Resenha Teologia Sisetmatica de Paul Tillich
Por: scshenrique • 24/5/2016 • Trabalho acadêmico • 2.722 Palavras (11 Páginas) • 1.215 Visualizações
Teologia Sistemática
Resenha da Introdução a Teologia Sistemática de TILLICH, Paul.
Defesa e ataque através do método de correlação
Por
Henrique Soares Oliveira
Resenha apresentada à disciplina Metodologia Cientifica (Prof. Dr. Nelson Célio de Mesquita Rocha) do Curso de Bacharel em Teologia.
Faculdade Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia da CGADB.
Rio de Janeiro – RJ
Novembro – 2015
Nesta resenha trataremos apenas da introdução dessa tão conceituada obra de Paul Tillich, Teologia Sistemática. Nesta ele aborda um método teológico denominado método da correlação, pelo fato de tratar um paralelo entre o Teologia apologética e a querigmatica. Utiliza de argumentações bem fundamentadas para demonstrar como a igreja poderá ser enriquecida não para um fim em si mesmo, mas para que possa proclamar o querigma na situação e levar assim a situação a um verdadeiro encontro com a realidade última.
Como função da igreja cristã, a teologia, deve server as suas necessidades, que são: a afirmação da verdade da mensagem cristã e sua interpretação para cada nova geração. Poucos sistemas teológicos souberam combinar essas duas exigências. Em sua maioria sacrificaram uma dessas verdades em favorecimento a outra como aconteceu no fundamentalismo, que deixa de entrar em contato com a situação presente falando apenas de uma situação do passado. Nesta verdade teológica de ontem é defendida como mensagem imutável contra a verdade teológica de hoje e amanhã. O fundamentalismo fracassa na tentativa de entrar em contato com a situação presente pois eleva algo finito e transitório a uma verdade infinita e eterna. A razão de que as ideias fundamentalistas serem tão recebidas em um período de liquidez de valores pessoais e comunitários não provam sua validade teológica.
Neste livro o autor utiliza termos como querigma, situação e realidade última para expressar respectivamente a proclamação da mensagem cristã, a humanidade em um determinado momento da história, Deus. Enfatiza que jamais poderá ser ignorada a situação, sem que gere sérias consequências. Com base nisso ele aborda uma dinâmica da teologia composta por 2 (dois) polos, estando num desses polos o querigma e em outro a situação. No momento que o querigma (transcendência, a verdade eterna) toca a situação (imanência) esta é levada a ser o que deve ser a partir do encontro com a realidade última.
O autor nos apresenta as bases do método da correlação que são a teologia apologética e a teologia querigmática. Na teologia apologética temos a teologia que responde às perguntas da situação, sem se importar quão vagas possam ser, nessa temos a defesa, o diálogo e o ataque. Na teologia querigmática é fundamentalista, foca apenas na transcendência, não se importa com a situação contemporânea. Segundo Tillich elas precisam aprender uma com a outra, dessa relação nascerá o método da correlação que une mensagem e situação, teologia querigmática e teologia apologética. Este método tenta correlacionar as perguntas implícitas na situação coma s respostas implícitas na mensagem. Assim não derivando as respostas das perguntas, como faz a teologia apologética e nem o inverso como faz a teologia querigmática. Este método correlaciona perguntas e respostas, situação e mensagem, existência humana e manifestação divina, todavia não deverá ser usado de qualquer maneira, deverá ser usado como um instrumento juntamente com os sistemas que o baseiam.
Tentativas de elaborar uma teologia como ‘ciência’ empírica-indutiva ou metafísico-dedutiva, ou como uma combinação de ambas, deram amplas evidências de que não conseguem obter êxito. Em ambas abordagens, como em suas combinações, o que as dirigem é um tipo de experiência mística.
O círculo onde atua o teólogo é mais estreito do que o que o do filosofo da religião, visto que o primeiro é consciente, especifico e concreto e o outro tenta permanecer geral e abstrato em seus conceitos. O filosofo tenta criar conceitos acerca da religião que tenham validade geral e o teólogo tem como objetivo a verdade universal da mensagem cristã. Este entra no círculo teológico com o membro da igreja cristã para gerir a auto interpretação teológica.
Contudo quando o teólogo interpreta a mensagem cristã de forma geral com o auxílio de seu método torna-se um teólogo cientifico e assim sendo não passa de um filosofo da religião mesmo tendo seu desejo de ser um teólogo.
O teólogo só o é na medida em que reconhece o conteúdo do círculo teológico como sua preocupação última.
O objeto de estudo da teologia é aquilo que nos preocupa de forma última. As proposições teológicas são aquelas que tratam de seu objeto na medida em que ele pode se tornar questão de preocupação última para nós. A preocupação teológica é incondicional, total e infinita.
Em razão disto devemos nos resguardar da chamada indiferença última, pois esta tende nos fazer colocar a preocupação última no mesmo nível de preocupações secundarias, retirando assim sua ultimacidade.
Outro erro é a Idolatria que nada mais é do que a elevação de uma preocupação preliminar à ultimacidade. Significa dizer que algo basicamente condicionado é considerado como incondicional ou ainda algo basicamente parcial é elevado à universalidade ou ainda algo essencialmente finito é revestido de significado infinito.
Assim sendo o teólogo, enquanto teólogo, não é especialista em nenhum assunto de preocupação preliminar, assim como especialistas nesses assuntos não deveriam reivindicar que os são em teologia.
Nesse contexto surge agora o primeiro critério formal da teologia. Qual seria nossa preocupação última? Deve-se considerar que este deve ser formal e geral, não pode ser um objeto, nem mesmo Deus. Nossa preocupação última é aquilo que determina nosso ser ou não-ser. Esse é o segundo critério formal da teologia. O termo ser se refere a totalidade da realidade humana ou seja sua estrutura, sentido e finalidade de existência.
“O ser humano está infinitamente preocupado pelo infinito ao qual pertence, do qual está separado, e pelo qual anseia. O ser humano está totalmente preocupado pela totalidade, que é seu verdadeiro ser, e que está rompida no tempo e no espaço. O ser humano está incondicionalmente preocupado por aquilo que condiciona seu ser para além de todos os condicionamentos que existem nele e ao redor dele. O ser humano está preocupado de forma última por aquilo que determina seu destino último para além de todas as necessidades e acidentes preliminares”[1]
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