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É POSSÍVEL A EDUCAÇÃO DO CARÁTER

Por:   •  6/11/2017  •  Ensaio  •  2.798 Palavras (12 Páginas)  •  304 Visualizações

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É POSSÍVEL A EDUCAÇÃO DO CARÁTER?

                                                Tânia M. M. de Souza

A palavra caráter vem do latim “charactere”, que segundo o Dicionário Aurélio, num contexto educativo, pode ser traduzido por marca, qualidade inerente a uma pessoa, modo de ser de um indivíduo, conjunto de qualidades boas ou más de uma pessoa, firmeza e coerência de atitudes, domínio de si. Em um livro de biologia descobrimos que o caráter não constitui herança genética. Logo, podemos concluir que o caráter de uma pessoa é construído, moldado através das pressões e relações interpessoais que o indivíduo desenvolveu ao longo de seu desenvolvimento físico, mental e espiritual. Portanto é necessária a educação integral da criança para que ela desenvolva um bom caráter e esta formação é responsabilidade da família em primeiro plano, cabendo a escola o dever de atuar como coadjuvante nesse processo através da ação de um professor competente, capacitado, amoroso e comprometido com o desenvolvimento integral da criança e conseqüentemente, com a sociedade.

A Bíblia o livro por excelência declara no livro de Lucas, capítulo 2, versículo 52, que Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. Ou seja, o escritor Lucas, um médico, observou o desenvolvimento integral daquela criança: físico, intelectual, social e espiritual. Este deve ser o nosso parâmetro educacional, pois o homem é formado de corpo, alma e espírito. A educação voltada para o desenvolvimento do ser humano, comprometida com a transformação e direcionamento do homem no mundo. Levando-o a tomar atitudes baseadas em sua consciência, sabendo que não vive isolado ou apenas para si, mas numa coletividade, numa sociedade organizada em que, se tem direitos, possui também deveres. E o que vai determinar essas escolhas é o seu caráter, é a sua marca interior que o distingue dos outros, sua plena consciência de si mesmo, com liberdade e livre arbítrio.

Todos aqueles envolvidos no processo educativo sabem da necessidade dessa educação integral, para o desenvolvimento de competências: para saber aprender, saber fazer, saber conviver e aprender a ser. Mais do que desenvolvimento da inteligência, de habilidades, é necessário ensinar virtudes às crianças, pois são a base da formação do caráter e da personalidade. E os bons hábitos se aprendem com mais facilidades na infância que nos anos que a precederão.

No trabalho de doutorado realizado pelo professor Mario José Filho (2003), do Departamento de Serviço Social da UNESP, campus de Franca/SP, ele expõe como o mundo contemporâneo, com a competitividade profissional, globalização, aliada à economia de consumo está abalando às relações familiares e contribuindo para que os pais deleguem à escola a tarefa de educar os filhos, comprometendo a transmissão aos jovens e crianças de valores como solidariedade, respeito ao próximo, fidelidade, senso de justiça, etc.

Em sua pesquisa quase a totalidade dos entrevistados declararam acreditar ser de responsabilidade dos pais a educação dos filhos. Na família é que a criança terá todas as referências necessárias para a formação e desenvolvimento de sua personalidade e caráter. No entanto, nos dias de hoje os pais trabalham mais e passam menos tempo com os filhos. A mãe, que antes ficava em casa e transmitia os valores morais, agora trabalha fora e em muitos casos é arrimo de família. Quando chegam do trabalho, ambos estão cheios de culpa pela ausência e, para minimizar esse sentimento, tornam-se muito permissivos, deixam de estabelecer limites e de ensinar princípios éticos de certo e errado. Ainda mais quando vemos a mídia trazer para nossos lares informação de toda ordem de corrupção a nível nacional, estadual e municipal (PC Farias, Anões do orçamento, Juiz Nicolau, Waldomiro Diniz – assessor do Ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, etc.), deixando no ar uma inversão de valores em que os “espertos”  é que se dão bem. Mas os pais precisam ter esperança, fé e acreditar que o pouco tempo com as crianças é precioso na formação do caráter dos filhos. Nessas poucas horas é preciso ter postura. Conversar com eles, conscientizá-los que os pais se ausentam porque estão trabalhando. E que trabalham porque querem dar segurança, saúde e educação aos filhos, pois a criança é capaz de entender isso muito bem; e aproveitar ao máximo este tempo em atenção, amor, carinho e orientação aos filhos.

A pesquisadora carioca Tânia Zagury (2000) declarou em entrevista à Nova Escola que em nossos dias os pais tem transmitido seus medos e insegurança aos filhos. Em vez de ensinar princípios éticos estão ensinando as crianças à “não ficar para trás”. Só que estão exagerando. Há crianças que disputam docinhos a tapa nas mesas de aniversários, e quando acha que o filho não lutou, o pai fica incomodado. Estas atitudes estão gerando pessoas estressadas, competitivas e ansiosas. Ela conta o exemplo de um pai que durante um jogo de futebol gritava ao filho para derrubar um outro jogador para conseguir o gol, sem o menor senso de valor ou moral.

Mesmo diante de tantas adversidades, a família precisa estar atenta para exercer sua responsabilidade na formação de cidadãos comprometidos com o meio em que vivem. É na família que a criança aprende a ser tolerante e a desenvolver ações de cidadania, de solidariedade, de fraternidade, de companheirismo, amizade e senso de justiça. No ambiente familiar é que devem ser abolidas atitudes de repressão e violência.

A Bíblia, o livro mais vendido do mundo, orienta o ensino no lar de valores éticos desde a infância:

“... estas palavras...  Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver assentado em casa,  quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar  e quando se levantar. Amarre-as como um sinal... Escreva-as  nos batentes das portas de sua casa e em seus portões” Deuteronômio 6:5-9.

O psiquiatra brasileiro Augusto Cury (2003), autor da teoria de desenvolvimento do pensamento Inteligência Multifocal, mostra em seu livro Pai Brilhantes Professores Fascinantes, como o mundo contemporâneo tem produzido jovens despreparados para lidar com decepções, os quais conhecem cada vez mais o mundo em que vivem, mas quase nada sobre o mundo que são. Estes raramente sabem pedir perdão, reconhecer seus limites, se colocar no lugar dos outros. Por quê? Porque o seu caráter ainda não foi educado completamente. Muitos pais trabalham para dar o mundo aos filhos, mas se esquecem de que estão ensinando com suas próprias vidas. Têm péssimas reações na frente delas, são intolerantes, agressivos, parciais, dissimulados. Com o tempo cria-se um abismo emocional entre eles. E então, pouco afeto, mas muitos atritos e críticas.

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