Analise do frontispicio vickeano

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Análise do frontispício na scienza nuova de Giambattista Vico.

Lucas Costa Farias

Filosofia da história – manhã

Fortaleza, 20 de agosto de 2019

Filosofia da história – significado do frontispício na scienza nuova de Giambattista Vico

A ciência nova já se apresenta como uma obra peculiar ao utilizar uma pintura anteposta na contra capa da obra, um recurso visual-artístico pouco explorado pelas obras filosóficas e que representa de forma metafórica e simbolicamente a ordem, divisão e desenvolvimento do saber humano na história.

A questão metafisica vem posta na pintura através da divisão dos três mundos: Os hieróglifos inferiores, a tábua das leis, a balança e tudo o que está no solo representa o produto da criação humana, ou seja, aquilo que é da ordem do mundo civil e que possibilitou a própria ideia de religião, matrimonio e sepultamento, são processos civilizatórios não seriam possíveis sem as criações dos primeiros homens (os poetas- teólogos); O globo no qual está assentada a deusa (metafisica) representa o mundo da natureza que serviu de objeto de estudo aos físicos, contemplando a providência divina (mundo superior) pelos fenomenos naturais. Os hieróglifos superiores representam a providência divina, ou seja, o próprio Deus, que é contemplado apenas pelos metafísicos (filósofos). A importância disso para a metafisica viqueana é que esse ciclo dos três mundos representa a ascensão da razão humana na história, que antes de alcançar o seu pleno desenvolvimento e consequentemente a contemplação das coisas superiores, passa por estágios, de se desenvolvem através dos períodos anteriores como o mundo físico (intermediário) e principalmente da primeira concepção de metafisica poética no qual se valiam os primeiros criadores de sentido, os poetas-teólogos.

A providência divina é o princípio regulador necessário a cada período histórico que se manifesta de algumas formas, uma delas sendo através da teologia civil, que se caracteriza como a primeira forma de interpretação sensível da realidade operada pelos poetas-teólogos, atribuindo a providência divina características da ordem dos sentidos, dando sobretudo um carácter utilitário.

A metafisica poética como essa forma de conhecimento marginal trazida a tona por Vico tem por objeto de estudo a história dos costumes e fatos do início da civilização humana e que tem na sua origem o surgimento dos diversos saberes humanos a partir da sabedoria poética, assim como a economia, a política, a física e a astronomia.

Os poetas teólogos identificados por Vico como os primeiros criadores de sentido desenvolveram uma metafisica grosseira chamada assim por ser realizada pela via dos sentidos, que também pode ser identificada como uma teologia natural, essa metafisica atribuía aos fenômenos físicos naturais explicações divinas, os poetas-teólogos são identificados como adivinhos ou preditores de acontecimentos futuros, sendo assim os próprios interpretes dos deuses. As explicações divinas e narrativas míticas tinham sobretudo um caráter antropológico-ético, pois diziam respeito a cultura própria de um povo mas também a moralidade civil que se reportava a uma determinada forma de portar-se e agir no trato com a comunidade, assumido assim desde sempre uma essa função da manutenção da vida em sociedade.