Resenha: Teologia Biblica da Missão
Por: Rodrigo Neves • 20/10/2023 • Resenha • 2.215 Palavras (9 Páginas) • 135 Visualizações
seminário Presbiteriano do sul
ALAN CLEBER DA SILVA
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: O PROPÓSITO BÍBLICO DA MISSÃO
Campinas
2023
ALAN CLEBER DA SILVA
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: O PROPÓSITO BÍBLICO DA MISSÃO
Trabalho realizado de acordo com as exigências da Disciplina da Matéria Teologia de Missões I, ministrada pelo Professor: RICARDO COSTA
Campinas
2023
LANE, William Lacy. O propósito bíblico da Missão. Ed: Descoberta – Londrina PR: 2023.
O Reverendo William Lacy Lane é um teólogo com uma extensa formação acadêmica. Ele obteve um Bacharelado em Teologia pela Faculdade Teológica Sul-Americana em 2006, um curso livre em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul em 1988, e um Mestrado em Teologia pelo Calvin Theological Seminary em 1993. Ele também possui uma Especialização em Missiologia pelo Centro Evangélico de Missões em 2006, além de um Doutorado em Teologia da Escola Superior de Teologia em 2011. O Reverendo Lane atua como professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie e no Seminário Presbiteriano do Sul. Ele também tem ampla experiência em traduzir obras de teologia e exegese.
RESENHA
O objetivo desta obra é propor uma abordagem abrangente para a leitura da Bíblia, considerando toda a sua extensão, em vez de focar em passagens isoladas, e utilizar essa abordagem como base teológico-bíblica para a missão. O debate parte da ideia de que a teologia bíblica da missão atual resulta da busca por fundamentação bíblica e é herdeira do campo de estudo da teologia da missão que buscava essa base. Apesar da importância da fundamentação bíblica para a missão, é sugerido que se avance em direção a uma compreensão mais completa da mensagem bíblica para a teologia da missão, evitando fundamentar a missão em apenas alguns textos preferidos.
A base para a teologia bíblica da missão é a convicção de que as Escrituras Sagradas são o referencial absoluto, moldando a proclamação da mensagem bíblica. Isso implica que as motivações, ações, estratégias e propósitos da atividade missionária devem ser guiados pela compreensão teológica da Bíblia na perspectiva da missão.
Embora essa discussão possa parecer teórica, o objetivo é estabelecer os alicerces para uma missiologia integral, em que a mediação da presença divina na vida humana e na sociedade por meio de Cristo se torne um testemunho para a redenção e transformação de indivíduos e da sociedade como um todo.
O primeiro volume desta obra é dividido em duas partes principais:
A primeira parte explora a problemática da relação entre a Bíblia e a Missão, discutindo como isso tem sido abordado nas últimas décadas.
A segunda parte apresenta um molde literário e canônico para uma leitura teológica e missiológica da Bíblia.
Essa abordagem hermenêutica é então aplicada à leitura do Antigo Testamento na segunda parte. O autor busca identificar temas ao longo das Escrituras e como eles se relacionam para entender a Missão de Deus, refletindo, assim, sobre o papel da igreja na missão no mundo contemporâneo.
Parte 1 – UMA HERMENÊUTICA MISSIOLÓGICA
- A BÍBLIA E A MISSÃO
A discussão sobre a relação entre a Bíblia e a missão tem evoluído ao longo dos anos, sendo denominada de diferentes formas, como "Bíblia e missão", "hermenêutica missional" e "leitura missional da Bíblia". Apesar das novas terminologias introduzidas, a "hermenêutica missional" refere-se a um recente enfoque em uma antiga conversa sobre como a Bíblia se relaciona com a missão. Essencialmente, essa abordagem busca entender como conectar os temas missiológicos à Bíblia e como manter a natureza e o mandato bíblico da missão sem impor interpretações preconcebidas sobre os temas missionários.
Nesta obra, o autor opta por usar a terminologia "hermenêutica missiológica" ou "hermenêutica da missão" em vez de "hermenêutica missional", por várias razões conscientes. Primeiro, o autor não deseja entrar na discussão entre os conceitos de "missionário" e "missional". Aqueles dedicados à missiologia tendem a preferir o termo "missionário", enquanto os que se concentram em plantar igrejas, especialmente em contextos urbanos, veem o "missional" como focado demais na igreja local e menosprezando a missão global.
O autor usa essa terminologia para enquadrar a discussão hermenêutica dentro do contexto da "missio Dei" - a missão de Deus. Essa missão se manifesta tanto por meio das ações da igreja local quanto pelo envio de missionários, abrangendo desde os métodos tradicionais do movimento missionário cristão até as formas contemporâneas de missão, que vão de um lugar para outro e vice-versa.
Por fim, a terceira razão pela qual o autor escolhe essa terminologia é para que a discussão hermenêutica apresentada seja relevante tanto para a igreja local quanto para missões dentro de um país e além-fronteiras. O foco é em como interpretar a Bíblia na perspectiva da missão, adaptando essa interpretação para diversos contextos.
- ABORDAGEM DE LEITURA
Neste capítulo, "LANE" introduz os conceitos que guiarão a hermenêutica missiológica. Para aqueles que já estão familiarizados com esses termos, há uma oportunidade de ver como eles serão aplicados à leitura missiológica da Bíblia. No entanto, se o leitor não estiver familiarizado, o capítulo oferece uma compreensão do critério usado para estudar a Bíblia.
O autor aborda a "Leitura Canônica", que surgiu na década de 1970 como uma abordagem de interpretação das Escrituras que buscava superar as limitações da leitura crítica. Essa metodologia valoriza a forma final do texto bíblico e reconhece a natureza sagrada da Bíblia. Brevard Childs foi pioneiro ao nomear essa nova abordagem de "contexto canônico das Escrituras" e aplicá-la à interpretação do Antigo e Novo Testamento.
A ideia principal dessa abordagem é que o texto, na sua forma atual, representa o que a comunidade canônica aceitou como Escritura. Portanto, a teologia não está nos estágios anteriores de redação do texto, nas tradições subjacentes ou nas fontes literárias presumivelmente utilizadas pelos autores. A base da teologia está no próprio texto em sua forma presente. Essa forma final canônica não apenas é o foco principal da leitura, mas também serve como base para interpretar o texto.
Parte 2 – MISSÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
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