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Missão Como Contextualizacão

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Por:   •  13/11/2014  •  2.730 Palavras (11 Páginas)  •  227 Visualizações

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Missão Como Contextualização

David Bosch

Maria José Silva Valente

A Gênese da Teologia Contextual

A palavra contextualização foi cunhada, pela primeira vez, no início da década de 1970, visando especificamente à tarefa da educação e formação de pessoas para o ministério eclesiástico (cf. Ukpong 1987:163).

A palavra em si tem o seguinte significado:

“... é o ato de vincular o conhecimento à sua origem e à sua aplicação”.

“Significa introduzir, inserir certo tema no tempo e espaço”.

Ukpong identifica 2 Tipos Principais de Teologia Contextual e cada um deles pode dividir-se novamente em dois subtipos, que ainda podem novamente se subdividir:

Modelos:

Indignação:

Tradução

Inculturacão

Socioeconômico:

Evolucionário (teologia política/desenvolvimento);

Revolucionário (teologia da libertação; negra; feminista e etc...).

Na opinião de Bosch, apenas o modelo de inculturacao do primeiro tipo e o modelo revolucionário do segundo qualificam-se como teologias contextuais em si. A mensagem missionária da Igreja Cristã encarnou-se na vida e no mundo das pessoas que a aceitaram. Mas faz só pouco tempo que essa natureza essencialmente contextual da fé foi reconhecida.

Durante muitos séculos, todo desvio do que era declarado por qualquer grupo como sendo a fé ortodoxa era visto como heterodoxia, inclusive como heresia. Não se reconhecia o papel de fatores culturais, políticos e sociais.

Após o XVI e a Reforma Protestante

As igrejas atribuíram o direito de determinar qual era a verdade “objetiva” da Bíblia e de dirigir a aplicação dessa verdade intemporal ao cotidiano dos crentes.

Friedrich Schleiermacher, foi pioneiro a perceber que toda teologia era influenciada, se não determinada pelo contexto em que evoluíra. Até mesmo entre teólogos profissionais como por exemplo:

Os membros da Sociedade de Estudos Neotestamentários (SNTS)

Paul Ricoeur:

Propôs a concepção de que cada texto é um texto interpretado.

“[...] o texto ‘torna-se’ à medida que nos envolvemos com ele”.

Interpretar um texto não é apenas um exercício literário; também é um exercício social, econômico e político. Todo o nosso contexto está em jogo quando interpretamos um texto bíblico. È preciso, pois conceber que qualquer teologia (ou sociologia, teoria política, etc.) é, por sua própria natureza, contextual. As igrejas se arrogavam o direito de determinar qual era a verdade objetiva”da Bíblia e de dirigir a aplicação dessa verdade intemporal ao cotidiano dos crentes”. O advento do iluminismo trouxe um novo vigor a essa abordagem. No paradigma kantiano, por exemplo, a razão “pura”ou “teórica” era superior à “razão prática”.

A concepção de Bacon originou uma abordagem complementar. O pensamento dedutivo anterior deu lugar a um método indutivo ou empírico na ciência. Ao invés de partir de princípios e teorias classificadamente derivados, começava-se agora com a observação. Em círculos teológicos onde esta ideias foram adotadas, credos e dogmas eram agora julgados em termos de utilidades práticas. Não se referia à fé cristã porque fosse à única religião verdadeira, mas porque era manifestamente a melhor. (cf. Dennis 1887, 1899, 1906).

Fridrich Shaleirmacher (1768 – 1834), foi um dos primeiros teólogos a dar-se conta que havia algo fundamentalmente equivocado com todo esse modus operandi. Ele não interpretava a Reforma Protestante como uma tentativa de restaurar a igreja primitiva ou apostólica e sim a igreja cristã está no processo de sempre tornar-se; a igreja do presente é tanto o produto do passado como a semente do futuro. A teologia deve ser uma reflexão sobre a vida e experiência da própria igreja (cf. Gerrish 1984: 194-196, 201). Mas nem Shleiermacher nem os especialistas em análise morfocrítica, como Bultmann, foram capazes de dar o passo seguinte. Eles não perceberam que suas próprias interpretações eram tão paroquiais e condicionadas por seu contexto quanto o eram as daqueles que estavam criticando.

A Ruptura Epistemológica (Quando comparadas com as teologias tradicionais)

“A partir de cima”: A teologia era conduzida como um empreendimento restrito as elites tendo como fontes principais: Escritura, tradição e a filosofia. Interlocutor – o não crente educado.

A teologia contextual é “a partir de baixo”, “do reverso da história” e sua principal fonte (além da Escritura e da tradição) são as ciências sociais e seu interlocutor mais importante é o pobre culturalmente marginalizado (cf. também Frostin 1988:6s).

Sergio Torres explica a diferença entre a tradicional epistemologia ocidental e a epistemologia emergente da seguinte maneira:

“A forma tradicional de conhecer considera a verdade como a conformidade da mente a um determinado objeto, o que faz parte da influencia grega na tradição filosófica ocidental”. Esse conceito de verdade apenas se conforma ao mundo existente e o legitima. Mas há uma outra maneira de conhecer a verdade – a dialética. Nesse caso, o mundo nãos constitui um objeto estático com que a mente humana se confronta e tenta compreender; pelo contrário, o mundo é um projeto não-concluido e em construção. O conhecimento não é conformidade da mente ao objeto, mas uma imersão nesse processo de transformação e construção de um novo mundo. (in: Appiah-Kubi & Torres 1979:5).

Em primeiro lugar, há uma profunda suspeita de que não só a ciência e a filosofia ocidentais, mas também a teologia ocidental, seja ela conservadora ou liberal, a despeito de (ou por causa de?) reivindicarem que o conhecimento era neutro, destinavam-se, em verdade, a servir os interesses do Ocidente, mais especificamente legitimar “o mundo agora existente”. A “hermenêutica da suspeita”de Nietzsche é radicalizada e aplicada, em especial, à erudição ocidental em todas as formas, uma vez que evoluiu no sentido de justificar a dominação imperialista (cf. Segundo 1976).

Em segundo lugar,

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