A TRANSIÇÃO DA JUVENTUDE PARA A VIDA ADULTA
Por: bazagaa • 10/5/2021 • Resenha • 1.886 Palavras (8 Páginas) • 363 Visualizações
TRANSIÇÃO DA JUVENTUDE PARA A VIDA ADULTA
INTRODUÇÃO
A transição para a vida adulta como um processo inscrito na pós-modernidade não pode passar ao largo das transformações no caráter dos relacionamentos humanos. Ao longo do século XX, o Brasil, assim como as demais nações cujas sociedades se organizam sob o modo de produção capitalista e sob o regime democrático, teve sua dinâmica de construção de vínculos alterada por mudanças de duas ordens fundamentais: de um lado, a ampliação do papel da mulher no mercado de trabalho; de outro, o desenvolvimento tecnológico. Essas mudanças revelam, cada qual por meio de desdobramentos específicos, porém interligados, consequências de suma importância para a construção da maturidade.
Os jovens ocupam hoje, um quarto da população do País. Isso significa 51,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos vivendo, atualmente, no Brasil, sendo 84,8% nas cidades e 15,2 % no campo. A pesquisa mostra que 53,5% dos jovens de 15 a 29 anos trabalham, 36% estudam e 22,8% trabalham e estudam simultaneamente. Os dados são do Censo 2010, último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um estudo elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2009 aponta a juventude brasileira como uma juventude trabalhadora. Mesmo considerando a diminuição das taxas de participação no mercado de trabalho nos últimos anos, a juventude brasileira tem se esforçado para combinar trabalho e estudo.
Escolaridade
Segundo o Censo 2010, apenas 16,2% dos jovens de todo o País chegaram ao ensino superior, 46,3% apenas concluíram o ensino médio e 35,9% têm sua escolaridade limitada ao ensino fundamental.
Etnia
A pesquisa feita pela Secretaria Nacional da Juventude constatou que a juventude brasileira é grande, diversa e ainda muito atravessada por desigualdades. Com uma distribuição de sexo quase idêntica, 49,6% homens e 50,4% mulheres, seis em cada dez entrevistados declararam-se de cor parda (45%) ou preta (15%) e 34% da cor branca.
Religião
Quanto à religião dos jovens brasileiros, a maioria (56%) é católica, 27% são evangélicos e 16% não têm religião (somados a eles 1% de ateus). Comparando com outras pesquisas feitas anteriormente, nota-se que os jovens católicos diminuíram em dez pontos percentuais (somavam então 65%), enquanto os evangélicos, que eram 22%, aumentaram 5%.
Entre os espíritas, que passaram de 1,3% da população (2,3 milhões) em 2000 para 2,0% em 2010 (3,8 milhões), o aumento mais expressivo foi observado no Sudeste, cuja proporção passou de 2,0% para 3,1% entre 2000 e 2010, um aumento de mais de 1 milhão de pessoas (de 1,4 milhão em 2000 para 2,5 milhões em 2010). Os adeptos da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% em 2010.
Estado civil
Ainda segundo a pesquisa da SJN, 66% dos jovens brasileiros ainda são solteiros e 61% vivem com os pais. O Censo 2010 mostra que a maioria dos homens ainda vive com os pais, mesmo com a queda de 71,8% em 2000 para 62,6% em 2010. Quanto a filhos, 40% dos jovens de hoje em dia tem filhos.
Nova geração x tecnologia
O ditado popular que diz que a nova geração já nasce sabendo usar um computador faz muito sentido, já que todas as pesquisas recentes apontam a velocidade com que as novas gerações absorvem o uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Esse também foi um tema levantado na pesquisa da SNJ, que mostra que 80% dos jovens usam computadores e internet, e 89% têm celular.
Visão dos jovens
A pesquisa da SNJ fez também um levantamento dos problemas que mais preocupam a juventude brasileira de hoje, e disparadamente, o problema é a violência e a segurança do País (43%). Segundo a pesquisa, 51% dos jovens já perderam alguém próximo em razão da violência. As vítimas, na maioria dos casos, eram amigos (18%) e primos (12%), ou seja, companheiros de geração.
O segundo assunto que mais preocupa os jovens é emprego ou profissão (34%). Em seguida, estão as questões de saúde (26%) e educação (23%).
E por fim, o que os jovens avaliam como mais positivo no Brasil é, em primeiro lugar, a possibilidade de estudar (63%) e em segundo lugar, a liberdade de expressão. Apenas 4% dos jovens declaram que não há nada de positivo no País.
Podendo aí se subentender uma característica de sonhador e batalhador do jovem brasileiro, o estudo da SNJ mostra também que é muito clara para eles a percepção sobre a capacidade da juventude de mudar o mundo. Cerca de nove em cada dez dos entrevistados responderam que os jovens podem mudar o mundo, sendo que para 7, eles podem mudá-lo e muito.
JUVENTUDE E TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA
Não existe um consenso na literatura sobre qual evento marca a entrada do indivíduo no mundo adulto: independência econômica, saída da casa dos pais ou constituição de família. Também não se tem consenso sobre qual processo define a formação de família: casamento, parentalidade e/ou saída de casa. Essa última dúvida se acentua com a tendência crescente de dissociação entre sexualidade e casamento e entre casamento e parentalidade. Os modelos tradicionais de transição, consolidados após a Segunda Guerra, consideram uma linearidade no desenvolvimento do curso da vida, na qual uma dada sequência unidirecional de eventos e etapas ordena o caminho de um indivíduo, da infância à velhice. No processo de transição para a vida adulta, essa trajetória é composta pela saída da escola, ingresso no mercado de trabalho, saída da casa dos pais, formação de um novo domicílio pelo casamento e nascimento do primeiro filho. A observação dessa sequência na sociedade do pós-guerra respondia a uma dinâmica, propiciada pelo crescimento econômico e do nível de emprego, que foi colocada à prova com as mudanças, entre outras, no mundo do trabalho, nos arranjos familiares e na nupcialidade.
Os estudos recentes sobre transição para a vida adulta têm mostrado que as experiências de vida e as expectativas da atual geração são mais complexas e menos previsíveis que as de suas predecessoras, sugerindo que os modelos lineares de transição estão se tornando cada vez mais inapropriados para o contexto de mudança social e econômica das últimas décadas (WYN; DWYER, 1999). A literatura também fala de um possível prolongamento da juventude, dado que se tem observado um aumento no tempo passado na escola, dificuldades de inserção no mercado de trabalho e mudanças nos arranjos familiares. No entanto, parece que a ideia de prolongamento pressupõe assumir uma sequência linear de eventos, em que qualquer alteração pode implicar mudanças no calendário do processo como um todo, o que nem sempre é verdade. Por exemplo, o aumento da escolaridade pode ocorrer simultaneamente ao ingresso no mercado de trabalho sem que isso implique adiamento da transição.
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