A Introdução a Doutrina
Por: mjjessica • 20/11/2019 • Seminário • 2.088 Palavras (9 Páginas) • 166 Visualizações
LIBRAS
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Curso Básico de Libras
Professora: Leni Farias
Aluna: Maria Jessica da Silva Gomes de Souza
Mudança se faz com atitudes!
O francês Charles Michel de I’Epée é considerado um membro de grande importância na comunidade surda pelos seus grandes feitos. Filho de uma família rica, nasceu em 24 de novembro de 1712 em Versalles, se formou em Teologia aos 17 anos, seu sonho era ser sacerdote, mas seguiu os conselhos do pai e cursou direito, aos 21 anos I’ Epée já era advogado, almejando ainda o sacerdócio cursou filosofia e obteve um doutorado, porém foi impedido de alcançar seu objetivo como sacerdote, por não aceitarem suas ideias, mas isso não o impediu de praticar sua generosidade, ao contrário, I’Epée direcionou sua vocação para trabalhos de caridade com o título de adabe, que o permitia realizar alguns trabalhos religiosos.
Em 1760 após a morte de um amigo, padre Vanin, I’Epée se comprometeu a ensinar duas irmãs gêmeas surdas, que estavam a cargo de Vanin. Em uma sociedade completamente preconceituosa e cheia de superstições não era difícil encontrar pessoas que fossem contra o crescimento intelectual dos surdos. Com decretos incabíveis, onde proibiam surdo de se casarem e formar uma família, e até mesmo possuir bens, I’Epée descobriu que sua missão estava além das irmãs. Ele começou a ensinar utilizando sinais manuais que substituíam os sons do alfabeto, percebendo então que era possível ensinar os surdos através de gestos, resolveu abrir uma instituição para outras crianças surdas e instruí-las ensinando a religião. Em 1755 fundou a Institution Nationale dê Sourds-Muets, onde ele mesmo buscava os alunos surdos por toda a cidade.
Mas a conquista maior para a educação de surdo foi sua afirmação de que as pessoas surdas devem aprender visualmente o que os outros adquirem ao escutar, e seu método de ensino estabeleceu as bases para a educação sistemática de surdos. “Todos os surdos-mudos que recebemos já têm uma linguagem”, escreveu. “Têm o hábito de usá-la e compreendem as outras pessoas que a usam. Com ela expressam suas necessidades, desejos, dúvidas, dores, etc., e não cometem erros quando outros se expressam da mesma maneira. Queremos instruí-los e, portanto, ensinar-lhes francês. Qual é o método mais curto e fácil para que nos expressemos em sua linguagem? Ao adotar sua linguagem e fazer isso usando regras claras, não poderemos conduzir sua instrução como desejamos? ” Com essa fala I’Epée deixa claro suas intenções de oferecer aos surdos, não somente educação intelectual, mas também oportunidade de exercer a cidadania que lhe haviam roubado.
Aumentou de maneira progressiva o número de alunos que recebia e divulgava seus avanços com exibições em sua própria casa: o religioso ditava uma oração a seus estudantes em sua linguagem de gestos e logo eles a transcreviam para o francês escrito. Em sua escola, os estudantes também aprendiam a falar recorrendo a métodos que já existiam e eram bem-sucedidos.
Apesar dos desafios encontrados, inclusive na própria Língua francesa, seu sucesso foi tanto que suas descobertas educativas se estenderam de Paris para toda a França e daí, para a Europa.
De l’Épée foi uma das primeiras pessoas a afirmar que os surdos eram cidadãos com plenos direitos na sociedade, de acordo com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França. Como ele escreveu em seu livro de 1784, La Véritable Manière d’Instruire les Sourds et Muets, Confirmée par une Longue Expérience (“o verdadeiro método de educar os surdos-mudos, confirmado por uma longa experiência”),
E quando as “más línguas” o acusavam de não ensinar nada além de cor, sem ter compreensão da linguagem nem capacidade de construir orações por si mesmos. De l’Épée também demonstrou que estavam equivocados, já que Clement de la Pujade, um de seus estudantes surdos, foi reconhecido por um discurso de cinco páginas em latim e por sua participação em um debate sobre a história do pensamento filosófico.
