Uma Visita Inesperada

Prefácio

Fiquei imensamente feliz ao receber o convite de Cristiane Ferr para prefaciar este seu primeiro livro. Ela é uma amiga muito querida e ungida do Senhor.

Conheci a Cristiane Ferr pessoalmente em fevereiro de 2013. A nossa amizade começou de forma interessante. Em janeiro daquele ano, produzi um texto para matéria a ser divulgada na imprensa. A pauta dessa matéria era o lançamento do seu oitavo CD, “Pérolas – Voltando ao primeiro amor” (produzido em 2012), que contava com a participação de um cantor a quem eu assessorava. A matéria se espalhou pela Internet. Cristiane, que até então não conhecia o trabalho de assessoria, ficou interessada e me procurou. Assim, no início de fevereiro, depois de nos reunirmos e conversarmos bastante, eu tive o privilégio de passar a assessorá-la. Desde então, nos tornamos amigas, com um tipo de aliança que só Deus pode firmar. Um relacionamento que começou com o trabalho de assessoria ganhou contornos de uma grande amizade que se solidificou e se fortalece a cada dia.

Como amiga, também acompanhei de perto o drama que Cristiane relata neste livro – a morte do pai e a posterior depressão. Confesso que temi por Cristiane; cheguei a pensar que não reagiria. Ela foi perdendo o ânimo com tudo e seu ministério de louvor simplesmente parou.

Eu tentava ajudá-la com orações e com mensagens de encorajamento, já que a distância geográfica me dificultava estar mais perto dela fisicamente como eu tanto queria.

A partir da morte do pai, Cristiane foi morar em Juiz de Fora, para ficar mais perto da sua mãe.

Ela viveu longos dias de inverno relatados nesta obra...

Neste seu primeiro livro, Cristiane abre o coração e narra os momentos angustiantes vividos desde que soube do diagnóstico do pai até a sua morte. Com uma linguagem simples, como se conversasse frente a frente com o leitor, ela expõe a sua angústia naqueles dias dolorosos e conta como foi curada da depressão.

“Uma visita inesperada” é um testemunho, uma história real que mostra a fragilidade da alma humana, o quanto todos estamos sujeitos a sentimentos que não gostaríamos de ter, a pensamentos que gostaríamos sequer passasse em nossa mente. Mas não é somente isso, esta narrativa mostra como Deus ama e cuida dos seus filhos, como Ele, Pai amoroso, entende o coração humano e trata daqueles que Nele confiam, mesmo quando eles têm a fé abalada por situações diversas.

Ao ler “Uma visita inesperada”, fui edificada e agradeci ao Senhor por seu cuidado e amor. Sei que todos que lerem este testemunho serão tão abençoados quanto eu fui.

Eu indico esta obra para você e o incentivo a presentear seus entes queridos com ela, para que também tenham o privilégio desta leitura tão edificante.

Ana Paula Costa

Jornalista, Assessora de Imprensa e Locutora

Pastora voluntária na Igreja Comunidade Batista, bairro Nova Floresta, Belo Horizonte (MG

Introdução

Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual resolvi dividir com vocês uma experiência tão pessoal, mas tenho a convicção de que fui movida pelo Espírito Santo de Deus a fazer isso.

Como viajo muito ministrando em diversas igrejas, me deparo com pessoas feridas e aprisionadas a lembranças tristes do passado. Pessoas magoadas com a vida. Pessoas “magoadas com Deus”!

Passei a perceber isso quando comecei a testemunhar pelas igrejas. Após o culto, muitas dessas pessoas, que se identificavam com minha história, me procuravam para pedir uma oração ou um aconselhamento.

Desde então, o meu coração começou a queimar com o desejo de passar para o papel a minha experiência de vida.

Espero que você seja edificado com este singelo livro.

Jesus abençoe você...

Cristiane Ferr

Capítulo 1

Um diagnóstico

Meu pai teve dois infartos. Fez o procedimento de angioplastia devido a três artérias entupidas, melhorou e passou os últimos 10 dias em casa rodeado pela família. Parecia estar recuperado quando, de repente, começou a sentir fortes dores no abdômen e foi levado às pressas para o hospital do coração “João Felício”, em Juiz de Fora (MG), onde foi examinado e medicado. Como ele era um paciente cardíaco, os médicos focaram primeiro no coração e fizeram vários exames. O diagnóstico foi “Isquemia Mesentérica”, mas já era tarde, ele teve parada cardiorespiratória e quando voltou, já voltou em coma. Os médicos não podiam operá-lo para reverter o quadro enquanto ele não voltasse do coma. O quadro se agravou, parte do intestino já estava necrosado e com a impossibilidade da cirurgia, houve um rompimento, o que possibilitou que bactérias do interior dos intestinos causassem uma septicemia (infecção generalizada).

A notícia

Eu estava na cozinha nova que meus pais haviam acabado de reformar, conversando com alguns amigos, Nayane, Maressa e Van. Aproveitei que Van estava terminando o curso de medicina e o enchia de perguntas sobre a situação do meu pai e ele tentava me explicar que a Isquemia Mesentérica, também conhecida como Trombose Intestinal, é causada por uma redução do fluxo sanguíneo para a circulação intestinal e que acontece por causa de uma obstrução arterial ou venosa. Disse também que é uma doença silenciosa, causando necrose e até a ruptura dos intestinos. Nessa época, eu ainda não fazia faculdade na área da saúde e nunca tinha tido contato com anatomia, por isso não entendia nada que ele me explicava, só sabia que o caso do pai era muito grave. De repente, os nossos dois cachorrinhos começaram a latir e a uivar. Ainda brinquei com uma de minhas amigas dizendo: “Se não estiver chegando gente aqui em casa, estão mexendo no seu carro!” Foi quando o telefone tocou e meu coração disparou. Minha tia Lurdinha (irmã do meu pai) deu um grito e eu corri até o quarto. Minha mãe estava com o telefone na mão, sem condições de falar. Então eu peguei o telefone e a notícia não era boa. No dia 1º de julho de 2014, às 20h, em Juiz de Fora, nós recebíamos a notícia da morte do Senhor José Raimundo Ferreira, mais