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Resenha - Jesus - Pagola

Por:   •  14/11/2017  •  Resenha  •  1.220 Palavras (5 Páginas)  •  535 Visualizações

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O objetivo do autor é fazer uma investigação sobre a pessoa de Jesus: sobre sua vida, suas lutas e a força e originalidade de sua atuação na história.

No primeiro capítulo Pagola introduz o leitor ao pano de fundo histórico, apresentando o contexto político, geográfico e socioeconômico da época. Enquanto isso, o autor nos apresenta o Jesus da Galiléia, o judeu Nazareno que nasceu sobre a regência de Herodes O Grande e viveu sob o domínio do império Romano.

O autor suscita a seguinte questão: “É possível saber o que significava nos anos 30 ser um judeu da Galiléia?” (p.30). E para responder essa pergunta nós o acompanhamos através das observações feitas sobre as relações entre Roma e a Palestina, a dinastia dos Herodes e o povo, além da vida religiosa e a influência da mesma sobre o povo.

Entendemos que apesar de não ter sido “ocupada por soldados romanos” (p.33) a Palestina mantinha uma relação de profunda servidão frente aos seus senhores latinos. A pax romana se manifestava duramente, seja através da vigilância constante e supressão violenta ao menor sinal de insurreição, ou através dos altos tributos que os reis vassalos eram encarregados de cobrar da população.

Pagola cita pelo menos 3 impostos que pesavam sobre os cidadãos da Galileia, sendo dois deles exclusivos de Roma. São eles: o tributum soli, aplicado às terras cultivadas e o tributum capitis, cobrado a cada membro adulto da casa. O terceiro imposto era uma arrecadação Herodiana. Credita-se a esse último imposto os avanços das obras públicas no tempo de Herodes O Grande e posteriormente a Antipas, seu filho. Entretanto, não é possível dizer se “os tributos terminavam por aqui ou se também da parte do templo de Jerusalém lhes eram exigidas outras taxas sagradas” (p.45), porém é correto afirmar que esse fardo era esmagador para a população mais pobre, aonde “para muitas famílias ia embora em tributos e impostos um terço ou a metade do que produziam”(p.45).

O autor nos trás também, uma visão geral sobre os trabalhos de construção de Herodes O grande, como por exemplo, as fortalezas de Herodion, Maqueronte  e Massada, o teatro e o anfiteatro, a grandiosa Cesaréia Marítima e o templo de Jerusalém, bem como a cidade Tiberíades, fundada posteriormente por seu filho, Antipas.

José Antônio Pagola faz um contraste entre a geografia e as belezas naturais encontradas na região da Galileia, mencionadas pelo historiador judeu Flávio Josefo, e a profunda miséria na qual a maior parte dos galileus encontrava-se submersos. Assim como, faz um contra ponto entre o estilo de vida secular e religiosa dos galileus da época e a religião judaica.

O que nos leva a entender que Yeshua, tal quais muitos dos seus patrícios, era pobre e vivia como um judeu marginal, sem terra para o cultivo, mas trabalhando como um diarista “em busca de trabalho, sobretudo na época da colheita ou da vindima” (p.42), enquanto transitava no meio de um povo que era rejeitado e explorado pela religião judaica convencional, mesmo que de certa forma pudessem se considerar judeus.

Vemos pela ótica do autor no capítulo um, o Jesus que apesar de humilde, por força das circunstâncias, falava aramaico, era conhecedor do hebraico bíblico e provavelmente tinha um pouco de domínio da língua grega, mas acima de tudo defendia os pobres e os miseráveis com um discurso duro de denúncia contra as elites da época.

No capítulo 15, Pagola desenvolve o tema da identidade de Jesus.

Através da ressureição do Cristo, o autor vai em busca das repercussões  desse fato na vida dos seus seguidores, se utilizando das visões expostas nos quatro evangelhos para tentar lançar luz sob os eventos vividos pelos discípulos na Galileia e em Jerusalém.

Na verdade, segundo o autor, a releitura da história de Jesus se dá, pois os seus discípulos tem a necessidade de entender um pouco mais sobre o seu mestre “aquela vida surpreendente e cativante que conheceram de perto e cuja memória guardam viva no coração [...]”(p.528)  

Utilizando o relato do evangelho de Marcos, José Pagola mostra que havia uma urgência em trazer à resposta a pergunta “Quem era Jesus?”. Essa verdade vai se revelando na região de Cesaréia de Filipe, enquanto as pessoas concorrem entre si com opiniões diversas, dizendo que ele deveria ser João Batista ressurreto, ou Elias, mas Pedro diz: “Tu és o Messias” (Marcos 8.29). Todavia, Yeshua se revela como um messias diferente, um Cristo sofredor que veio para servir e não para ser servido, aquele que vai servir durante toda a sua vida através de milagres, prodígios, sinais e curas maravilhosas, aquele que vai ser servo até a morte na cruz.

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