Teologia e libertação
Por: 15631 • 29/4/2016 • Resenha • 4.137 Palavras (17 Páginas) • 909 Visualizações
FACULDADE CATÓLICA DE FILOSOFIA E TEOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA DOM MIELE
VICTOR MARIANO RODRIGUES
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO - PERSPECTIVAS
GUSTAVO GUTIÉRREZ
BRODOWSKI
2011
TEOLOGIA E LIBERTAÇÃO
1 – Teologia: reflexão crítica
A reflexão teológica é um esforço da inteligência da fé, que surge espontânea e iniludivelmente naquele que crê. O trabalho teológico passou por varias transmutações através da história da Igreja.
Desse esforço em vista de uma inteligência da fé são consideradas clássicas duas funções do trabalho teológico: A teologia como sabedoria: nos primeiros séculos esta estava ligado à vida espiritual, buscava um contato com os pensamentos da época, vemos, os Padres gregos com influência, já no século XIV teólogos e espirituais se separaram, e que, sofremos nos nossos dias com tal separação. A teologia como saber racional: sobre a teologia como ciência, Tomás de Aquino defende que teologia e espiritualidade devem andar juntas, assim como a fé e a razão. Teologia não deve ser vista como ciência, e sim como saber racional.
A teologia como reflexão crítica sobre a práxis analisada nos nossos dias surgiu nos primeiros séculos da Igreja. A caridade surgiu como primeiro ponto da práxis, o cristão deveria viver mais para o outro. Depois a espiritualidade como contemplação e de modo ativo no mundo. Nos nossos dias existe uma crescente sensibilidade aos aspectos antropológicos da revelação, ao revelar-nos Deus, revela-nos a nós mesmos em nossa situação ante o Senhor e com os demais homens. Uma teologia dos sinais dos tempos fala da necessidade pastoral com um maior comprometimento com o próximo. Outro fator da teologia hoje é o filosófico, ela contrapõe ao marxismo em se tratando da transformação do mundo.
Uma vida cristã deve assim tomar consciência de si, em comunhão com Deus e com os outros. É importante estar aberto ao mundo e suas transformações. A caridade vem primeiro que a teologia. A reflexão crítica tem a função libertadora do homem e da comunidade cristã, seja de qualquer forma de alienação religiosa. Outra função é a profética, despertando o comprometimento com o problema social de desigualdade. Teologia do futuro no sentido de fazer uma critica da realidade para uma práxis libertadora, assim deve ser a teologia.
2 – Libertação e desenvolvimento
O mundo atual vive profunda transformação, e o homem tem tomado consciência desse processo desigual de transformação. O fenômeno de tomada de consciência das diferenças entre países é particularmente agudo nos países mais pobres. Aos países pobres não interessa repetir o modelo dos países ricos, porque essa situação é frutos da injustiça, mas sim que a sociedade se torne mais justa.
Desenvolvimento é um termo que, em sua origem, pode-se dizer negativo devido à oposição em relação aos países subdesenvolvidos. Autores colocam desenvolvimento como, inovação, evolução, ou bem estar. O desenvolvimento seria sinônimo de crescimento econômico. Interessou inicialmente a ciência econômica analisar a Inglaterra, primeiro país desenvolvido, sobre como foi tal processo, mas hoje visam mais o desenvolvimento num processo social global que compreende aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais. Sobre tal desenvolvimento deve ser analisado o processo dentro de um todo e a problemática da evolução de cada país.
Na América Latina, nos anos 50, os auxílios ao desenvolvimento causaram esperança. Hoje ele é sinônimo de reformismo e modernização, esses são os modos de alcançar uma transformação. Os países mais pobres devem lutar para a não dominação dos países ricos.
O homem, agente do seu próprio destino, para a realização de si mesmo a condição é sua própria libertação, e para isso deve ele tomar consciência de sua própria realidade e da realidade da sociedade. A libertação se dá de modo exterior e interior, assim não apenas no plano social, mas também psicológico. O homem foi feito para a liberdade, deve lutar pela sua liberdade e pela do mundo.
Os documentos da Igreja fala sobre o desenvolvimento no sentido de que todos devem despertar para uma sociedade nova, mais fraterna, sem diferenças. A teologia coloca este tema com uma interpretação da mensagem bíblica, a obra da libertação de Jesus Cristo. Paulo afirma que, por Cristo, somos livres para amar, isso é dom de Deus.
3 – O problema
A teologia da libertação, em reflexão, a luz da palavra do Senhor, contribui com uma análise do comportamento cristão em vista do outro.
A resposta está na relação entre salvação e o processo histórico de libertação do homem, trata-se da relação Igreja-mundo, fé e realidade social. Os trabalhos conciliares trataram sobre a problemática do homem contemporâneo sobre a práxis social. O homem contemporâneo começa a perder a ingenuidade diante de seus condicionamentos econômicos e socioculturais, isso ajuda na construção de um pensamento revolucionário. Para o cristão é obrigatório à práxis libertadora, o crente deve viver sua fé aderindo todos os aspectos da comunhão.
4 – Diferentes respostas
A Igreja é a depositária exclusiva da salvação e o centro da obra salvadora, se apresenta como um poder em face do mundo. A nova cristandade procurará tirar as lições da ruptura entre fé e vida social, e predominará o tomismo. O tomismo sustenta que a graça não suprime nem substitui a natureza, antes a aperfeiçoa, Tomás de Aquino abre as possibilidades de uma ação política mais autônoma e desinteressada. O interesse da Igreja não é de defender seus próprios interesses, mas de exercer o seu papel de obra da salvação, e para isso, cria uma cristandade, para uma sociedade inspirada em princípios cristãos.
A Igreja tem duas missões: evangelização e animação do temporal. Compete ao sacerdote trabalhar essas duas funções, por isso é de seu mesmo interesse edificar a Igreja como construir o mundo. Intervir diretamente na ação política é trair sua função. Os leigos tem a missão de compartilhar e celebrar e examinar à luz da palavra de Deus suas opções políticas. Existe, no entanto, uma distinção Igreja-mundo, mas devido à própria dinâmica do método adotado, a Constituição sobre a Igreja ultrapassa a rígida distinção de planos.
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