Escritura Sagrada
Trabalho Escolar: Escritura Sagrada. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jamil.nascimento • 14/2/2015 • 7.427 Palavras (30 Páginas) • 469 Visualizações
A Escritura
por
Vincent Cheung
Temos estabelecido que a Escritura é a autoridade última no sistema cristão, e que nosso conhecimento de Deus depende dela. Portanto, é apropriado começar o estudo da teologia examinando os atributos da Escritura.
A NATUREZA DA ESCRITURA
Devemos enfatizar a natureza verbal ou proposicional da revelação bíblica. Num tempo em que muitos menosprezam o valor de palavras, a favor de imagens e sentimentos, devemos notar que Deus escolheu Se revelar através de palavras de linguagem humana. A comunicação verbal é um meio adequado de transmitir informação de e sobre Deus. Isto não somente afirma o valor da Escritura como uma revelação divina significante, mas também afirma o valor da pregação e da escrita como meios para comunicar a mente de Deus, como apresentada na Bíblia.
A própria natureza da Bíblia como uma revelação proposicional, testifica contra as noções populares de que a linguagem humana é inadequada para falar sobre Deus, que imagens são superiores às palavras, que música tem valor maior do que pregação, ou que experiência religiosa pode ensinar mais a uma pessoa, sobre as coisas divinas, do que os estudos doutrinais.
Alguns argumentam que a Bíblia fala numa linguagem que produz vívidas imagens na mente do leitor. Contudo, esta é somente uma descrição da reação de alguns leitores; outros leitores podem não responder do mesmo modo às mesmas passagens, embora eles possam captar a mesma informação delas. Assim, isto não conta contra o uso de palavras como a melhor forma de comunicação teológica.
Se imagens são superiores, então, por que a Bíblia não contém nenhum desenho? Não seria a sua inclusão a melhor maneira de se assegurar que ninguém formasse imagens mentais errôneas, se as imagens são deveras um elemento essencial na comunicação teológica? Mesmo se imagens fossem importantes na comunicação teológica, o fato de que Deus escolheu usar palavras-imagens ao invés de desenhos reais, implica que as palavras são suficientes, se não superiores. Mas além de palavras-imagens, a Escritura também usa palavras para discutir as coisas de Deus em termos abstratos, não associados com quaisquer imagens.
Uma imagem não é mais digna do que mil palavras. Suponha que apresentemos um desenho da crucificação de Cristo a uma pessoa sem nenhuma base cristã. Sem qualquer explicação verbal, seria impossível para ela constatar a razão para Sua crucificação e o significado dela para a humanidade. A imagem em si mesma não mostra nenhuma relação entre o evento com qualquer coisa espiritual ou divina. A imagem não mostra se o evento foi histórico ou fictício. A pessoa, ao olhar para o desenho, não sabe se o ser que foi morto era culpado de algum crime, e não haveria como saber as palavras que ele falou enquanto na cruz. A menos que haja centenas de palavras explicando a figura, a imagem, por si só, não tem nenhum significado teológico. Mas, uma vez que há muitas palavras para explicá-la, alguém dificilmente necessitará de imagem.
A visão que exalta a música acima da comunicação verbal sofre a mesma crítica. É impossível derivar qualquer significado religioso da música, se ela é executada sem palavras. É verdade que o Livro de Salmos consiste de uma grande coleção de cânticos, nos provendo com uma rica herança para adoração, reflexão e doutrina. Contudo, as melodias originais não acompanharam as palavras dos salmos; nenhuma nota musical acompanhou qualquer um dos cânticos na Bíblia. Na mente de Deus, o valor dos salmos bíblicos está nas palavras, e não nas melodias. Embora a música desempenhe um papel na adoração cristã, sua importância não se aproxima das palavras da Escritura ou do ministério da pregação.
Com respeito às experiências religiosas, até mesmo uma visão de Cristo não é mais digna do que mil palavras da Escritura. Alguém não pode provar a validade de uma experiência religiosa, seja uma cura miraculosa ou uma visitação angélica, sem conhecimento da Escritura. Os encontros sobrenaturais mais espetaculares são vazios de significado sem a comunhão verbal para informar a mente.
O episódio inteiro de Êxodo não poderia ter ocorrido, se Deus permanecesse silente quando Ele apareceu para Moisés, através da sarça ardente. Quando Jesus apareceu num resplendor de luz, na estrada de Damasco, o que teria acontecido se Ele recusasse responder quando Saulo de Tarso Lhe perguntou: “Quem és, Senhor?” A única razão pela qual Saulo percebeu quem estava falando com ele, foi porque Jesus respondeu com as palavras: “Eu sou Jesus, a quem persegues” (Atos 9:3-6). As experiências religiosas são sem significado, a menos que acompanhadas pela comunicação verbal, transmitindo conteúdo intelectual.
Outra percepção errônea com respeito à natureza da Bíblia é considerar a Escritura como um mero registro de discursos e eventos revelatórios, e não a revelação de Deus em si mesma. A pessoa de Cristo, Suas ações, e Seus milagres revelam a mente de Deus, mas é um engano pensar que a Bíblia é meramente um relato escrito dela. As próprias palavras da Bíblia constituem a revelação de Deus para nós, e não somente os eventos aos quais elas se referem.
Alguns temem que a forte devoção à Escritura, implica em estimar mais o registro de um evento revelatório do que o evento em si mesmo. Mas, se a Escritura possui o status de revelação divina, então, esta preocupação não tem fundamento. Paulo explica que “Toda Escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16). A própria Escritura foi inspirada por Deus. Embora os eventos que a Bíblia registra possam ser revelatórios, a única revelação objetiva com a qual temos contato direto é a Bíblia.
Visto que a alta visão da Escritura que advogamos aqui é somente a que a própria Bíblia afirma, os cristãos devem rejeitar toda doutrina proposta da Escritura que compromisse nosso acesso à revelação infalível de Deus. Sustentar uma visão menor da Escritura destrói a revelação como a autoridade última de alguém, e, então, é impossível superar o problema de epistemologia resultante. [1]
Enquanto uma pessoa negar que a Escritura é a revelação divina em si mesma, ela permanece sendo “apenas um livro”, e esta pessoa hesita em lhe dar reverência completa, como se fosse possível adorá-la excessivamente. Há supostos ministros cristãos que urgem os crentes a olhar para “o Senhor do livro, e não para o livro do Senhor”, ou algo com esse objetivo. Mas, visto que as palavras da Escritura foram inspiradas por Deus, e aquelas palavras são a única revelação objetiva
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