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O EXÉGESE DE CARTAS PARTE III – COMENTÁRIO EXEGÉTICO DE COLOSSENSES

Por:   •  12/5/2021  •  Trabalho acadêmico  •  7.261 Palavras (30 Páginas)  •  174 Visualizações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO “REV. DENOEL NOCODEMOS ELLER”

ANDRÉ LUÍZ ALMEIDA SANTANA

VILSON BATISTA

EXÉGESE DE CARTAS PARTE III – COMENTÁRIO EXEGÉTICO DE COLOSSENSES 1:15-20

BELO HORIZONTE

2020

ANDRÉ LUÍZ ALMEIDA SANTANA

VILSON BATISTA

EXÉGESE DE CARTAS PARTE III – COMENTÁRIO EXEGÉTCIO DE COLOSSENSES 1:15-20

Trabalho apresentado para atender a exigência da disciplina Metodologia Exegética, do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller

BELO HORIZONTE

2020

COMENTÁRIO EXEGÉTICO ME COLOSSENSES 1:15-20

“15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, 19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude 20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.” ARA

Texto grego da UBS (United Bible Societies)

15 ὅς ἐστιν εἰκὼν τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου, πρωτότοκος πάσης κτίσεως, 16 ὅτι ἐν αὐτῷ ἐκτίσθη τὰ πάντα ἐν τοῖς οὐρανοῖς καὶ ἐπὶ τῆς γῆς, τὰ ὁρατὰ καὶ τὰ ἀόρατα, εἴτε θρόνοι εἴτε κυριότητες εἴτε ἀρχαὶ εἴτε ἐξουσίαι· τὰ πάντα δι' αὐτοῦ καὶ εἰς αὐτὸν ἔκτισται· 17 καὶ αὐτός ἐστιν πρὸ πάντων καὶ τὰ πάντα ἐν αὐτῷ συνέστηκεν, 18 καὶ αὐτός ἐστιν ἡ κεφαλὴ τοῦ σώματος τῆς ἐκκλησίας· ὅς ἐστιν ἀρχή, πρωτότοκος ἐκ τῶν νεκρῶν, ἵνα γένηται ἐν πᾶσιν αὐτὸς πρωτεύων, 19 ὅτι ἐν αὐτῷ εὐδόκησεν πᾶν τὸ πλήρωμα κατοικῆσαι 20 καὶ δι' αὐτοῦ ἀποκαταλλάξαι τὰ πάντα εἰς αὐτόν, εἰρηνοποιήσας διὰ τοῦ αἵματος τοῦ σταυροῦ αὐτοῦ, [δι' αὐτοῦ] εἴτε τὰ ἐπὶ τῆς γῆς εἴτε τὰ ἐν τοῖς οὐρανοῖς·

INTRODUÇÃO

        A epístola de Paulo aos Colossenses foi destinada à Igreja estabelecida na cidade de Colossos, província romana na Ásia. Sabe-se pouco a respeito de Colossos, apenas que ficava a cerca de 175 km a leste de Èfeso, às margens do Rio Lico e que desfrutou de certo prestígio comercial até que entrou em decadência em função de um violento terremoto (entre 61 e 66 d.C.). Ficava próxima a outras duas cidades citadas na carta, Hierápolis e Laodiceia. Antioco enviou para lá grande número de judeus em 200 a.C.. Em que pese não ser possível afirmar com exatidão quem foi o fundador da igreja em Colossos, podemos deduzir que ela tenha sido fundada quando da terceira viagem missionária de Paulo. O mesmo permaneceu em Éfeso por cerca de dois anos e dali, possivelmente, comandou a pregação do evangelho nas cidades em torno (“Durou isso por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a Palavra do Senhor; tanto judeus como gregos.” Atos 19:10). Epafras era o ministro desta igreja naquele contexto e podemos deduzir que a mesma era composta por uma maioria de convertidos provindos de religiões pagãs (“E a vós outros, também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas” Cl. 1:21). Epafras foi também portador de notícias sobre a igreja de Colossos, transmitidas a Paulo. Essas notícias falavam da fé em Cristo e amor mútuo (1:4; 1:8; 2:5), mas também davam conta de ameaças que rondavam o arraial da igreja. Essas ameaças, ainda que não estejam claramente expostas na carta, possivelmente afrontava a supremacia e a suficiência de Cristo (1:23; 2:4; 2:16-23).

