Lucas o evangelho sem contradições?

LUCAS: O EVANGELHO SEM CONTRADIÇÕES?

1- QUEM ERA LUCAS

O QUE ILUMINA

Antes de mais nada vamos conhecer o escritor que nos dá o relato da vida de Yeshua e seus discípulos.

Lucas ou Loukán (original grego) significa O que ilumina, Lucas foi o grande amigo e companheiro de viagens de Paulo (2Tm 4,11; Fm24), ficou conhecido como o Médico Amado (Cl4.14), um dos pais da igreja (conhecida hoje) Irineu já citava o evangelho de Lucas em suas obras por volta do ano 180 d.C.

Lucas não foi testemunha ocular da vida de Yeshua, mas ele admite que pesquisou obras já escritas (Lc1.1) e entrevistou várias testemunhas oculares (Lc1.2) além disso ele pesquisou e confirmou todos os detalhes minuciosos antes de transcrever seu relato (Lc1.3).

Lucas era gentio (Sírio) que viveu na cidade da Síria Antiga de Antioquia, cidade grega, onde atuava como medico, Antioquia era a terceira maior cidade do império romano ficando atrás somente de Roma e Alexandria segundo Flavio Josefo, com uma população estimada em mais de meio milhão de habitantes, Lucas conheceu Paulo provavelmente aí já que Antioquia foi o local do primeiro sermão de Paulo em uma sinagoga, segundo At 11,26 foi tambem onde se originou o termo “CRISTÃO”.

O propósito de Lucas é esclarecer à Teófilo (Que significa Aquele que ama a Deus, ou, Querido de Deus) sobre os fatos a respeito de Yeshua e seus “novos” ensinamentos, Teófilo foi um militar de alta patente do exército romano, que convertido ao Senhor, patrocinou a pesquisa e publicação desse relatório fiel sobre a vida e obra de Yeshua.

Lucas dominava a língua grega da época, com vocabulário ricamente amplo, seu estilo muitas vezes se aproximava do grego clássico, como podemos perceber no prefacio do seu Evangelho (Lc 1.1-40), o interessante é que Lucas assume tons mais semíticos (Lc 1.5; 2.52) que é muito parecido com a Septuaginta que é a tradução do Antigo Testamento na língua grega, mas ele tem a sensibilidade de se adequar à cultura e geografia dos lugares em que narra fatos, isso fica claro quando se refere a Pedro no contexto judaico, assume uma linguagem semítica, mas ao se referir a Paulo usa um contexto mais Helenístico (Grego)

Era costume dos historiadores da antiguidade iniciar um segundo volume de suas obras com uma sinopse da primeira, e em seguida dar uma visão geral do conteúdo abordado, Lucas resumi em Atos 1.1-3 seu primeiro livro (O Evangelho), mas ele apresenta o tema do segundo livro (Atos dos Apóstolos) com uma citação do próprio Yeshua: “... recebereis poder quando o Espirito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até os confins da Terra!(At 1.8).

Sobre o Evangelho de Lucas que foi destinado a Teófilo a quem Lucas se dirigia como excelentíssimo, mas que também acabou sendo destinado aos gentios e a todos aqueles que querem saber a verdade sobre os fatos a respeito de vida e obra de Yeshua, cujo ensinamento já se espalhará por todo império romano, onde multidões se convertiam a esses ensinamentos, mas como já nessa época tambem surgiam falsos relatórios e testemunhos a respeito Dele, Teófilo e Lucas se dispõem a produzir então um relatório fiel e verdadeiro, este é o principal motivo de tanto o Evangelho quanto o Atos dos Apóstolos serem tão específicos e detalhados.

Gosto do trocadilho (uso de expressão que dá margem a diversas interpretações) que os dois nomes formam Lucas e Teófilo:

“O que ilumina, aquele que ama Deus! ”

Não me importo se existe ou não confirmação da existência de personagens bíblicos, pois de fato isso não é relevante, já que o que importa mesmo é o conteúdo de suas obras como exemplos e modelos para pratica de vida, um dos princípios do judaísmo para que se evitasse a idolatria, era o de não esculpir ou pintar (retratos) de pessoas, uma pratica totalmente oposta a outras nações da época (como os próprios romanos)isso gera muita discussão por parte de arqueólogos e historiadores quanto a existência dos personagens bíblicos, já que muito pouco foi encontrado que confirme sua existência, porém isso de fato não tem importância alguma se objetivo mesmo for o conteúdo e não o personagem, partindo desse princípio usando-o como uma das chaves de interpretação dos textos sagrados, em minha opinião essa é a chave que “descriptografa” os ensinamentos de Yeshua, já que é sabido que ele ensinava por parábolas e tendo ele mesmo como a principal chave de interpretação (nem tanto por quem Ele é, mas pelo que fez), jamais desmerecendo a pessoa de Yeshua, mas dando importância para a pratica de vida deixada por Ele como exemplo a ser seguido, esse para mim é o grande ponto de fato que nos importa como pessoas, como seres humanos e partindo desse pré suposto, o verdadeiro objetivo a que se destinam todos os textos dito sagrados, o de ser um manual operacional, e não um relato histórico/cientifico/biográfico.

Olhando então por esse ângulo é que darei continuidade ao assunto que quero abordar, usando o prisma da imparcialidade, sem religiosidade, interpretando como, no mais real sentido da palavra, filosofo.

Para que fique esclarecido antes de começarmos, filosofia significa:

Filosofia é uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.

Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão pragmática, movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade.

Além do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à condição humana, não é um conhecimento, mas uma atitude natural do homem em relação ao universo e seu próprio ser.

A filosofia foca questões da existência humana, mas diferentemente da religião, não é baseada na revelação divina ou na fé, e sim na razão.

Desta forma, a filosofia pode ser definida como a análise racional do significado da existência humana, individual e coletivamente, com base