Teologia
Por: HILTONBAURU • 28/11/2015 • Trabalho acadêmico • 2.076 Palavras (9 Páginas) • 226 Visualizações
1) Resumo:
I – Introdução
O cuidado pastoral, quando genuíno, apresenta com freqüência o dilema de se encontrar tratamento psicoterápico saudável para os assistidos, além da decisão de saber quando esse encaminhamento deve ser feito.
A palavra discernimento é amplamente utilizada nos círculos cristãos. Porém não somente sua utilização, como também sua prática, deve nortear a conduta pastoral. No que se refere á compreensão do quadro de um paroquiano, esse discernimento é imprescindível, pois determinará se a luta dele com um sentimento ou perturbação está dentro da normalidade ou se trata de alguma patologia, além de reconhecer que existem prerrogativas exclusivas da vivência da fé, por um lado, e da arte psicoterapêutica, por outro.
Tal relação, fé e prática psicoterápica, pode ser mal interpretada, a menos que analisemos as congruências entre as duas ciências que se encontram em jogo, Teologia e Psicologia. Cada qual possui seu próprio lugar, método, perspectiva e contribuição. Também podemos inferir que ambas buscam uma compreensão da natureza humana e sua dinâmica, iluminando-se mutuamente, a teologia a partir da revelação especial (Escrituras), enquanto a psicologia se vale da revelação geral (a criação), esclarecendo, as duas propostas, a incontestável verdade de Deus.
Nesta intersecção, teologia e psicologia, como ciências, ambas estudam um conjunto de informações análogas no nível cósmico e individual respectivamente. A teologia bíblica tem seu foco na trajetória humana a partir do Éden, passando pela queda, até chegar á salvação em Jesus Cristo. Por sua vez a psicologia relata o mundo perfeito do útero, do trauma do nascimento, da ansiedade transitória entre adolescência em direção á pessoa completa. Em ambos os casos as experiências iniciais se concentram na lembrança de um estado de perfeição e a expectativa de reencontrá-lo. A perda é vista como alienação enquanto a vida e a saúde como crescimento.
A odisséia bíblica revela a Graça incondicional de Deus, desde o Antigo Testamento na pessoa de Adão e Abraão, por exemplo, até o Novo Testamento na maneira de Jesus Cristo lidar com as pessoas. Essa Graça radical transcende todas as táticas humanas de defesa e compensação, bem como a patologia psico-espiritual que produzem. Procura as raízes de nossa desordem e propõe cura real da doença e não apenas a eliminação dos sintomas. Mas para que se chegue a esse fim, é necessário o tratamento das obstruções psíquicas que porventura tentam impedir a ação da Graça. Isso exige um olhar muitas vezes clínico, levando em conta uma combinação dos melhores insights, tanto da teologia quanto da psicologia, no ponto onde ambas se interceptam. A relação desses insights encontra-se em outra importante ciência, a antropologia, quando essa é construída em paralelo, teologia e psicologia, especialmente no que se refere à natureza da teoria da personalidade científica.
Diante desses dados espera-se que os pastores confiem em ambos os livros de Deus: a natureza e as Escrituras, lembrando que nenhum deles deve ser observado a não ser pelas lentes do cuidado científico. Caso se ignore qualquer uma das luzes divinas o resultado será uma distorção da realidade de Deus culminando com a obstrução da oportunidade que Deus terá de realizar a cura do paciente.
II – Exposição
Esta perspectiva tem certas aplicações práticas específicas no que se refere ao trabalho clínico. Em primeiro lugar fica claro que o terapeuta tenha em seu bojo uma apreciação da natureza humana no status dignidade, valor e destino, portanto olhando para o ser humano como imagem de Deus, além de seu companheiro na construção de seu Reino, apesar de suas distorções e patologias. Terapeutas que não assumem essa identidade frente a seus pacientes estão limitados quanto ás suas possibilidades de ajuda.
A Graça incondicional de Deus oferece condições de resgatar no homem, em Cristo, o potencial humano conferido pelo próprio Deus. Assim terapeuta e paciente encaram a condição humana, focalizando a verdade crucial de que o pecado e a patologia são uma falha do destino e não do dever.
Terapeutas que tenham esta perspectiva cristã, fomentada pela Graça Divina, trarão segurança aos pastores no encaminhamento de pessoas quando houver indícios de patologia no que se refere à área de pensamento, comportamento ou padrões de sentimento do indivíduo. Há patologias típicas e especialmente proeminentes em círculos cristãos que exigirão tratamento especializado. As mais óbvias são facilmente identificadas, pois envolvem alienação psicótica da realidade, porém há seis outros tipos de patologias que precisam ser consideradas, conforme segue: 1- Rigidez excessiva; 2 – Ansiedade neurótica não proporcional à ameaça; 3 – Obsessão ou compulsividade quanto a rituais autodestruidores; 4 – Culpa exagerada ou auto-estima diminuída; 5 – Depressão mascarada e raiva internalizada; 6 – Achatamento do afeto, muitas vezes acompanhado de compensação exagerada numa forma falsa de excitamento. Estes itens sempre indicam psicopatologias e não meras deficiências espirituais e requerem um encaminhamento pastoral à psicoterapia.
Permanece a pergunta em três níveis; Quando, por que e a quem os pastores devem encaminhar seus paroquianos? Em relação ao quando, fica claro que ao surgir qualquer uma das patologias acima descritas, ou quando algum obstáculo considerável surgir, na esfera psíquica, dificultando o desenvolvimento psico-espiritual. Mas ainda podemos considerar a seguintes razões para encaminhamento:
- Quando houver uma tristeza profunda e insuperada pela morte de alguém, e que cresce desproporcionalmente á perda.
- Quando há uma defasagem entre a avaliação cognitiva ou racional de uma situação e a capacidade de reagir emocionalmente de uma forma apropriada.
- Quando houver defasagem entre a vontade ou intenção e a ação ou função comportamental.
- Quando há perigo de entrar no jogo do comportamento ou conselho religioso do paciente e exagerar a patologia, ao invés de reduzi-la. Este perigo existe em todas as situações acima descritas e em todas aquelas onde há preocupação do paciente com o material religioso, no confronto com a patologia.
- Quando o pastor tem dúvidas, deve encaminhar o paroquiano como paciente a um especialista em terapia.
Por que o pastor deve proceder a este encaminhamento? Para evitar a repressão da verdade de Deus e providenciar a cura do paciente, da mesma maneira que encaminha
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