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A PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO COMO MISSÃO DA IGREJA

Por:   •  30/11/2020  •  Artigo  •  9.155 Palavras (37 Páginas)  •  187 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A proclamação do evangelho foi uma presteza perseverante dos primeiros cristãos da Igreja primitiva. Constatamos através das páginas da história que muitos cristãos fizeram do evangelho seu próprio motivo de existir.

Impelidos pela sua mensagem, proclamaram-no não se importando com os riscos ou perigos que poderiam levá-los à perseguição ou até mesmo à morte.

Nosso objetivo ao falar sobre do conteúdo do evangelho, que a tantos inspirou, é colaborar para que a igreja, hoje, através de sua mensagem, continue se fortalecendo, e consequentemente continue sua proclamação, a mesma que começou há tantos anos.

No tema que sugerimos trataremos de elucidar alguns pontos que julgamos de vital importância para a igreja. Entre esses tópicos está à mensagem cristologica, escatológica e soteriologica do evangelho. Compreenderemos aí que muitas vivem em uma realidade falseada de pretensa autonomia.

Processaremos a importância de a igreja concluir que o agente do evangelho é Deus e não ela própria. Na discussão do presente tema, detectaremos a incompreensão que muitas igrejas têm de seu papel. Nos dias atuais, vemos igrejas mercantilizando o evangelho, cuja compreensão equívoca ofusca sua real mensagem.

Outras, por sua vez, querem fazer do evangelho um ato de autopromoção. Veremos também que a proclamação do evangelho não é uma ação que nasceu do projeto da igreja. Nasceu da igreja incondicional e livre de Deus, querem por objetivo a salvação da humanidade.

Por outro lado, perceberemos a relevância da missão da igreja, quando a igreja redescobre seu papel e sua função frente à proclamação do evangelho. Ao redescobrir seu papel de serva, a igreja será cooperadora do evangelho. Poderá cumprir assim sua tarefa missionária delegada por Cristo.

Como metodologia de trabalho discorreremos num primeiro momento, sobre o conteúdo do evangelho que dissemos a pouco, bem como ressaltaremos seu valor teológico, sua importância e finalidade para o homem e para a igreja.

Posteriormente verificaremos a instrumentalidade e a posição que a igreja ocupa na proclamação do evangelho, para depois citar quais são os principais objetivos da igreja ao proclamá-lo.

2.  O CONTEÚDO DO EVANGELHO

O cristianismo se lançou no mundo com o anúncio das boas-novas. Não foram boas-novas comuns que surgiram na Palestina por volta do ano 30 A. D. Não se tratava somente de uma mensagem de um jovem revolucionário, como sugeriam as autoridades romanas, mas era o anúncio da salvação messiânica tão esperada.

O evangelista Lucas historiou o momento em que Jesus leu a profecia de Isaías na sinagoga de Nazaré. O cumprimento das promessas divinas contidas nas escrituras haviam se solidificado.

Jesus é o ungido de Deus que veio para levar as boas novas aos pobres, foi enviado para anunciar a liberdade aos presos, dar vistas aos cegos, libertar os que estão oprimidos e anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo (Isaías 61, 1-2). As palavras do profeta Isaías pareciam estar consoante ao seu ministério. Jesus se vê como o arauto de uma nova realidade.

O texto de Isaías faz referências ao retorno do exílio, e o mensageiro anuncia a chegada de um momento novo. Chegarão dias da salvação (...) a sua indignidade está coberta com um manto de justiça (...) e Deus faria a justiça estender-se aos gentios[1].

Tudo isso está concentrado no texto de Isaías que Jesus leu. Sua morte acompanhada de grande agonia, vergonha e, talvez, até de aparente fracasso na cruz, fez com que seus discípulos até achassem que se enganaram.

A ressurreição fez cair por terra todas essas duvidas, para os discípulos a ressurreição foi prova de Deus das afirmações que Jesus tinha feito. Eles viram que ele tinha sido designado Filho de Deus com poder, pela ressurreição dos mortos.

Após todos esses acontecimentos os discípulos começaram a anunciar as inauditas notícias com empenho e entusiasmo[2].

Outrora o próprio Jesus com a sua mensagem inaugura esse momento tão esperado. Jesus Cristo, de proclamador das boas-novas, passou a ser o próprio conteúdo das boas-novas.

2.1  A MENSAGEM CRISTOLOGICA DO EVANGELHO

Acima dissemos que Jesus, de proclamador das boas-novas, passou a ser o próprio conteúdo delas. Isso quer dizer que do evangelho Cristo é o centro. Ele próprio, sua vida, seu ministério, sua pessoa e obra é o evangelho.

Na pregação do apóstolo Paulo vemos esse quadro bem definido, sua pregação é antes de tudo a proclamação do Cristo crucificado e ressuscitado. Cristo é o centro da pregação paulina.

João Calvino da mesma forma ressalta o lugar proeminente da cristologia ao comentar o texto de Filipenses 2,9-11. As palavras do apóstolo estão a nos recomendar a ordem imperante do Reino de Cristo, necessária a nossa presente insuficiência[3]. 

René Padilha, ao comentar a mensagem cristológica do evangelho diz que a chave para compreensão do evangelho de Jesus está no significado dinâmico de (Basiléia) 'reino'[4]. O Reino de Deus anunciado por Jesus é o poder de Deus em ação efetiva entre os homens, cujo instrumento é o próprio Jesus e seu ministério.

Michel Green registra a controvérsia entre os estudiosos do Novo Testamento, dizendo que uns apontam que o evangelho obedeceu a um padrão fixo em sua pregação, outros dizem que a pregação do evangelho não foi estática nem monolítica[5].

PADILHA (1992), concordando com GREEN (1984), descreve o evangelho como flexível e multiforme, isto é, os pregadores tinham a preocupação de adaptar sua pregação de acordo com a situação de seus ouvintes. Por isso o evangelho pode ser visto como:

O evangelho da paz por meio de Jesus Cristo (Atos 10,36); o ministério de Deus (I Coríntios 2,1); a palavra do Senhor (Atos 6,7); a palavra da Cruz (I Coríntios 1,18); a palavra de Deus (Atos 4,31); a palavra da verdade (Tiago 1,18); a palavra da vida (Filipenses 2,16); testemunho da ressurreição de Jesus (Atos 4,33); o evangelho do reino (Mateus 4,14); o evangelho de Cristo (Romanos 15,19)[6].

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