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Eclesiologia Trinitária

Por:   •  12/9/2016  •  Monografia  •  10.235 Palavras (41 Páginas)  •  365 Visualizações

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Anthony A Cruz

ECLESIOLOGIA TRINITÁRIA

A pericórese trinitária como crítica e inspiração para a Igreja a partir do pensamento de Leonardo Boff

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO        

1 HIERARQUIZAÇÃO DA IGREJA        

1.1 Definição do termo Igreja        

1.2 A Igreja primitiva e sua estrutura        

1.3 A hierarquização da Igreja        

1.3.1 Hierarquização do episcopado        

1.3.2 Termos que indicam hierarquização        

1.4 Hierarquia após a reforma        

1.4.1 Concílio Vaticano II        

1.4.2 Congresso de Lausanne        

2 A TRINDADE        

2.1 A Trindade nas Escrituras        

2.2 A Doutrina da Trindade        

2.3 Trindade pericorética        

2.4 Pericórese trinitária: crítica e inspiração para a Igreja        

3 IGREJA: COMUNIDADE PERICORÉTICA        

3.1 Comunidade pericorética: unidade na diversidade        

3.2 Comunidade pericorética: funcionalidade, não hierarquia        

CONCLUSÃO        

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS        

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa objeta trabalhar o seguinte tema: Eclesiologia Trinitária: a pericórese trinitária como crítica e inspiração para a Igreja a partir do pensamento de Leonardo Boff.

Num primeiro momento o pesquisador percebeu a ausência de reflexão eclesiológica em sua Igreja, e que esta se estrutura de forma hierárquica gerando assim uma divisão entre clérigos e leigos.[1] Esta constatação surgiu ao se analisar textos publicados semanalmente no jornal da Igreja, onde se encontram reflexões de cunho teológico que são normativas para a Igreja.[2] Constatou-se também a falta de uma compreensão radicalmente trinitária de Deus, que acredita-se ser de grande ajuda para se superar a estrutura hierárquica da Igreja.

A partir disto buscou-se verificar a existência de obras que tratassem do problema da hierarquização numa perspectiva trinitária. Várias obras foram encontradas dentre as quais podem ser citadas: Os outros seis dias de R. Paul Stevens, e A Trindade e Sociedade de Leonardo Boff. Com isso foi possível a realização da pesquisa, haja vista a possibilidade de fundamentação teórica a partir de tais autores, especificamente o segundo.

Este trabalho tem como objetivo propor uma eclesiologia à luz da Trindade, apontando assim uma alternativa diante da hierarquização e polarização clero-laicato. Para isso, propõe-se verificar os aspectos bíblicos, históricos e teológicos acerca do conceito de Igreja e analisar seu processo de hierarquização; estudar a doutrina da Trindade em seus aspectos bíblico, histórico e teológico e demonstrar as reflexões de Leonardo Boff em direção a uma eclesiologia trinitária.

O trabalho de pesquisa tem como referenciais teórico-metodológicos a Bíblia e os livros: A Trindade e a Sociedade de Leonardo Boff, Os Outros Seis Dias de R. Paul Stevens, Os Leigos Nas Origens da Igreja de Alexandre Faivre, A comunidade do Rei de Howard Snyder. Dentre estes, destaca-se o primeiro como obra fundamental da pesquisa.

A opção por Leonardo Boff e sua obra, A Trindade e a Sociedade, se deve pelo fato deste autor ser um teólogo Brasileiro, sendo assim uma teologia representativa para o contexto latino-americano. Mesmo sendo Jürgem Moltmann o principal referencial no que tange a concepção pericorética da Trindade, coube a Boff o mérito de pensar a Trindade como comunhão de pessoas para o contexto latino-americano. Dessa forma ele contribuiu para dirimir as concepções hierárquicas da Igreja.[3]

A pesquisa está organizada em três capítulos. No primeiro capítulo busca-se uma definição do termo Igreja, para posteriormente discorrer sobre como a Igreja primitiva foi estruturada. Busca-se abordar também o processo de hierarquização da Igreja, qual o caminho seguido a partir da reforma e a contribuição dos concílios Vaticano II e Lausanne para o tema da eclesiologia.

O segundo capítulo traz uma reflexão em torno da Trindade, demonstrando que esta também pode ser instrumento de crítica e inspiração diante de uma estrutura hierárquica que acaba por dividir a Igreja entre clérigos e leigos.

Por fim procura-se fazer apontamentos em direção a uma Igreja mais comunitária, que reflita a estrutura funcional proposta no Novo Testamento e na própria dinâmica trinitária.

1 HIERARQUIZAÇÃO DA IGREJA

De acordo com Snyder, “os protestantes evangélicos dão pouquíssima atenção à doutrina da igreja”.[4] Esta constatação se dá pelo fato de não haver um profundo pensamento eclesiológico na maioria das reflexões sobre evangelização, discipulado e ação social. Como conseqüência, não se questiona o conceito de Igreja como instituição hierárquica, onde é possível perceber divisão de autoridade e poder entre clero e laicato, sendo o primeiro superior ao segundo.[5]

Partindo do Novo Testamento, não se pode admitir a Igreja como instituição hierárquica. Os textos neotestamentários apontam para uma Igreja estruturada de forma orgânica, funcional. Ali havia um povo, uma assembléia reunida pelo próprio Deus para adorá-lo e testemunhar sua grandeza (Ef 1.5-6).

Esta assembléia logo haveria de se estabelecer como uma instituição hierárquica, uma organização onde se percebe diferenciação de ordem e poder entre aqueles que a compõe, os clérigos e os leigos. Entende-se por Clérigo àquele que se dedica à vida religiosa e faz parte do grupo que está no topo da pirâmide hierárquica da Igreja, ou seja, aqueles que compõem a liderança, que são ordenados, e em alguns casos remunerados. Já o leigo é aquele está abaixo deste grupo, isto é, aquele que não faz parte da liderança, não é ordenado e remunerado.[6] Ainda em relação ao clero, Mulholland acrescenta:

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