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Intolerância Religiosa

Por:   •  8/7/2018  •  Trabalho acadêmico  •  871 Palavras (4 Páginas)  •  247 Visualizações

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Ainda hoje, são muitos os ataques vivenciados pelos adeptos as religiões afro-brasileiras, o que pode ser uma influência trazida pelo abundante controle da moral que era imposto aos colonizadores por parte da religião católica - apesar de hoje grande parte dos ataques virem das igrejas neopentecostais - ocasionando a concepção de uma série de representações distorcidas e estigmas quanto aos valores culturais africanos e assim, justificando a intolerância e violências a patrimônios culturais, ataques às cerimônias religiosas realizadas em locais públicos e até mesmo as agressões físicas aos praticantes.

Intensificam-se, além disso, discriminações racistas a partir dessas religiões, visto que a primeira forma de organização social do povo negro em terras brasileiras foi através da religiosidade de matriz africana e que a preservação da religião é uma forma de resistência, ou seja, exterminar essas práticas estaria ligado – ainda que de forma velada - a não manifestação de práticas que possuam representatividade para negras e negros por advirem de seus ancestrais.

Segundo Silva, há um acirramento dos ataques das igrejas neopentecostais contra essas religiões no Brasil, que, no entanto, tem se estendido também a países como Argentina e Uruguai. Existem vários fatores que podem ser resultantes do crescimento destes ataques: “a disputa por adeptos de uma mesma origem socioeconômica, o tipo de cruzada proselitista adotada pelas igrejas neopentecostais – com grandes investimentos nos meios de comunicação de massa e o consequente crescimento dessas denominações, que arregimentam um número cada vez maior de “soldados de Jesus – e, do ponto de vista do sistema simbólico, o papel que as entidades afro-brasileiras e suas práticas desempenham na estrutura ritual dessas igrejas como afirmação de uma cosmologia maniqueísta.” (Silva, 2007, pg.10).

Com essa intensificação, os casos de intolerância passaram a ganhar mais visibilidade, ganhando espaço em noticiários e sendo levados adiante em processos criminais, o que antes raramente ocorria. Salvador é tida como a “capital da macumbaria” ou a “Sodoma e Gamorra da magia negra” pelos neopentecostais (Silva, 2007, pg.12). E em relação aos registros de reação, é também quem está na frente, segundo levantamentos do jornal “A Tarde” (10/01/2005). Da mesma forma, nos últimos anos alguns movimentos de defesa das religiões afro-brasileiras têm sido criados.

Apesar da burocracia e lentidão nos processos judiciais desestimular muitas vítimas a irem adiante, esses processos passaram a dar resultados positivos a esses adeptos, como por exemplo, emissoras de televisão que oferecem programas ofensivos foram condenadas a exibir em sua programação o direito de resposta dos representantes afro-brasileiras, segundo a Folha de São Paulo.  Ainda assim, viu-se a necessidade de propor a criação de uma vara específica para os casos de discriminação religiosa e também racial, para que os encaminhamentos ocorram com mais agilidade e que as vítimas não hesitem em denunciar os casos por não terem total conhecimento de como proceder com esses processos. Porém, ainda existem muitas dificuldades de implementação, já que o Estado entende que não são práticas legítimas.

Há um significativo crescimento de evangélicos e os mesmos tem mostrado que estão se organizando cada vez mais, inclusive no campo político, nos poderes legislativo e executivo e nos meios de comunicação. “A crescente eleição de candidatos evangélicos ou de aliados a tais igrejas, a batalha contra outras denominações religiosas também se reflete ou se ampara no campo da representação política. Aproveitando-se do poder decorrente desse campo, políticos evangélicos vêm articulando ações antagônicas ao desenvolvimento das religiões afro-brasileiras.” (Silva, 2007, pg.17). Com isso, nota-se a importância dos religiosos afro-brasileiros ocuparem também espaços políticos, o que vem acontecendo, porém ainda muito distante de “representarem um movimento articulado que faça frente à organização dos evangélicos.” (Silva, 2007, pg.18).

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