CARACTEROLOGIA PÓS – REICHIANA- Da concepção à vida adulta
Por: isadora aparecida • 28/9/2019 • Resenha • 718 Palavras (3 Páginas) • 295 Visualizações
CARACTEROLOGIA PÓS – REICHIANA- Da concepção à vida adulta.
Interessante e bem explicativo, Caracterologia Pós-reichiana é um artigo elaborado em 2008 por José Henrique Volpi, que retrata de forma resumida a formação do caráter e suas implicações na relação do homem com o mundo e com ele mesmo. Volpi é psicólogo, psicodramatista e analista reichiano, formado em psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (1989), mestrado em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo (2002) e doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (2007). Atualmente, é diretor do Centro Reichiano e possui experiência na área da psicologia clínica com ênfase em orgonomia e vegetoterapia, com principal atuação em psicologia corporal, caráter, couraça, ecopsicologia, meio ambiente, e Wilhelm Reich.
A obra a princípio faz uma análise do posicionamento de Freud a respeito do caráter, ressaltando que o interesse do psicanalista era em suma nos sintomas apresentados pelo paciente e no mapeamento e descrição do inconsciente. Apesar de sua colocação, Freud admitiu que havia situações em que o caráter do paciente formava um obstáculo ao tratamento psicanalítico, e a partir desses casos impossíveis de serem tratados pela psicanálise tradicional, foi desenvolvido por Reich a técnica de análise do caráter. Para Reich, caráter é uma defesa do ego, mudanças que ocorrem com o intuito de protegê-lo dos perigos internos e externos.
Sendo caráter o principal tema retratado, o mesmo se define como a forma que a pessoa se mostra para o mundo e se relaciona com ele, suas atitudes somadas ao seu temperamento e personalidade. Para Volpi, os traços caracteriais basicamente são a forma que a pessoa encontra de reprimir uma situação conflitante, endurecendo aspectos do psicológico e limitando a possibilidade criativa de expansão, contato, aprofundamento e possibilidade de troca, e ao contrario de Reich, propõe que cada pessoa possui uma combinação de traços de caráter e não apenas um. Os traços de caráter são formados a partir da fixação de energia em uma determinada etapa do desenvolvimento, sendo elas as seguintes relações: Sustentação- Núcleo Psicótico; Incorporação – Borderline; Produção- Psiconeurótico/ Masoquista- Compulsivo; Identificação- Neurótico/ Fálico- Histérico; Formação de caráter- Genital.
Um tópico interessante ressaltado pelo autor é a quantidade de variáveis determinantes sobre a formação do caráter e o fato de que as implicações para um caráter saudável (também chamado de genital) ou neurótico começam antes mesmo do nascimento. Esse conceito desconstrói a ideia de que somente após a criança nascer os acontecimentos influenciarão no seu desenvolvimento, implicando numa responsabilidade que se inicia na gestação. O autor também explicita a relação da amamentação e a forma como ocorre o desmame com a formação dos traços caracteriais, levando a reflexão do leitor sobre as mães que precisam realizar o desmame cedo demais ou abruptamente devido às exigências de uma jornada de trabalho ou problemas de saúde e como isso pode gerar um sentimento de culpa nos pais da criança. Outro fator importante é a repressão dos pais na fase fálica e a ausência dos mesmos, levantando uma questão em relação aos pais extremamente conservadores e religiosos, que não permitem a criança conhecer a si mesma, resultando numa alta concentração de energia e consequentemente num caráter neurótico. Essa repressão também é prejudicial na fase genital, quando o impulso sexual é reprimido, gerando ansiedade ante qualquer presença de excitação. A ocorrência dessas disfunções acarreta em problemas pessoais e interpessoais, dificultando a relação da pessoa com o mundo e com si própria.
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