PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Por: Tiago Fernandes • 5/11/2019 • Trabalho acadêmico • 4.587 Palavras (19 Páginas) • 302 Visualizações
[pic 1] | PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PIBIC/PIBITI – 2019-2020 (PROF. LUIZ JOSÉ DIETRICH) |
tradução da bíblia e direitos humanos
8ª Etapa:
A influência das doutrinas do tradutor na tradução de )elohim (אֱלֹהִים), e ha)elohim (הָאֱלֹהִ֔ים) em alguns versículos do Pentateuco
PROJETO DE PESQUISA DO PROFESSOR ORIENTADOR
PIBIC
ÁREA ESTRATÉGICA DO PROJETO: DIREITOS HUMANOS
Curitiba
23 de abril de 2019
SUMÁRIO
1. Introdução 2
2. Objetivos 9
3. Método 10
4. Cronograma 11
5. Referências 12
Projeto de pesquisa (Plataforma Lattes)
Tradução e Exegese da Bíblia no Brasil |
INTRODUÇÃO
A tradução é uma intermediação. É uma importante ponte que possibilita comunicação entre pessoas, culturas, mundos e épocas diferentes. A tradução de qualquer expressão, seja falada ou escrita, é sempre um processo bastante exigente. Porém, em se tratando da tradução de textos sagrados, considerados “Palavra de Deus” (livro sagrado para o Judaísmo, Cristianismo, e com certa influência no Corão, livro sagrado do Islamismo), essa intermediação torna-se ainda mais tensa e a complexidade alcança contornos extremamente acentuados. Além dos desafios inerentes a todo processo de tradução, relacionadas a um competente conhecimento do campo gramatical, semântico e cultural tanto da língua de origem como da língua do destino da tradução, a tradução bíblica acrescenta um conjunto de complicadores advindos das peculiaridades que fazem da Bíblia um livro diferente de todos os outros livros.
Por conta dessas idiossincrasias, até mesmo as questões de gramática e de semântica tornam-se mais complexas. Ainda, no caso da Bíblia, deve-se considerar o fato de que não possuímos nenhum texto original, de nenhum dos livros. E as milhares de cópias, ou fragmentos de cópias antigas, que chegaram até nós, quando comparadas umas às outras apresentam muitas variantes. Essas variantes, introduzidas de forma involuntária ou por atos voluntários, vão desde leves modificações até mudanças altamente significativas. Assim não só a exegese de um texto bíblico, mas muitas vezes também a tarefa da tradução, exige primeiramente a definição, construção ou reconstrução do texto que testemunharia de modo mais fiel o texto original (as edições críticas são fruto desse trabalho). Todos esses fatores têm fortes implicações na escolha do tipo de tradução que se fará, mais formal, de equivalência dinâmica ou outra, e claro, também no trabalho de
Todas essas características justificam uma abordagem específica da tradução e da exegese bíblica no campo acadêmico. Abordagem que, especialmente no campo da tradução, infelizmente ainda é muito rara, apesar de termos mais de trinta traduções da Bíblia no Brasil.
O processo de tradução da Bíblia é atualmente também impactado pelas recentes mudanças na forma de realizar os estudos arqueológicos no mundo da Bíblia. Estes acarretam muitas transformações no modo de compreender a história de Israel, a história da Bíblia e a história de muitas de suas teologias e instituições (FINKELSTEIN e SILBERMANN, 2003; SILVA, 2003; LIVERANI, 2008; KAEFER, 2015.)[1].
A nova maneira de conceber a história de Israel nos desafia a reler quase tudo o que se pensava saber sobre as teologias do antigo Israel e também suas instituições. O quadro agora é muito menos linear do que era até agora imaginado e também mais complexo, mas ao mesmo tempo, acredita-se, mais próximo da vida real, menos mitificado, menos idealizado.
Consequências especialmente desafiantes se dão no campo da compreensão do desenvolvimento da religião e das teologias de Israel (DIETRICH, 2012). Urge reconfigurar nosso modo de compreender a religião de Israel, considerando um complexo percurso que vai do politeísmo, com uma grande diversidade Deuses e Deusas, locais de culto, famílias sacerdotais, liturgias, imagens, etc., para um monoteísmo anicônico (REIMER, 2012), centralizado em Jerusalém como único local de culto, controlada por uma família sacerdotal e com um código litúrgico único.
Esta pesquisa têm uma importante interface com o outro projeto de pesquisa do professor orientador, denominado “Monoteísmo, Colonialismos, Diversidades e Direitos Humanos”, que aborda exatamente o processo de instituição do Monoteísmo em Israel, as violências embutidas nesse processo e que quedaram inscritas em certas teologias monoteístas judaico-cristãs, e suas sobrevivências nos fundamentalismos atuais. O que se verifica, é que o texto bíblico, que inclui em si, muitos textos violentos, ali descritos como vontade de Deus, influenciaram teologias e espiritualidades, que por sua vez estruturaram-se em doutrinas e padrões morais, nos quais se admite e se estimulam pensamentos e atitudes discriminatórias, preconceituosas e, não raro, violentas.
Tudo isso se vincula com a tradução, na medida em que as teologias e doutrinas do tradutor, ou do grupo de tradutores, se imiscui na tradução, resultando em textos que reforçam estas doutrinas e por consequência, as práticas intolerantes e de desrespeito aos direitos humanos relacionados com as diversidades, especialmente as diversidades religiosas e de gênero. Sendo notório o combate que igrejas portadoras destas doutrinas realizam, por exemplo, contra a inclusão dos conceitos de gênero no curriculum escolar[2].
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