existe também um sentimento de medo com relação à escola, onde os pais não sentem abertura para se colocarem devido a postura de fechamento da mesma, sentem-se constrangidos em argumentar diante de pessoas com grau de escolaridade maior que o seu ou até mesmo sentem receio de represálias contra seus filhos no âmbito da avaliação ou das relações com os demais membros da escola, o que não é privilégio somente da escola pública.

10. Determinantes da participação presentes na comunidade:condicionantes institucionais de participação: organizações da população e os movimentos sociais; possibilidades de relações democráticas no interior da escola.

Existem mecanismos coletivos de participação como os centros comunitários, as associações de bairro e os conselhos populares que podem proporcionar grandes transformações na comunidade quando há o real envolvimento dos moradores do bairro na busca do ideal comum.

Quando essas associações rompem com o paternalismo e não se prendem a grupos políticos, visam à participação autônoma dos interessados. Exemplo, a Sociedade Amigos (Savuna) que promove a informação aos moradores por meio de jornal de bairro gratuito queé custeado por lojistas, portanto defende também interesses dos mesmos.

Todos os movimentos populares, enfim, têm uma característica em comum: lutar pelo acesso aos serviços essenciais públicos, mas devido à heterogeneidade dos participantes, entram em conflitos políticos internos na luta pelo poder, perdendo muito no âmbito da integração. São também receosos a assumirem posição política definida ou a participar de reinvindicações mais radicais por motivos culturais, por preconceito ou ainda por defenderem seus interesses mais imediatos, perdendo lutas importantes que poderiam levar a efetivas transformações sociais como, por exemplo, integrando-se à escola pública e lutando pelo direito ao acesso de um ensino de boa qualidade. Afinal a educação é a única arma que realmente transforma o mundo.

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