O Evangelho

Igor Luís Nozabielli Luchetti

Evangelho

No mundo grego significa o portador de uma boa mensagem, seja a boa mensagem que traz seja a recompensa por ela. A mensagem da vitória. O sentido religioso recebe o termo nos oráculos, que significa a mensagem de um Deus. No sentido imperial o imperador era considerado como um ser divino e como portador de salvação, tudo o que se relaciona com ele é evangelho: seu nascimento, sua subida ao poder, seus editos, tudo isso é portador de boa nova, portanto evangelho.

No Novo Testamento ao usar esta palavra não depende do uso helenístico-pagão nem dos septuaginta, mas sim do sentido que a palavra hebraica bisar tem. E significa a mensagem do tempo da salvação que está eminente. O mensageiro da alegria é o arauto que se adianta à marcha triunfal do Senhor e anuncia a vitória.

A tarefa do mensageiro da alegria escatológica foi apropriada por Jesus na sua resposta à legação de João Batista, qual lhe mandara perguntar se ele era aquele que vem. Como está escrito no Evangelho de Mateus 11,15 e em Lucas 7,22. Aparece também na sua pregação em Nazaré, narrada em Lucas 4,16-21.

O tema da pregação de Jesus é o anúncio do Reino de Deus, e essa é a Boa-Nova. Jesus não somente anuncia a boa notícia, mas pela sua obra salvífica ele mesmo pertence ao Evangelho. Aqui o termo muda o seu sentido, já não é mais o anúncio de algo futuro, mas sim o conhecimento de que já se realizou.

Esta mudança de sentido também se nota nos sinóticos, em Marcos 14,9, que olha retrospectivamente para a obra de Jesus, e em Marcos 1,1 que narra o começo das obras de Jesus, não é do começo da pregação de Jesus, mas sim o começo de toda a sua vida pública.

Essa mudança não é uma mudança total, pois a obra salvífica de Deus realizada pela ação de Jesus, não é, contudo, uma mudança total, porque se conserva a perspectiva do futuro. A ele pertence a complementação escatológica da salvação.

Evangelho também se torna termo para designar a pregação apostólica, cujo conteúdo central é Jesus e sua obra salvífica. São Paulo é o que mais usa a palavra, como vemos em Romanos 1,9; 15,10; 1 Cor 9,12-18; 2 Cor 2,12; Gálatas 1,7.