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A PASTORAL URBANA

Por:   •  17/9/2018  •  Monografia  •  12.462 Palavras (50 Páginas)  •  453 Visualizações

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  1. INTRODUÇAO

Há alguns anos, a expressão de moda na Igreja era “Pastoral Urbana”. Parece que hoje não se houve mais falar tanto sobre este assunto. Poderíamos nos perguntar sobre os motivos disso, já que o assunto não pode deixar de ser relevante para a Igreja. Afinal, a maior parte da população mundial encontra-se nas grandes cidades.

O tema Pastoral Urbana “uma missão para transformar vidas” continua sendo um grande desafio para a Igreja. Tudo o que foi refletido e feito até hoje, já mostrou a necessidade de adequar às pastorais ao que é próprio da cidade na sua organização, símbolos, culturas e relações.

Descobriu-se claramente que são necessárias mudanças significativas na liturgia, na forma de administração das paróquias e na organização das Igrejas locais para que haja melhor acolhimento das pessoas que vivem na cidade, sem contar com uma mudança de mentalidade dos líderes, sacerdotes, párocos e pastores.

A Igreja não pode ser indiferente à cidade. Há implicações. Veremos que ao contrário, ela precisa estar presente na realidade urbana, cujas problemáticas exigem respostas diferenciadas e muita criatividade. Para que isso aconteça com eficácia, é necessário que os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, como também os agentes de pastoral de uma mesma cidade estejam cada vez mais unidos na realização de uma ação conjunta, inteligente, criativa, afetiva e efetiva, não definindo limites, mas somando forças. A Pastoral Urbana só avançará na medida em que houver uma grande comunhão entre os responsáveis que lá trabalham.

O que, então, ser urbano? A resposta a esta questão não é tão simples. Os estudiosos do assunto se debruçam em explicações, implicações e leituras de uma realidade que é complexa, multifacetada e dinâmica. A cidade é fonte de violência; a cidade tem bolsões de pobreza. Estas são as afirmações mais comuns e as mais estudadas. Inúmeros são os institutos de pesquisa sobre violência urbana, sobre exclusão social, sobre ocupação do solo urbano e, mais recentemente, sobre a revitalização dos centros históricos, em muitas cidades bastante degradadas. Há também outras características que podemos trazer acerca da cidade é que ela constitui o espaço da concretização do mercado – é a geografia do capital, a cidade também reforça autonomia da pessoa em relação aos grupos naturais, elas cidades estão marcadas por profundo abismo: poder e opulência X miséria e muito mais.

A nós importa, todavia, compreender que o mundo urbano, seja em que nível de incidência for, apresenta uma conceituação específica de espaço, de tempo, de ser humano, de relações sociais e, por certo, de religião. Não estamos falando, portanto, de aspectos periféricos, circunstanciais. Estamos falando de questões centrais, base para todo o restante. E compreender os conteúdos que são dados a estas noções fundamentais é uma das primeiras tarefas da ação evangelizadora nos ambientes urbanos.

Esta compreensão se torna vital pelo simples fato de que podemos estar fazendo pastoral em ambientes marcados pela urbanização, mas tomando como base pressupostos pré-urbanos. Ao fazermos determinadas afirmações, podemos considerá-las como tranqüilamente aceitas. Equivocamo-nos, contudo, ao nos esquecermos de que os pressupostos de compreensão já são outros. Podemos, então, não estar mais respondendo às perguntas que o homem e a mulher urbanos estão fazendo. Podemos estar respondendo a perguntas que nem estão mais sendo feitas.

Neste contexto é que expomos neste trabalho a preocupação com a missão da igreja, não de uma maneira parcial, mas sim, na integralidade a que se propõe a mensagem de Jesus.

2. COMPREENDENDO A CIDADE

O contexto atual da pastoral urbana nos indica que só seremos efetivamente fiéis ao evangelho de Cristo e a sua obra na medida em que formos capazes de acolher a questão urbana dentro da nossa ação evangelizadora. O motivo é simples o Brasil está se tornando cada vez mais urbano. Junte-se a este elemento a complexidade do cenário religioso e as transformações sociais do capitalismo industrial avançado sob a forma neoliberal provocando situações novas e desafiantes à pastoral. Há uma exigência maior ao cristão de um melhor preparo intelectual, com muita lucidez no contexto social e muito respeito a sua própria fé.

O êxodo rural fez com que as metrópoles crescessem assustadoramente. Hoje mais de 50% da população do mundo vive nas cidades, enquanto que em 1950 a população urbana mundial era de apenas 16%. [1]

No Brasil, essa realidade não é diferente. De 1940 ao ano 2000, houve um crescimento urbano de 81,23%, enquanto a população rural cresceu apenas 18,77%. [2] Existe uma clara migração da população rural para os grandes centros – o que faz com que a desigualdade social também cresça, pois muitas destes que saíram do campo não encontram emprego e conseqüentemente uma vida digna nos grandes centros. Sabemos que mais de 70% [3] da população do continente Americano vive em ambientes urbanos.

Dentro de uma experiência pastoral podemos afirmar que os outros 30% estão de algum modo atingidos pela realidade urbana, notadamente em virtude dos amplos vínculos que, num ambiente globalizado se vão construindo entre as regiões nitidamente urbanas e as que consideramos rurais. [4]

Mas é oportuno que, a este ponto de nossa reflexão, apresentemos mais algumas características da cidade: [5]

  • A cidade constitui o espaço da concretização do mercado – é a geografia do capital!
  • A cidade reforça autonomia da pessoa em relação aos grupos naturais;
  • As cidades estão marcadas por profundo abismo: poder e opulência X miséria;
  • Está se formando o homem urbano (técnico, conectado, mas perdido religiosamente);
  • Inchaço urbano
  • Alteração dos hábitos (confronto de valores diante dos MCS). Atente-se
  • Declínio da densidade demográfica (esterilização)
  • Declínio da mortalidade infantil
  • Longevidade
  • Secularismo
  • Complexidade no mundo do trabalho;
  • Emancipação da mulher;
  • Ascensão de minorias – Negras, etc.
  • Ambigüidade – a cidade tem dupla face (de um lado seus aspectos de intimidade, vizinhança e do outro os grandes meios de comunicação, mundo do trabalho, política...)

Há outras características da cidade que devemos levar em consideração: [6]

  • É uma realidade dinâmica, que se transforma mais rapidamente.
  • As pessoas vêm a um centro maior para comprar, fazer tratamento médico etc.
  • Ineficiência dos serviços públicos que provocam o surgimento de um poder paralelo muitas vezes violenta.
  • Sendo a realidade social muito fragmentada, as pessoas buscam a sua identidade através da cultura de origem ou da adesão a grupos religiosos (ex.: religiões novas ou seitas).
  • O consumismo é violentamente disseminado, principalmente pela televisão.
  • A atividade intensa das pessoas faz com elas fujam da cidade no fim de semana para buscar isolamento e descanso, perdendo assim o sentido do Domingo como o Dia do Senhor.
  • Presença de uma religiosidade profundamente individualista, buscando respostas imediatas às “angústias e necessidades do ser humano urbano”.
  • As grandes cidades refletem hoje situações humanas que estão acima do alcance das comunidades tradicionais, como as paróquias.
  • Pessoas muitas vezes desprovidas de tudo, afastadas da Igreja, feridas na sua cidadania, etc.

Pensando ainda na força dos meios de comunicação, podemos afirmar – repito – o caráter urgente e inevitável do que costumamos chamar de Pastoral Urbana. 

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