ANÁLISE DO CONTO MISS ALGRAVE

ANÁLISE DO CONTO MISS ALGRAVE

RODRIGUES, Shirley Kaliana1

O conto fala de Ruth Algrave, uma datilógrafa, solteira, virgem, que morava sozinha. A personagem era puritana, rejeitando qualquer comportamento que fizesse a mínima alusão ao pecado. A sua feira era composta de verduras e legumes, já que, comer carne para ela era pecado. Miss Algrave via no menor gesto, a figura da indecência. Assim era Miss Algrave, não se despia ao tomar banho, não se olhava sem roupa diante do espelho, não suportava o cheiro de álcool que vinha dos bares, não via TV, os casais se beijando lhe provocava repulsa.  O seu desejo era escrever protestos todos os dias ao Time.  “Sentia-se ofendida pela humanidade”. (LISPECTOR, 1998 p. 13).

Em uma noite de maio, Miss Algrave recebe a visita de Ixtlan, um ser de outro planeta, que faz aflorar toda a feminilidade de Ruth, esse ser traz à tona todos os desejos da personagem, até então reprimidos. E eis que, no lugar da moça virgem e sem graça, surge uma nova dama. Agora era uma mulher, não desejava mais protestar, desejava viver.

Comer carne, olhar os animais fazendo sexo, atos antes por ela ignorados, agora faziam parte do seu cotidiano. Ruth não tinha mais interesse em ser a datilógrafa perfeita, viveria do ofício que_ sabia ela_ exercia com perfeição. E com seu primeiro pagamento, comprou um vestido vermelho. E decidiu que a partir daquele dia, prestaria ao seu chefe outro tipo de serviço.

Surge dessa forma a transformação da personagem, que se deu graças a visita do extraterrestre, Ixtlan foi o facilitador da libertação de Miss Algrave. A  mulher  que num primeiro momento era santa, reprimida, sem graça, presa aos valores impostos pela sociedade, agora era  livre, solta, profana e feliz.

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        1 Aluna do 4º período do Curso de Letras, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

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