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Resenha - Max Weber - U Toque De Clássicos

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Por:   •  4/12/2012  •  1.576 Palavras (7 Páginas)  •  9.965 Visualizações

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Na Alemanha, durante a época de Max Weber, existia uma grande polêmica: “as especificidades das ciências da natureza e do espírito e, no interior destas, o papel dos valores e a possibilidade da formulação de leis”. Era a corrente dominante do pensamento social e filosófico, o positivismo, versus seus críticos.

Os pensadores Marx e Nietzsche foram os que mais influenciaram na obra de Weber. A influência de Marx é clara, pois ambos focaram no tema “capitalismo ocidental”, dedicando-se ao estudo da perspectiva histórica, econômica, ideológica e sociológica. Weber buscou entender como as idéias e os fatores de ordem material intervinham na explicação sociológica, criticando o monismo causal que caracteriza os marxistas. A influência de Nietzsche vem de seu posicionamento “segundo o qual a vontade do poder, expressa na luta entre valores antagônicos, é que torna a realidade social, política e econômica compreensível”.

Weber refinou idéias e conceitos da época, representando avanço em termos de precisão metodológica. Uma das idéias refere-se ao posicionamento que o cientista deve assumir, pois tem seus próprios valores e ideais, mas deve estar capacitado a estabelecer uma “distinção entre reconhecer e julgar, e a cumprir tanto o dever científico de ver a verdade dos fatos, como o dever prático de defender” seus valores, devendo expô-los sem disfarçá-los de “ciência social” ou “ordem social dos fatos”. Os valores servem para ajudar o cientista na escolha de seu objeto e devem entrar na pesquisa de forma controlada, como “esquemas de explicação condicional.”

Distingue também política e ciência. A ciência é um procedimento racional, resultado do trabalho do cientista, organizada em disciplinas que trazem esclarecimento, conhecimentos e consequências de fatos inter-relacionados. A política é produto da reflexão do homem de vontade e de ação ou do membro de uma classe que compartilha com outras ideologias e interesses, vinculadas a convicções e deveres.

Outra importante distinção é a de julgamentos de valor e saber empírico. O saber empírico leva o cientista, usando métodos adequados, a procurar respostas de problemas específicos com a finalidade de sugerir a adoção de medidas para solucioná-los, porém nunca dizendo o que deve ser feito, mas o que pode ser feito. Os julgamentos de valor são os significados dados aos objetos ou aos problemas.

A atividade científica é racional com relação aos valores e às suas finalidades, sendo obrigação do cientista dizer a verdade. Weber diz que para chegar ao conhecimento é preciso: estabelecer as leis que serão meios para os estudos, analisar e expor de forma ordenada os fatores históricos, olhar para o passado para saber como as características individuais interagem, e avaliar o que pode acontecer no futuro.

Para Weber, ciências sociais buscam a “compreensão de eventos culturais enquanto singularidades”. Ela quer compreender a vida que nos rodeia, entendendo que as individualidades remontam do passado para explicar o presente, usadas para avaliar as perspectivas futuras. Para essa compreensão, o cientista deve escolher um fragmento ínfimo desses eventos culturais que considera relevante, para estudar. O critério de seleção deve levar em consideração o significado desse fenômeno no contexto cultural da época em que se inserem. Daí surgem a inteligibilidade e a objetividade das ciências sociais. Mas esse fato significativo escolhido sempre estará submetido a pressupostos, porque foi escolhido em função de valores. Assim, leis não podem ser criadas a partir da realidade empírica.

Conceitos genéricos são menos proveitosos para cientistas sociais, pois são pobres em conteúdo, não atingem a riqueza da realidade histórica. Em sua concepção, “os fenômenos individuais são um conjunto infinito e caótico de elementos cuja ordenação é realizada a partir da significação que representam e por meio de imputação causal que lhe é feita”. A escolha desses fenômenos é subjetiva porque só o ponto de vista humano é capaz de lhes conferir sentido. Para trazer objetividade e compreensão histórica é preciso elaborar os tipos ideais que tornem “compreensível a natureza das conexões que se estabelecem empiricamente”.

Weber constrói o conceito de tipo ideal, que é um instrumento de análise da sociologia criado para que o cientista social entenda uma realidade complexa, sendo que suas possibilidades devem ser limitadas à unilateralidade do modelo puro, à racionalidade (mesmo que sofra influência de fatores irracionais) e ao caráter utópico. Não é que o tipo ideal não corresponde à realidade, mas pode ajudar na sua compreensão.

São conceitos fundamentais da Sociologia Weberiana: ação e ação social (e suas subdivisões). Ação é para Weber toda conduta humana dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa. Ação social é toda conduta humana praticada com intenção. Esta ação social possui quatro tipos ideais: a ação racional com relação a fins, a ação racional em relação a valores, a ação de tipo afetivo e a ação de tipo tradicional.

A ação racional com relação a fins busca um objetivo previamente definido recorrendo aos meios mais adequados para atingir resultados. Na ação racional em relação a valores o agente está a serviço de suas convicções, em fidelidade aos seus valores, agindo com certa irracionalidade em relação aos meios e fins. A ação de tipo afetivo não tem motivação racional e o sujeito age inspirado em suas emoções imediatas, sem considerar os meios para atingir os fins. A ação de tipo tradicional é considerada por Weber como inconsciente, pois faz com que o agente aja de acordo com hábitos e costumes enraizados.

Weber denomina relação social como “a probabilidade de que uma forma determinada de conduta social tenha, em algum momento, seu sentido partilhado pelos diversos agentes numa sociedade qualquer”. Significa dizer que mais de um indivíduo orienta sua conduta por entender que outros agirão socialmente de um modo que corresponde ao que os primeiros esperam que estes façam. Mas esse caráter recíproco da relação social não significa que todos os envolvidos agirão da mesma forma, mas que todos sabem do que se tratam suas ações ainda que não haja correspondência.

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