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IGREJA E EXCLUSÃO DA CRIANÇA - Criança e Adolecente

Por:   •  16/11/2018  •  Dissertação  •  5.015 Palavras (21 Páginas)  •  190 Visualizações

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IGREJA E EXCLUSÃO DA CRIANÇA

1. Introdução

Nossa proposta neste projeto, ao pensar no processo de exclusão da criança e adolescente, é elaborar algo que venha intervir de forma a incluí-las em seu contexto social a partir de ações geradas pela Igreja, para que possam ter oportunidades que normalmente não teriam. Aqui pensamos em uma realidade de periferia para elaborar este projeto, aonde na maioria das vezes os pais para sustentarem suas famílias, trabalham durante todo o dia e suas crianças e adolescentes passam o tempo sozinhas em casa, no período em que não estão na escola.

Portanto nossa proposta é trabalhar um projeto que envolva estas crianças e adolescentes por meio de duas maneiras, que serias através da inclusão digital, com aulas básica de informática, e inclusão musical, que ensinará noções musicais e instrumentais.

O projeto se desenvolverá em quatro partes que são elas analise do contexto histórico da exclusão da criança e adolescente, inclusão digital, musical e uma noção da metodologia. Isso se dará por meio de uma fundamentação teórica.

1.1. Análise do contexto histórico - Exclusão Social da Criança e do adolescente

A existência de crianças e adolescentes em um contexto de abandono, miséria e violência extremas reflete uma das faces mais cruéis do processo de exclusão social vivenciado pela população brasileira. E quando falamos de exclusão social, poderíamos dizer que isso tem existido em todas as épocas da humanidade, sobre este assunto Bursztyn, afirma que “a existência de desigualdades sociais é quase tão antiga quanto a história da civilização humana”. No Brasil, segundo o autor, a existência de pobres é característica desde a colonização, no entanto “o que se apresenta como fato novo é a constatação de que estes últimos (os pobres) caem dos patamares da pobreza para os da miséria” (BURSZTYN, 2003, p.27 e 36). Ainda considerando a formação social brasileira, Véras (2001, p. 44) ressalta que os processos sociais excludentes estão presentes desde os tempos coloniais, contudo, se tornaram mais intensos durante o período de ditadura militar. Baseando-se nos estudos de Francisco de Oliveira, a autora ressalta a emergência da exclusão como uma das dimensões do desejo da burguesia brasileira em subordinar o “social” ao econômico tendo, como resultado, o controle dos dominados por meio da segregação dominante-dominado. Nos dias atuais podemos dizer que, a compreensão, a identificação e a mensuração do processo de exclusão social transcorrem pela discussão da desigualdade e da relação com o capitalismo. Para Campos:

a exclusão social manifesta-se crescentemente como um fenômeno transdisciplinar que diz respeito tanto ao não-acesso a bens e serviços básicos, como à existência de segmentos sociais sobrantes de estratégias restritas de desenvolvimento socioeconômico, passando pela exclusão dos direitos humanos, de seguridade e segurança pública, da terra, do trabalho e da renda suficiente (2004, p. 33).

No Brasil, ao analisar alguns estudos na área, podemos dizer que a exclusão social se apresenta de duas formas: a antiga e a nova exclusão social. Exemplos disso é que em regiões geograficamente menos desenvolvidas, onde observamos a permanência da pobreza absoluta, a baixa escolaridade e a desigualdade de renda por indivíduo (per capita), somado à grupos familiares numerosos, pode-se relacionado à forma de exclusão social mais antiga.  Já nos grandes centros, temos o desemprego generalizado e de longa duração, a ausência de perspectiva para uma parcela da população com menor escolaridade, o isolamento da criança e a explosão da violência, marcam o cotidiano de famílias pobres e monoparentais, vítimas das novas manifestações da exclusão (BURSZTYN, 2000; CAMPOS et al., 2004).

Para Bursztyn (2003), a questão da exclusão está diretamente ligada à possibilidade de trabalho e a relações sociais. No que se refere ao trabalho, a revolução científico-tecnológica trouxe em seu bojo mudanças profundas na divisão do trabalho, representadas sobretudo pela maior utilização das máquinas no processo produtivo, com diminuição do número de trabalhadores. Essas mudanças se refletem na existência de um contingente humano, cada vez maior, considerado dispensável ao processo produtivo. A esse contingente resta o desemprego ou a inserção de forma marginal no processo produtivo, o que aumenta, a cada dia, a desigualdade social relacionada à renda per capita e ao estilo de vida.

Além do trabalho, a discussão sobre o processo de exclusão social perpassa também pelas relações sociais. Bursztyn (2003) acredita que a nova exclusão social se reflita também em novas representações sociais acerca dos ‘novos pobres’. Ainda de acordo com Bursztyn (2003, p. 70), os grupos excluídos, além de serem objeto de discriminação social, passam “a ser percebidos como socialmente ameaçantes. Bandidos em potencial. Indivíduos perigosos”.

Analisando esse contexto, de acordo com Rizzini et al. (1999), as crianças e os adolescentes caracterizam-se como o grupo mais vulnerável aos efeitos da pobreza e da exclusão social, sendo assim as que mais necessitam da implementação de políticas assistenciais. Pois a situação vivenciada por milhares de famílias brasileiras, que tem suas vidas influenciada pelo processo de exclusão social, termina determinando a situação de risco social e pessoal presente no cotidiano de muitas crianças e adolescentes. Medeiros (1999, p. 15) afirma que os riscos pessoais e sociais são “possíveis fatores que podem prejudicar o processo de crescimento e desenvolvimento da criança ou mesmo limitar sua qualidade de vida”. Esses fatores encontram-se presentes nas condições das crianças e dos adolescentes que estão nas ruas, vítimas da negligência ou de abandono, vítimas da exploração do trabalho, do tráfico de drogas, da prostituição, vítimas de violência (física, mental, sexual) doméstica ou familiar e em situação de conflito com a lei. Portanto a implementação de ações direcionadas a essa população está diretamente relacionada com a compreensão desses fatores. Essa compreensão perpassa pela análise crítica do processo de exclusão presente no cenário brasileiro, bem como pelo entendimento do processo histórico da assistência às crianças e aos adolescentes em situação de miséria e pobreza que tem como marco a implantação do ECA. Assim, esperamos que nossas reflexões iniciais, expostas neste artigo, contribuam para a elaboração de propostas de intervenção que se revertam em melhoras efetivas de qualidade de vida para esta população.

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