O Sacramento do Matrimônio
Por: FREI ANTÔNIO DA PAIXÃO DE CRISTO, PJC. • 1/7/2023 • Artigo • 1.762 Palavras (8 Páginas) • 87 Visualizações
FACULDADE DE FILOSOFIA E TEOLOGIA PAULO VI
DISCIPLINA: Sacramento do Matrimônio
PROFESSOR: Eduardo Nery
ALUNO: Alexsandro Rodrigues de Assis
RGM: 20212271
ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE
Como cristãos, sabemos que a família é a base da sociedade. É nela que aprendemos a amar, a conviver e a nos relacionar com o outro. No entanto, sabemos também que a vida em família pode ser difícil e complexa, e que muitas vezes nos deparamos com situações de fragilidade e dificuldade. Foi pensando nisso que o Papa Francisco escreveu a exortação apostólica "Amoris Laetitia", em que aborda o tema do amor na família e nos convida a acompanhar, discernir e integrar a fragilidade. Neste artigo, vamos refletir sobre as principais ideias dessa exortação apostólica e como elas podem nos ajudar a viver em família de forma mais amorosa e harmoniosa.
O papa, juntamente com os bispos sinodais no número 292, traz novamente a luz da Palavra de Deus a reflexão comparativa da relação do matrimônio com a relação da união de Cristo, Esposo, com a Igreja, sua Esposa. Este parágrafo deixa claro que o matrimônio é reflexo do Amor Sacrificial de Cristo, que se entrega por sua Igreja, vejamos o que diz o parágrafo: “O matrimónio cristão, reflexo da união entre Cristo e a sua Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até à morte e abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes confere a graça para se constituírem como igreja doméstica e serem fermento de vida nova para a sociedade. Algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal, enquanto outras o realizam pelo menos de forma parcial e analógica. Os Padres sinodais afirmaram que a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o matrimónio”. O papa é categórico ao afirmar que algumas formas de matrimônio estão distantes deste ideal.
Uma das principais ideias da exortação apostólica "Amoris Laetitia" contida no capitulo 8º é o da a gradualidade no cuidado pastoral. O Papa Francisco nos convida a ter uma visão mais ampla e compreensiva da vida em família, reconhecendo que nem sempre é possível seguir à risca as normas e padrões estabelecidos pela Igreja. Ao invés disso, ele nos convida a acompanhar as famílias em sua caminhada, respeitando o ritmo de cada um e levando em consideração as circunstâncias e situações de fragilidade. Isso implica em uma abordagem mais pastoral e misericordiosa, que busca compreender as necessidades e dificuldades dos fiéis e oferecer um acompanhamento mais próximo e acolhedor. Para tal realidade o Papa nos convida a ter um olhar atento e acolhedor, que leva a superar as dificuldades enfrentando de forma construtiva as situações que nos permeia «é preciso enfrentar todas estas situações de forma construtiva, procurando transformá-las em oportunidades de caminho para a plenitude do matrimónio e da família à luz do Evangelho. Trata-se de acolhê-las e acompanhá-las com paciência e delicadeza» Foi o que Jesus fez com a Samaritana (cf. Jo 4, 1-26): dirigiu uma palavra ao seu desejo de amor verdadeiro, para a libertar de tudo o que obscurecia a sua vida e guiá-la para a alegria plena do Evangelho. Para Francisco é preciso ter o coração aberto ao Evangelho, a ter o olhar amoroso e gentil de Jesus
Outra questão importante abordada na exortação apostólica "Amoris Laetitia" é o discernimento das situações "irregulares". O Papa Francisco reconhece que muitas famílias vivem situações difíceis e complexas, como o divórcio, a separação, a união estável e outras formas de convivência que não se enquadram nos padrões estabelecidos pela Igreja. Diante dessas situações, ele nos convida a discernir com sabedoria e prudência, levando em consideração as circunstâncias e os contextos em que essas situações ocorrem. Isso implica em uma abordagem mais flexível e contextualizada, que busca encontrar soluções pastorais que sejam adequadas para cada caso.
Um tema muito importante abordado na exortação apostólica "Amoris Laetitia" é o papel das circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral. O Papa Francisco nos convida a olhar para além das situações aparentes e a considerar as causas e circunstâncias que levaram a pessoa ou a família a viver uma situação "irregular". A esse respeito, Francisco deixa Claro: “Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia «imerecida, incondicional e gratuita». Ninguém pode ser condenado para sempre, porque esta não é a lógica do Evangelho! Não me refiro só aos divorciados que vivem numa nova união, mas a todos seja qual for a situação em que se encontrem. Obviamente, se alguém ostenta um pecado objetivo como se fizesse parte do ideal cristão ou quer impor algo diferente do que a Igreja ensina, não pode pretender dar catequese ou pregar e, neste sentido, há algo que o separa da comunidade (cf. Mt 18, 17). Ele nos lembra que muitas vezes essas situações são causadas por fatores externos, como a pobreza, a violência, a exclusão social e outros problemas que afetam a vida das pessoas. Por isso, ele nos convida a ser mais misericordiosos e compreensivos, levando em consideração as circunstâncias atenuantes que podem estar presentes em cada situação.
Outro tema importante abordado na exortação apostólica "Amoris Laetitia" é a relação entre padrões e discernimento pastoral. O Papa Francisco nos convida a repensar os padrões e normas estabelecidos pela Igreja, reconhecendo que nem sempre eles são adequados para lidar com as situações reais que as famílias enfrentam. Ele nos convida a ser mais flexíveis e contextualizados, levando em consideração as particularidades de cada caso e as necessidades das famílias. Diante disso Papa nos alerta de acordo CIC «A imputabilidade e responsabilidade dum ato podem ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência, o medo, os hábitos, as afeições desordenadas e outros fatores psíquicos ou sociais». E, noutro parágrafo, refere-se novamente às circunstâncias que atenuam a responsabilidade moral, nomeadamente «a imaturidade afetiva, a força de hábitos contraídos, o estado de angústia e outros fatores psíquicos ou sociais». Por esta razão, um juízo negativo sobre uma situação objetiva não implica um juízo sobre a imputabilidade ou a culpabilidade da pessoa envolvida. No contexto destas convicções, considero muito apropriado aquilo que muitos Padres sinodais quiseram sustentar: «Em determinadas circunstâncias, as pessoas encontram grandes dificuldades para agir de maneira diferente. (...) O discernimento pastoral, embora tendo em conta a consciência rectamente formada das pessoas, deve ocupar-se destas situações. As próprias consequências dos atos praticados não são necessariamente as mesmas em todos os casos». Por fim ele nos chama uma abordagem mais humana e misericordiosa, que busca compreender as necessidades e dificuldades das pessoas e oferecer soluções pastorais que sejam adequadas para cada caso.
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