Resenha Meus Irmãos e Irmãs do Norte
Por: emanuelle32532 • 31/8/2022 • Resenha • 1.233 Palavras (5 Páginas) • 377 Visualizações
Política Internacional Contemporânea
Emanuelle dos Santos Alves
RA: 00320709
NA2
Resenha do filme: Meus Irmãos e Irmãs do Norte
Passadas quase sete décadas da Guerra das Coreias, ainda permanecem muitas dúvidas e incertezas sobre o assunto. Os países ainda continuam em um clima incerto e dificilmente se abrem ao outro. Assim, muitos estereótipos ao redor dos países foram criados, principalmente sobre a Coréia do Norte, já que é um país reservado. O filme “Meus irmãos e irmãs do Norte”, dirigido por Cho Sung Hyun (조성형) e lançado em 2016 tem como objetivo retratar a vida na Coréia do Norte pela visão das pessoas comuns e acabar com o estereótipo de imagens conhecidos de tanques de guerra, exércitos completamente organizados e testes de mísseis. A diretora é natural da Coréia do Sul, porém se mudou para a Alemanha aos 5 anos e só assim, com seu passaporte alemão, conseguiu entrar no Norte, já que os cidadãos sul-coreanos são proibidos de visitar o país. Durante o documentário, Cho visitou locais de lazer, escolas e fábricas, e entrevistou famílias e trabalhadores, mostrando a opinião dos próprios moradores sobre seu governo e economia.
A península coreana foi ocupada em 1910 pelo Japão, adotando um governo ditatorial liderado por generais que seguiam as ordens do imperador japonês Meiji. Os coreanos foram privados de liberdade, expressão, imprensa e os japoneses impuseram até um novo sistema de educação. Muitos coreanos fugiram para a China em busca de emprego, já que não podiam nem praticar o comércio em seu próprio país. Em 1919 foi estabelecido um governo provisório pelos coreanos exilados, com objetivo de resistir à ocupação japonesa. A resistência intimidou o governo japonês que diminuiu suas forças opressoras e liberou parcialmente a imprensa. Porém em 1931, após movimentos anti-japoneses, o domínio militar do Japão estava de volta mais forte do que nunca, tentando até apagar os traços da história coreana e impondo cada vez mais a cultura japonesa na península. Em 1941 o governo provisório declarou guerra contra o Japão, organizando um exército formado por coreanos e chineses, que eram contra o regime japonês, e lutaram até agosto de 1945, quando o Japão finalmente se rendeu. Após o fim do domínio japonês na Coreia, o país foi dividido em Sul, governado por Rhee Syngman e seu governo capitalista, e o Norte, governado por Kim Il-Sung com um governo comunista. Como cada parte era liderada por uma pessoa diferente, com pensamentos completamente distintos, consequentemente um conflito foi iniciado.
A guerra oficial entre as Coreias começou em 1950, o Norte invadiu o chamado Paralelo 38, que dividia os territórios, para assumir o controle total do país. Coréia do Norte tinha como seus aliados União Soviética e China, já a Coréia do Sul, tinha os Estados Unidos. A ameaça de destruição era grande, principalmente pelo lado dos Estados Unidos, que até cogitou o uso de armas nucleares. O conflito durou 3 anos, porém não teve vitória nem derrota, a guerra em si foi uma derrota, já que milhões de pessoas morreram, mas a situação dos países continuou a mesma. Até os dias atuais, nunca foi feito um acordo de paz entre as partes.
Os Estados Unidos terem apoiado a Coreia do Sul ainda é algo que surpreende, afinal eles tinham recolhidos suas tropas do país alguns anos antes. Porém é fácil de perceber as razões quando entendemos o que está em jogo. Isso foi comentado por Henry Kissinger que trouxe o principal motivo da participação americana na guerra. Ele disse:
Os americanos simplesmente jamais haviam pensado na maneira de reagir a uma agressão limitada à Coreia ou a área comparável. Obrigados a enfrentar essa contingência logo após o bloqueio de Berlim, o golpe tcheco e a vitória comunista na China, viram nela uma prova do comunismo em marcha, a ser detido mais por princípios do que pela estratégia. (KISSINGER, 1994)
Conforme pontuado a participação americana foi baseada no interesse nacional e no fato de não querer que o comunismo se espalhasse mais ainda. Assim os Estados Unidos reuniram tropas da ONU e aliados para defender o Sul do comunismo expansionista.
Todos esses acontecimentos contribuíram para a visão estereotipada que o ocidente tem da Coreia do Norte hoje em dia. Visão essa muito implicada pelos Estados Unidos, que quiseram então aumentar o número de justificativas para proteger a Coreia do Sul dos ataques. O estereótipo que temos da Coreia do Norte é de um governo hostil e totalitário, de um povo que vive em condições precárias e não tem noção do ‘mundo lá fora’. A ativista Park Yeonmi é uma fugitiva da Coréia do Norte e escreveu um livro contando sobre sua fuga. Ela começa contando como era bom viver no país e como o líder Kim Jong-Il, filho de Kim Il-Sung, sempre foi visto como algum tipo de deus que tinha superpoderes e podia controlar o clima. Jong-Il assumiu o governo em 1994, após a morte do pai, e desde o início era idolatrado. Antes mesmo de se tornar adulto era famoso pela lealdade ao seu progenitor e visto como exemplo de filho.
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