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TEOLOGIA DE MISSÕES

Por:   •  28/2/2016  •  Resenha  •  10.233 Palavras (41 Páginas)  •  417 Visualizações

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TEOLOGIA DE MISSÕES

CePET – Centro Presbiteriano de Estudos Teológicos

Curitiba - PR


ÍNDICE

A natureza característica do evangelismo                                  3

Missões no Antigo Testamento                                          8

Missões no Novo Testamento                                                 13

O homem Precisa de Deus?                                                19

Jesus Cristo – a razão principal para a evangelização                25

A Igreja – o agente de Deus na evangelização                         30


A natureza característica do evangelismo[1]

Em certa diocese anglicana, o bispo e seus auxiliares sentiram que eles deveriam promover o trabalho de evangelismo. Eles indicaram uma comissão com um relator para liderar o trabalho. O relator era teologicamente astuto e articulado. Ele convocou muitas reuniões da comissão e por meses eles discutiram “o que é evangelismo”. Alguns disseram algo e outros disseram outra coisa, mas eles nunca chegaram a um consenso. A comissão foi, com o passar do tempo, dissolvida, e o evangelismo foi deixado sem ser completado pela comunidade.

Quase sempre apoiamos, ao menos da boca pra fora, o evangelismo. Concordamos que isto é algo que deve ser feito. Conferências são realizadas para discutir o assunto. Grandes pregações são realizadas sobre isso. Mas poucos sabem como fazer evangelismo. Alguns até mesmo questionam se há algo a ser feito. Não seria suficiente, eles dizem, realizar nossa adoração e nosso trabalho litúrgico, pastoral, educacional e social fielmente e esperar que de algum modo novos membros se juntem à igreja?

Por outro lado, há aqueles que nem ao menos apóiam o evangelismo! Isto é deixado fora do currículo de muitas escolas teológicas que enfatizam somente a história, Bíblia, teologia e cuidados pastorais mas pouco se importam com o evangelismo.

1. O QUE É EVANGELISMO?

A palavra vem do substantivo grego euangelion que é largamente traduzida como “evangelho”, denotando as boas novas da vinda de Deus “em carne” em Jesus Cristo, executando em Sua morte e ressurreição, estendendo-se até ao derramar do Espírito Santo e ao surgimento da Igreja.

Em um sentido mais profundo, a vida contínua da igreja é uma manifestação do Evangelho. Tudo o que a igreja, o sacerdote ou o povo fizer em nome de Cristo, tanto individual quanto coletivamente, seja adorando, vivendo, falando ou agindo, ou seja, toda a vida do cristão dentro do Corpo de Cristo, é concernente ao evangelho e portanto tem um significado evangelístico. A Igreja, por sua própria natureza, é uma testemunha constante daquilo que o Evangelho trouxe à tona. A Igreja é, portanto, parte do Evangelho e, é claro, é constantemente chamada a renovar-se e a reformar-se, pelo mesmo Evangelho. Então, ela é distintivamente evangélica. E, desde que o Evangelho é para todos os homens em todos os tempos e para o homem total, o Evangelho é também católico (universal). Por esta razão a Igreja é tanto católica quanto evangélica, e deve esforçar-se para manter-se assim. Mais recentemente, o bispo Lesslie Newbigin (antigo bispo anglicano de Madras) e outros tem nos lembrado de que a Igreja é também carismática, isto é, dependente do poder do Espírito Santo e Seus dons.

Uma vez que a comunidade cristã local é o Corpo que vive pelo Evangelho, devemos ver que toda parte de sua vida, e especialmente sua adoração e seu estilo de vida, condizem com o Evangelho. Se por sua adoração ela traz testemunho a respeito do Cristo verdadeiro e se por seu estilo de vida ela mostra o poder transformador de Cristo, não há dúvida de que a sua vida como um todo terá um impacto evangelístico e resultará em muitas vidas rendidas a Cristo.

Entretanto, Max Warren, um grande missionário, certa vez disse: "se tudo são missões, então nada são missões”; por sua implicação podemos dizer: se tudo é “evangelismo”, então nada é ”evangelismo”. Em outras palavras, há uma necessidade de focar na tarefa específica do mandato missionário da Igreja de ir por todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações, isto é, evangelizar e fazer discípulos que, por sua vez, também evangelizarão. É para isto que precisamos prestar atenção, pois nesta tarefa específica da evangelização muitas igrejas falham.

A palavra evangelizar é uma transliteração do grego do NT euangelizesthai (verbo) e euangelion (substantivo). O substantivo significa “boas notícias”,  e é assim traduzido na maioria das línguas indianas, por exemplo, “notícia feliz” (Hindi), “boas notícias” (Bengali ou Tâmil).

O verbo significa “proclamar as boas notícias”, e a ênfase está no falar, anunciar ou proclamar a mensagem. As línguas indianas usualmente traduzem como “pregar” (prachar) e o “evangelista” é comumente chamado de “pregador” (pracharak).

A Septuaginta sugere isto em Sl 40.10, onde l salmista diz “eu tenho falado (literalmente evangelizado) sobre Tua fidelidade e Tua salvação” e em Sl 96.2 ele diz “digam ao Senhor... falando (literalmente evangelizando) sobre Sua salvação dia após dia”.

O NT usa a palavra euangelion 72 vezes e freqüentemente com os verbos pregar ou proclamar, indicando que evangelismo no NT era normalmente realizado através da pregação. Jesus e os discípulos compreendiam isto de maneira clara.

É importante lembrar isto porque alguns líderes nos países do 3º mundo igualam o trabalho social com o evangelismo e quase sempre usam isto como uma desculpa para não falar de Cristo a não-cristãos. Certamente fazer o trabalho social em nome de Cristo tem significância evangelística, mas é o contrário daquilo que o NT chama de evangelização, ou fazer disto um substituto da pregação das Boas Novas aos não convertidos.

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