Psicanalise dos contos de fadas
Por: Suellem Fernouz • 21/11/2016 • Artigo • 304 Palavras (2 Páginas) • 263 Visualizações
Um outro
Estou na flor da idade. Velho, cansado e amargurado. Esquecido do tempo e do espaço, sentado como um paralítico olhando uma janela com cores terríveis queimam os meus olhos, sobre uma cadeira pensando em vidas. Tentando escrevê-las para não esquecê-las. Mesmo minha visão sendo curta, não deixa de notá-la em minha frente. Tranças de rosas os seus cabelos. O enrolado dos fios deslizando entre meus dedos como uma dança aérea em um tecido. Era como uma cigana em plano de vôo. Olhar nítido de céu aberto. E quando olhava tamanhos movimentos de um lado para o outro, continuamente feito uma goteira, quando não era um botão de rosa germinando, tornava-se uma borboleta em metamorfose. Lembro-me daquela boca sedenta, cor de vinho, daquela pele clara, daquela mulher tão indomável como o oceano. Viera para minha vida como um Iceberg, desmoronando-me. Queria ela a desejava tanto, porém só vivia voando. Aprisionei o pássaro na gaiola, era tão linda, tão cheia de vida, tão linda e só minha. Toquei naquele corpo, fez-se um nó entre nós, estávamos selados. Ou era o que pensava. Era muito menina, inocente. Seguia-a pelos cantos, perseguia seu cheiro no ar. Ela era minha, só minha, contudo não tivera percebido isso.
Um dia a vi entre paredes com um sujeito rindo, todavia, era só minha! Por isso presenciei aquela cena: sendo tomada por outro e “Pow”. Após isso eles param, pararam de pulsar e respirar. As cores da janela ficaram mais escuras, posso ver como a vegetação esse ano caíra, agora, minha menina mulher não morreu, está viva, posso vê-la. Dançando embriagada pelo ar com cores reluzentes de prata e ouro, entre panos vermelhos e brancos, tornando-os tranças com as pernas. De súbito ela para e me olha com toda a inocência que a tirei e sorri,
simplesmente. Vaguei por essa cena, eternamente.
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