O objetivo desta epístola era exortar os irmãos daquela igreja a se precaverem contra as heresias que tentavam afastá-los do evangelho que receberam, e a necessidade de firmar a fé em Cristo Jesus. Paulo dedica toda a primeira parte para este fim dando ênfase na pessoa de Cristo a quem chama de “imagem do Deus invisível” e “primogênito de toda a criação”. As hipóteses levantadas sobre as heresias informadas por Epafras tem dois aspectos: Possivelmente era algo relacionado à pessoa de Cristo e a sua plenitude. Paulo destaca tanto a ligação de Cristo com Deus (1:15-20) quanto à sua humanidade, sua carne e seu sangue (1:22). Alguns historiadores relacionam tais heresias aos primeiros adeptos do gnosticismo que criam que a matéria é má, assim Cristo, como filho de Deus, não poderia ter um corpo natural, devendo ser apenas um espectro. Viam a matéria como eterna, não sendo criada a partir do nada, mas via emanações. Isso vai contra a natureza de Cristo como agente de Deus na criação. O outro aspecto destas heresias está relacionado aos chamados judaizantes, que insistiam na continuação de rituais típicos do judaísmo em paralelo ao cristianismo, como se estes fossem essenciais para a salvação. Nos versos de Colossenses 1 de 15 a 20, procuraremos, através de um estudo da língua original, se utilizando de uma tradução livre, buscando preservar o sentido real das palavras, ver como Paulo trata a relação de Deus com seu filho (Jesus Cristo) e como esta relação permite ao Filho gozar de todos os benefícios que ela lhe concede. Ao final, procuraremos também apresentar a mensagem desta passagem para o contexto da época em Colossos, e a partir daí, aplicarmos a mensagem ao nosso contexto atual.

COMENTÁRIO EXEGÉTICO

VERSO 15

“ὅς ἐστιν εἰκὼν τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου” (O qual é a imagem do Deus invisível): O pronome relativo simples “ὅς” ( Hos - que , o qual, quem), na língua grega, está diretamente relacionado ao termo que vem anteriormente, chamado de antecedente do pronome. Aqui, este pronome está ligado ao seu antecedente que se encontra no verso 13 (“O Filho de seu amor”). Claramente se referindo a Jesus Cristo “no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.” (Verso 14). Assim o pronome ὅς” (o qual) aponta desde esse início para a pessoa de Jesus Cristo. O que vem a seguir (ἐστιν εἰκὼν” estin eikôn - ele é a imagem) denota a condição de Jesus como Filho de Deus, portanto igual a Deus em essência. Entre outras coisas eikôn significa imagem, semelhança, forma, e é aplicada a Jesus por sua natureza divina e absoluta excelência moral. Gill afirma que “isso projeta mais do que uma sombra e representação, ou que similitude e semelhança; inclui mesmice da natureza e perfeições”. Essa aplicação é confirmada no complemento da frase: τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου” (tou Theou tou aoratou – do Deus invisível). Interessante que Paulo atribui o adjetivo aoratou (invisível) a Deus, e é a verdade, mas afirma que Jesus Cristo é a imagem deste Deus que é aoratou! Ou seja, os crentes de Colossos, assim como todos em todos os lugares e em qualquer tempo, podem ver o Deus invisível na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo. O evangelista João afirma que “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito” (Jesus), “que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo. 1:18). Não nos é possível ver a Deus, a não ser que o Filho nos revele. E mais, não nos é possível sequer conhecer a Deus se O Filho não nos mostra-lo. Jesus tinha plena consciência disso por isso ele afirma: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14:9), pelo que Calvino disse: “Deus em si mesmo, isto é, em sua majestade nua, é invisível, e isso não apenas aos olhos do corpo, mas também aos entendimentos dos homens, e que nos é revelado apenas em Cristo”. Deus mostra em Cristo seus atributos tais como amor, poder, bondade, justiça, enfim, a integridade de seu ser. Convém-nos destacar que embora o Gênesis diga que somos seres criados à imagem de Deus (Gn. 1:26 e 27), tal se reflete em suas faculdades naturais e domínio sobre as criaturas, sendo que essa imagem não é a imagem expressa de sua pessoa. Cristo é, assim, nas palavras de Henry, a imagem de Deus “como o filho é a imagem de seu pai, que tem uma semelhança natural com ele, de modo que aquele que o viu, viu o Pai, e sua glória era a glória do unigênito do Pai. João 1: 14”.

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