Introdução ao Protestantismo
Por: Heverson Oliveira • 19/10/2016 • Resenha • 3.091 Palavras (13 Páginas) • 558 Visualizações
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FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA DA CGADB.
CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA
Trabalho Acadêmico para avaliação bimestral
Protestantismo e Cultura brasileira.
Aluno: Heverson Oliveira de Souza
Professor: Alessandro Rocha
Rio de Janeiro
2016
“Introdução ao Protestantismo no Brasil“ (GOUVÊA, Antônio Mendonça[1]; VELASQUES FILHO, Prócoro ; ed. Loyola, São Paulo, 1990)
O texto referido é uma obra protestante lançada por uma editora católica. Longe de ser uma obra apologética e uma retratação de estilo dos antigos debates, os autores procuram dar aos leitores uma visão crítica do protestantismo brasileiro, a partir de suas experiências eclesiais.
Segundo o autor, o protestantismo inserido no Brasil é fruto do movimento migratório inciado no século XIX e do crescimento missionário que ocorreu no mesmo período. Diferente da tradição católica, o protestantismo que adveio da Reforma do século XXI, não conseguiu manter-se unificado, antes se tornou em uma profusão de tendências e instituições, assim sendo, é mais oportuno se chamar “protestantismos” ao invés de “protestantismo brasileiro”. Para compreender o protestantismo brasileiro é necessário remeter-se ao seu curso histórico; as transformações institucionais, teológicas e culturais ocorridas durante a migração do protestantismo europeu para a América do Norte.
Entre 1550 e 1560 os protestantes franceses se instauraram no Rio de Janeiro, e entre 1630 e 1654 os protestantes holandeses fazem o mesmo no Nordeste, até que no começo do século XIX a tradição protestante firma-se no Brasil, decorrente da abertura dos portos brasileiros ao comércio inglês e do incentivo a migração europeia. A tolerância a cultos não-católicos estabelecida na Constituição de 1824 fez vir ao Brasil anglicanos , episcopais e uma eclosão de luteranos. Todavia foi em 1850 que o Brasil foi mais afetado com a presença de não-católicos, quando vieram missionários protestantes com o objetivo definido de propagar a fé; tal fenômeno foi intitulado como “protestantismo missionário”, que de acordo com o Antônio Gouvêa Mendonça: “através deles instalaram-se no Brasil a Igreja Congregacional, a Presbiteriana, a Metodista, a Batista e a Episcopal” (p.12).
O protestantismo brasileiro até os dias atuais é um reflexo do protestantismo norte-americano. As igrejas brasileiras sustentam-se no conjunto de ideias da religião civil norte-americana, sendo este o elemento da desarmonia entre o protestantismo brasileiro e a sociedade. Ao defender os valores da religião civil norte americana, que tem características burguesas, o protestantismo brasileiro se difere da atual conjuntura de sua sociedade.
O autor cita o problema à cerca da auto-identificação dos cristãos não-católicos na América Latina. Ao passo que nos Estados Unidos e na Europa esse grupo se denomina apenas como cristãos, no Brasil e em toda América Latina a identidade se diverge. “De modo esquemático, quanto à identificação atual dos cristãos não-católicos no Brasil, a situação é esta: o termo ‘crentes’ identifica pentecostais e protestantes tradicionais em regiões rurais; a designação ‘evangélicos’ auto-identifica protestantes tradicionais de regiões urbanas e é o preferido dos ‘historiadores’ dessas denominações; o termo ‘protestantes’ é utilizado por historiadores, teólogos e sociólogos não necessariamente alinhados com esses grupos” (p.16).
Sobre a configuração institucional do protestantismo no Brasil, Gouvêa destaca que o protestantismo missionário surgiu não do continente europeu, mas sim dos Estados Unidos, cujo protestantismo tinha raízes da Reforma Inglesa. Émile-G. Léonard[2] ressalta que o protestantismo que chegou ao Brasil é extremamente pragmático, busca mudar a sociedade através da mudança do indivíduo; comparando o protestantismo brasileiro com o europeu ele diz que: “ este adora, enquanto que aquele trabalha”. Dai se apresenta a distinção entre os protestantes brasileiros e o europeus. Mesmo que esse pragmatismo evidencie o protestantismo no Brasil, ele não se separa da Reforma do século XVI, manifesto por meio das igrejas. O autor expõe um quadro dos ramos protestantes no Brasil, abarcando os de origem missionária, migratória e os pentecostais.
Ramos da Reforma Protestante no Brasil
1. Anglicano
1.1. anglicanos propriamente ditos (ingleses, e seus descendentes)
1.2. episcopais (de origem norte-americana; brasileiros, japoneses e seus descendentes)
1.3. metodistas (de origem do Sul dos Estados Unidos; brasileiros)
2. Luteranos
2.1. luteranos ligados à Alemanha (Igreja Evangélica de confissão Luterana do Brasil; alemães e seus descendentes)
2.2. luteranos ligados aos Estados Unidos (Sínodo de Missouri; Igreja Evangélica Luterana do Brasil; alemães e seus descendentes)
3. Reformado
3.1. presbiterianos (missões norte-americanas; brasileiros)
3.2. congregacionais (missões inglesas, norte-americanas e outras; brasileiros)
3.3. reformados europeus – Igrejas de colônias (holandeses, húngaros, franceses etc.)
4. Paralelos à Reforma
4.1. batistas (missões do Sul dos Estados Unidos; brasileiros)
4.2. menonitas (missões norte-americanas, alemãs etc., principalmente descendentes de alemães)
5. Pentecostais
5.1. propriamente ditos ou clássicos
5.1.1. Assembléia de Deus
5.1.2. Congregação Cristã no Brasil
5.1.3. Igreja do Evangelho Quadrangular (ou Cruzada Nacional de Evangelização)
5.1.4. Igreja Evangélica “O Brasil para Cristo”
5.2. Cura Divina
5.2.1. Deus é Amor
5.2.2. Numerosas outras
Gouvêa salienta que este tipo de separação exposto no quadro acima, causam reducionismo, destarte faz alguns comentários e críticas a respeito. Em primeiro lugar, anglicanos e episcopais formam hoje a comunhão anglicana , cujos traços comuns são, sob o ponto de vista da liturgia, o livro de Oração Comum e, sob o ponto de vista da crença, o Quadrilátero de Lambeth; em segundo lugar, a inclusão dos metodistas na mesma chave da “família anglicana” pode parecer estranha porque, aparentemente, eles nada têm a ver com os anglicanos, pois em muitos países nem sequer mantêm o episcopado histórico; em terceiro é sobre como classificar os batistas, embora adotem a designação “evangélicos”, sempre recusaram a de “protestantes”. Não se sentem ligados diretamente à Reforma, mas se afirmam anteriores a ela ao se identificarem com os diversos movimentos que, dentro da Igreja cristã, historicamente buscaram organizar-se em comunidades fiéis às crenças e práticas dos primitivos cristãos do Novo Testamento; o quarto problema são os pentecostais, não existe dúvidas que o modelo eclesiástico e teológico dos pentecostais é protestante, todavia nem os protestantes históricos estão dispostos a admiti-los como membros da família nem os pentecostais se identificam com os protestantes. Até mesmo os especialistas e estudiosos possuem opiniões diferentes sobre os pentecostais, uma parte os inclui entre os protestantes e a outra os consideram como um nova Reforma, uma nova forma de Igreja e vivência do cristianismo, que diverge dos padrões das Igrejas protestantes históricas.
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