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Fenomeno Religioso

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Por:   •  12/6/2014  •  2.072 Palavras (9 Páginas)  •  427 Visualizações

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O FENÔMENO RELIGIOSO: ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS

O homem e a pergunta pelo absoluto:

Desde os primórdios o ser humano não parou de interrogar-se sobre a sua própria sorte. De todas as questões que levanta, três perguntas se destacam e exigem uma resposta. São elas: De onde venho? Quem sou? Para onde vou? Estas perguntas são consideradas fundamentais, pois o modo de vida e a relação do homem com os outros seres serão de acordo com as suas respostas.

Há uma solução para estas questões? Apesar de todo o progresso humano e de toda a liberdade que possamos ter para levantar hipóteses, não há resposta definitiva às perguntas de onde viemos, para onde vamos e o que fazemos aqui. A resposta não pode ser material, concreta. Deve brotar de nosso interior, da nossa reflexão. Desta forma a tradição religiosa surge como a mais duradoura das respostas, pois ao se interrogar o homem abre a possibilidade para a manifestação do Transcendente. Se definitiva ou não, não podemos afirmar; sabemos que a compreensão, o entendimento e a expressão da verdade é temporal e a cada novo tempo devemos voltar a nos questionar para termos confiança de que as respostas existem e que devem ser encontradas.

O sagrado e o profano:

A vinculação com o sagrado estabelecida pelo indivíduo não é necessariamente aquela que ele conscientemente afirma ter através da sua relação com uma dada religião ou mesmo na ausência dela. O psiquismo humano parece ser habitado por “deuses” dos mais diversos tipos e qualidades, que, em suas relações, dramaticamente vividas, na fantasia inconsciente, determinam muito mais da vida da pessoa do que esta gostaria de admitir.

A seguir, vejamos como alguns autores concebem a questão do sagrado e do profano:

Durkheim – o sagrado é o traço essencial dos fenômenos religiosos, trata-se de um sentido que se define em oposição ao profano. Sagrado e profano falariam de dois mundos contrários, em torno dos quais gravita a vida religiosa.

Rudolf Otto – o sagrado apresenta-se como uma realidade de ordem absolutamente diversa da realidade natural. Ao descrever as características desse fenômeno, Otto fala da experiência do mysterium tremendum, uma vivência de terror perante o ser ou objeto sagrado.

Mircea Eliade - apresenta uma concepção do sagrado em que há uma hierophany, ou seja, algo sagrado mostra-se ao homem. O indivíduo teria a possibilidade de tornar-se consciente do sagrado na medida em que essa experiência opõe-se ao profano.

A emergência e a universalidade do religioso:

O conhecimento resulta das respostas oferecidas às perguntas que o ser humano faz a si mesmo. Às vezes, para fugir à insegurança, resgatando sua liberdade, ele prefere respostas prontas, que apaziguam sua ansiedade. A raiz do fenômeno religioso encontra-se no limiar dessa liberdade e dessa insegurança. O homem finito, inconcluso, busca fora de si o desconhecido, o mistério, o Transcendente.

O fenômeno religioso é um dado universal porque fundamentado na história das religiões. É também um dado ambíguo, porque não é um fenômeno simples, permanentemente idêntico consigo mesmo, exercendo sempre as mesmas funções, mas está na dependência do modo de tomada de consciência por parte do ser humano e/ou coletividade.

Enquanto experiência podemos dizer que toda tradição religiosa reclama para si a explosão do sagrado, uma irrupção em uma personalidade ou coletividade de uma força transcendente. A experiência do Transcendente é início do fenômeno religioso e que constitui em todos os tempos os grandes ideais sobre os quais se baseiam as religiões. Geralmente aquele que faz esta grande experiência mística do Transcendente (fundador, profeta, messias) consegue uma adesão da coletividade formando um círculo de adeptos, um movimento religioso, uma igreja.

Enquanto expressão podemos dizer que a organização religiosa é a administração do Transcendente, nas seguintes formas:

1. Doutrinal: que se encontra codificada numa escritura e ampliada por comentários que tentam interpretar suas passagens. Os pesquisadores e intérpretes a transforma em doutrina, surgindo os credos e as crenças diferentes, que são difundidas através de pregações, manuais e outras obras que condicionam os fiéis à fé.

2. Cultural: o homem sempre expressou corporalmente seus sentimentos e emoções. Aos poucos, os gestos adquirem um significado típico do povo e da cultura e se tornam rituais. O ritualismo, as cerimônias tentam conferir algo do encontro e do arrebatamento ligado à criatividade religiosa do tempo do fundador, e por isso exige criatividade e renovação. Quando o ritual deixa de ter significado par uma cultura, desaparece e é substituído.

3. Social: a religiosidade tem sempre um claro componente social, porque o homem é um ser social e porque a experiência mística foi realizada por um homem/mulher.

Surge, assim, a instituição religiosa, estrutura organizadora que tende a satisfazer as exigências de caráter religioso mediante um sistema estável de relações, valore e funções que, quando não bem entendido, pode matar a criatividade e responsabilidade pessoal. O fenômeno religioso acaba se inscrevendo em um organograma com disposições jurídicas e dispositivos de administração burocrática.

Nos homens esta necessidade de transcendência é manifestada no mistério das matas, nos fenômenos da natureza, no fenômeno religioso presente em todos os tempos e em todas as civilizações. Quantos ritos, quantos cerimoniais, quantos sacrifícios cruentos, quantas superstições não freqüentou para se encontrar além de si mesmo, em si mesmo, provocado por sua finitude clamando pelo infinito.

Este clamor pelo ser infinito pessoal explode em todas as culturas humanas. No cinema, nos grandes romances, na poesia, na filosofia, nas artes, o dinamismo para o Transcendente marca forte presença.

A história da humanidade se confunde com a história das religiões. Sem história das religiões a história da humanidade seria impossível. A tradição religiosa busca a re-ligação do homem com o meio e com o Transcendente.

Desde os primórdios, o ser humano não parou de interrogar-se sobre a sua própria sorte. A origem da vida, o destino, a doença e a morte sem explicações, a necessidade da dor e o impulso à felicidade, as energias e as forças que transcendem a inteligência e a vontade, o bem e o mal: os homens de nosso tempo como os seus antepassados têm incessantemente procurado respostas a estes questionamentos, a estas “experiências do limite”. As respostas

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