A HISTÓRIA DA IGREJA - DO PENTECOSTES À REFORMA
Por: Gedielson Oliveira • 19/7/2020 • Trabalho acadêmico • 3.744 Palavras (15 Páginas) • 225 Visualizações
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FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS
DOUTORADO EM ESTUDOS TEOLÓGICOS
ALUNO: GEDIELSON DE SOUZA OLIVEIRA (RA 111576)
DISCIPLINA: A IGREJA – DA REFORMA AOS DIAS ATUAIS
Trabalho final referente a disciplina ‘A Igreja: da reforma aos dias atuais’, ministrada pelo Prof. Dr. Alberto Fonseca. Apresentado à coordenação do Curso de Doutorado em Estudos Teológicos da FAETAD, como requisito avaliativo.
CAMPINAS – SP
2020
1. Se Deus mandou o Senhor Jesus ao mundo num determinado momento da história (Gl 4.4), o que significa este fato em relação do mundo de então?
O termo ‘plenitude dos tempos’ está direta e unicamente relacionado à encarnação e vinda de Cristo ao mundo, para iniciar o período dispensacionalista da Nova Aliança, estabelecer a era da Igreja. E desde então, nos últimos 2.000 anos ela têm anunciado a todos quantos podem, querem e precisam, a mensagem da salvação eterna. O Logos encarnou num momento singular da história, onde quatro fatores preponderantes convergiram, criando assim o cenário ideal à Sua manifestação: o territorial, o cultural, o religioso e o social. O fator territorial está relacionado à extensão que o vasto império romano havia alcançado na época de Jesus (se tornando o maior de todos os tempos), interligado através de estradas, das quais os próprios cristãos primitivos se beneficiaram para viajar a todas as partes anunciando o evangelho. O fator cultural contribuiu diretamente para a propagação das boas novas, pois temos o latim (língua oficial do império) interligando comércio e ensino. Esse idioma permitiu, por exemplo, que Paulo tivesse a mensagem evangelística compreendia por toda a Ásia Menor e região grega. O terceiro fator e o mais importante, o religioso, tinha no judaísmo o principal caminho para a vinda do Messias. A religião judaica tinha estabelecido um forte fundamento monoteísta, que era caracterizado por um alto padrão de conduta moral e ética, e que mais adiante causaria simpatia por parte da Igreja, tendo em vista a exagerada imoralidade presente nas extensões do império. E acerca desse fator, o próprio Antigo Testamento já vaticinava as profecias acerca da vinda do Messias, e tiveram na vida, ministério, morte e ressureição de Jesus seu pleno cumprimento.
Por fim, temos o fator social (migratório), que está relacionado com as grandes colônias judaicas estabelecidas nas principais cidades do império romano, como Alexandria, Antioquia, Éfeso, Roma etc. por onde quer que fossem os judeus estabeleciam sinagogas e lá explicavam a expectativa na vinda do Messias e que fora cumprido em Cristo. Portanto, a era inaugurada com o primeiro advento de Jesus, permite com que o mundo seja alcançado pela Sua graça, pois de acordo com Hb 9.15 é ‘mediador de um novo pacto’, de modo que tanto os que estavam debaixo da antiga aliança foram alcançados, como também a nós, partícipes da história do cristianismo. Todos os cristãos da era da Igreja estão à espera do Dia do Senhor prestes a se consumar, sua vinda restaurará a eternidade. Dessa forma, a plenitude dos tempos não só se consumará nesse evento, como iniciará a nova era do Reino de Deus.
2. Por que foi necessário oficializar os livros do Novo Testamento? Como se desenvolveu essa lista de 27 livros canônicos?
Os problemas enfrentados pelo cristianismo de ordem externa (combatidos pelos apologistas) e os ataques hereges de ordem interna (combatido pelos polemistas), revelaram a necessidade de uma maior organização por parte da Igreja primitiva. De modo que pudessem atuar nos dois flancos, resistindo tanto aos perseguidores quanto rejeitando os hereges. Os líderes então fortaleceram sua posição doutrinária, através de três importantes elementos: a oficialização de um livro para preservar a fé e práticas cristãs (a Bíblia), a formulação de um credo (confissão sintetizada dos principais fundamentos da fé cristã) e um vínculo de união da Igreja constituído pela obediência aos bispos (sínodos e concílios ecumênicos). Portanto, de uma forma ou de outra, a igreja se viu pressionada a constituir um testamento doutrinariamente sólido, capaz de agrupar os registros neotestamentários e agasalhar a fé cristã.
Essa atitude tornou-se premente, visto que dentre muitos hereges e falsos mestres estava surgindo o uso fatiado de partes do novo testamento e fragmentos dos evangelhos, ajustados às suas próprias concepções de Cristo. Distorcendo a sua morte e ressureição e sobretudo trazendo explicações estorvadas sobre sua humanidade e divindade. Dentre eles, um proeminente estudioso chamado Marcião, que em meados do século II estudava alguns escritos de Paulo, e juntamente com o evangelho de Lucas, reduziu a Bíblia ao tamanho de sua teologia. Também adotava uma postura hostil em relação ao Antigo Testamento e ao Deus contido nele, inclusive distinguindo-o em relação ao Deus do Novo Testamento, criando com isso uma cisão entre os judeus cristãos e cristãos gentios. Pais da igreja, dentre apologistas e polemistas, como Clemente, Policarpo, Irineu e Tertuliano entre outros, estiveram na vanguarda desses enfrentamentos teológicos.
Ao longo dos primeiros concílios e sínodos alguns livros foram inclusos e outros retirados, de maneira que no decorrer dos séculos houve a necessidade de se empregar quatro quesitos basilares, que atuaram como seletores de autenticidade para consolidar o cânon neotestamentário, dentre eles estão: a) a apostolicidade, b) o conteúdo, c) a universalidade e d) a divina inspiração. Sendo os três primeiros critérios objetivos e o último de natureza subjetiva. A apostolicidade evidenciava a autoria ou apoio escriturístico da parte daqueles que conviveram com Cristo ou com o colégio de apóstolos (caso de Lucas); o conteúdo por sua vez observava se os livros se harmonizavam em pé de igualdade tanto com as escrituras até então aceitas (A.T), quanto com as regras de fé praticadas na igreja; a universalidade por sua vez, levava em consideração a ampla e uniforme aceitação dos escritos entre as igrejas cristãs primitivas; e por fim a divina inspiração, que trazia a indistinta qualidade de deixar transparecer nos escritos, tanto a ação do Espírito Santo na condução dos propósitos da Igreja, quanto a preservação da essência escriturística singular de cada autor.
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