RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA INFÂNCIA: A ESCOLA COMO ESPAÇO DE (DES) CONSTRUÇÃO DAS DIFERENÇAS
Monografias: RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA INFÂNCIA: A ESCOLA COMO ESPAÇO DE (DES) CONSTRUÇÃO DAS DIFERENÇAS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: petersongyn • 25/3/2015 • 6.870 Palavras (28 Páginas) • 398 Visualizações
Roteiro, Joaçaba, Edição Especial, p. 145-164. 2014 145
RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA
INFÂNCIA: A ESCOLA COMO ESPAÇO DE (DES)
CONSTRUÇÃO DAS DIFERENÇAS
Rosania Maria Silvano Bittencourt*
Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar “Menino Maluquinho, o filme”.
Propôs-se a compreender o olhar das crianças sobre as relações de gênero e sexualidade.
Esta pesquisa foi organizada a partir de um grupo focal com oito crianças, sendo
a faixa etária entre oito e nove anos, em uma abordagem qualitativa. Nessa análise,
percebeu-se que a relação das crianças com os adultos acontece em uma convivência
relacional ao mesmo tempo em que paradoxal, pois os mesmos adultos que as protegem
também as reprimem. Os sujeitos desta pesquisa demonstraram a possibilidade
de transgressão às regras sociais impostas. Percebeu-se também que os atributos masculinos
e femininos, socialmente considerados, não são tão fixos como aprendemos.
Palavras-chave: Escola. Infância. Gênero. Sexualidade. Educação.
Gender and sexuality relations in the childhood: the school like a space of
(de)construction of differences
Abstract: This study has aimed to analyse “Menino Maluquinho, o filme”. It has
proposed to understand the child view about gender relations and sexuality. This research
was organized from a focal group with eight children and the age group being
between eight and nine years old in a qualitative approach. In this analysis, it was
perceived that the children’s relation with the adults happens in a relational acquaintanceship
and paradoxal at the same time, because the adults who protect, repress as
well. The subjects in this study manifest the possibility of transgressing to the imposed
social rules and the male and female attributes, socialy considered, aren’t as fixed as
we learned.
Keywords: School. Childhood. Gender. Sexuality. Education
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Professora efetiva da Rede Pública Municipal de Criciúma; Membro participante do Grupo de Pesquisa
História e Memória na Universidade do Extremo Sul Catarinense; Av. Universitária, 1105, Bairro
Universitário, 88806-000, Criciúma, Santa Catarina, Brasil; zanebit@hotmail.com
146 Disponível em: www.editora.unoesc.edu.br
Rosania Maria Silvano Bittencourt
1 INTRODUÇÃO
Quando se fala em gênero na educação, logo estabelecemos uma estreita
ligação entre o sexo. Porém, é preciso que se perceba a profunda diferença entre ambos,
de modo que, ao nos referirmos ao sexo, reportamo-nos à genitália do homem ou
da mulher, característica que trazemos conosco logo ao nascer. Da mesma forma, ao
se tratar da sexualidade equivocadamente, reporta-se ao biológico em detrimento do
social. Em se tratando da constituição humana, é comum ocorrer certa dificuldade em
diferenciar categorias como gênero e identidade de gênero, incluindo também nessa
“confusão” o sexo e a sexualidade.
As atribuições estabelecidas para o feminino e para o masculino são construções
sociais que vão além do biológico. A escola, por sua vez, pode desempenhar o
seu papel de fomentar essa discussão e de enfatizar a construção social, no sentido de
desconstruir as desigualdades, contribuindo para a equidade de gênero.
Este estudo foi desenvolvido em uma Escola Municipal de Educação Infantil
e Ensino Fundamental da cidade de Criciúma, SC, e teve como objetivo analisar
“Menino Maluquinho, o filme”, com a finalidade de compreender o olhar das crianças
sobre as relações de gênero e sexualidade.
O filme em análise foi produzido a partir da obra literária “O Menino Maluquinho”,
um sucesso no Brasil a partir do seu lançamento em 1980, tendo vendido
até o fim de 2006 mais de dois milhões e meio de exemplares. O autor, Ziraldo, nasceu
em 1932 no Estado de Minas Gerais e escolheu o jornalismo como profissão. Essa
obra literária apresenta ao leitor um menino “maluquinho” em forma de cartoon, de
cara redonda, sorriso largo, alegre, divertido, sapeca, com uma panela na cabeça. Com
mais de uma década de sucesso, o livro foi adaptado para o cinema, mantendo-se a
fidelidade ao enredo original.
A primeira versão cinematográfica contou com a produção de Tarcísio Vidigal
e o roteiro de Maria Gessy de Sales, Alcione Araújo, Helvécio Ratton e do autor
do livro, Ziraldo. Helvécio Ratton, além de roteirista, assumiu a função de diretor
desse filme.
A história se passa no final da década de 1960 e o cenário escolhido para
as cenas externas foi uma cidade do interior de Belo Horizonte, Minas Gerais. Maluquinho
é
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