Sua fama ainda em vida foi tanta que Luís XVI apoiou financeiramente o instituto para surdos que ele dirigia, e até o imperador do Sacro Império Romano-Germânico José II visitou sua escola, chegando a oferecer uma abadia a L’Épée, que recusou a oferta. Entretanto, o imperador enviou um abade para aprender a técnica do francês, e na volta o enviado fundou uma instituição para surdos em Viena.
Charles Michel de l'Épée morreu quase na indigência em 23 de dezembro de 1789 em Paris. Apesar de sua fama, acabou arruinado por sua causa. Seus próprios estudantes contavam que morreu sem aquecimento em seu quarto para que eles pudessem ter luz nos deles. Foi enterrado na igreja de Saint-Roch, em Paris, e em 1838 foi erguido um monumento de bronze sobre seu túmulo.
Pouco antes de sua morte, uma delegação de estudantes e representantes da recém-criada Assembleia Nacional da França o visitou. O órgão legislativo, da Revolução Francesa naquele mesmo ano, comprometeu-se a dar prosseguimento a seu trabalho. Assim, a escola de l’Épée foi assumida formalmente pelo Governo francês em 1791, e permanece aberta hoje com o nome do Institut National de Jeunes Sourds de Paris. A Assembleia também declarou o abade um “benfeitor da humanidade” por sua contribuição à educação e ao desenvolvimento da comunidade surda.
Outra personalidade marcante na História da comunidade surda é Thomas H. Gallaudet, que antes de tudo nos mostra o quanto o amor e dedicação ao que se faz pode transformar gerações. É preciso muito mais que conhecimento para alcançar resultados que vão além da fama e prestígio. Nasceu na Filadélfia, ainda muito jovem, no ano de 1805 se formou em predicador em Yale, começando por incentivo do seu pai o curso em direito, em 1814 estava prestes a iniciar sua carreira como advogado, quando um encontro com uma menina surda mudou de vez o rumo, não só da história dele como também de muitas crianças surdas. Seu interesse em compreender o motivo de uma menina estar tão distante de outras crianças foi imediato, de várias formas tentou se comunicar com Alice, como se chamava a menina. A partir de então, Galladeut se dedicou a ensinar Alice, começando por objetos, não demorou muito para que a menina aprendesse a escrever seu nome. Gallaudet soube então que existia na Inglaterra uma metodologia para ensino de crianças surdas, e na intenção de aprofundar seu conhecimento, viajou para Inglaterra, porém não obteve muito sucesso já que os educadores não estavam dispostos a dividir a metodologia já aplicada. Mas Gallaudet não desistiria tão fácil, pois estava determinado a alcançar seu objetivo. Decidiu então buscar ajuda com três educadores franceses, Roch Ambroise Sicard e dois auxiliares, onde viajaram pela Inglaterra para mostrar seus métodos adquiridos a surdos ingleses. Em 1817 de volta a Hartford, Gallaudet e Clerc ousadamente, abriram a primeira escola para surdos nos Estados Unidos a American School for the Deaf. Em 1830 Gallaudet se retirou do país deixando uma geração de estudantes surdo. Com toda essa movimentação, já existiam quatro escolas preparativas para surdo e mudos formando uma Língua comum que ficou conhecida como American Sign Language (ASL). Gallaudet ultrapassou barreiras, enfrentou uma sociedade cheia de egoísmo e pré-conceito. Sua perseverança foi determinante para seu sucesso, porém ainda há muito o que fazer, não podemos descansar enquanto todos não forem tratados como cidadãos participantes deste pedaço de terra que chamamos de Brasil e temos como nosso. Após as conquistas de Gallaudet surgiram ainda teorias que vieram desfavorecer o aprendizado de pessoas surdas, prejudicando seu desenvolvimento e inclusão. É preciso mais do que contar ou conhecer a História, é preciso mudar!
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