As raízes do carnaval síntese
Por: luissiscone • 19/5/2015 • Dissertação • 585 Palavras (3 Páginas) • 308 Visualizações
AS RAIZES DO CARNAVAL - SINTESE
Pode se dizer sob uma definição genérica, que o carnaval é uma festa popular coletiva, que foi transmitida através dos séculos, como herança das festas Saturnais - em honra a deus Saturno na mitologia grega. Deduz se que existe sempre uma relação entre os ciclos da natureza e os próprios ciclos da vida humana. O homem é uma parte da natureza e, portanto, sofre como ela de vários estados (estações) de tipo físico, psicológico e mental. Saturno, deus do tempo e da evolução, assinala o fim de um ciclo de vida (Inverno), permitindo assim a renovação da natureza. O homem esgotado por experiências, deverá também regenerar-se interiormente e aprender a libertar-se das máscaras da personalidade para renascer como ser puro, espiritualizado. O objetivo do Carnaval é possibilitar que se arranque a máscara. É a oportunidade de uma nova criação; recriar o homem novo, renascido. Neste contexto, a magia do Carnaval é tomada no seu sentido ritualista; é um ato consciente de regeneração, após a purificação da personalidade. Para os povos da antiguidade, a festa do Ano Novo e do Carnaval tomavam assim um aspecto de drama, que confrontava a Vida e a Morte, o Inverno e a Primavera, o Bem e o Mal. Durante as cerimónias que iniciavam este ato de regeneração, os povos primitivos narravam as palavras míticas da criação, reviviam o ato inicial da vida, o que permitia ao homem regressar às origens das coisas, fundir-se com o divino e, pela narração destas palavras sagradas, purificar-se do tempo profano. É o momento da ruptura com as cadeias da razão, pois tudo se torna possível. O rei torna-se escravo, e o escravo torna-se rei; o senhor torna-se servo, e o servo torna-se senhor. É o início e o fim de um ciclo de manifestação. A eterna luta entre o bem e o mal é representada durante estas celebrações carnavalescas por um combate ritual que opõe a luz à obscuridade. Por um momento, a noite e a ignorância parecem vencer a batalha e o Carnaval culmina numa manifestação orgástica. Depois da purificação da carne – personalidade – tem lugar a renovação da consciência. Os elementos do inconsciente são controlados e acontece então o desabrochar da luz. Dessa forma, desde os tempos mais remotos o Carnaval desempenhou uma função social muito importante, ao ajudar a sociedade a libertar-se das suas tendências inferiores e reprimidas, permitindo a sua exteriorização momentânea. É a depuração do eu inferior humano. O Carnaval também representa a última prova do homem, o último passo para a libertação. Deve também lutar contra as sombras da noite que são as projeções do desejo de continuar a viver na ilusão e no efémero. Em todas as mitologias, Saturno é o símbolo do deus iniciador. É o tempo que experimenta a alma do aprendiz, é o tempo que destrói tudo o que é construído sem a sua ajuda. É o símbolo da paciência e da perseverança que conduz ao termo do caminho. Redescobrimos assim o aspeto benéfico de Saturno presente nas festas de Carnaval. Sob a sua máscara de desgaste oculta-se a esperança de um homem melhor, de um homem novo. A vida é um grande teatro, e cada um de nós possui a sua máscara, a sua personalidade. Esta surge como um esboço do Ser autêntico que dorme em cada um de nós. Lancemos, pois, por terra esta máscara de ilusão para que então se manifeste o que desde sempre, é eterno. As Saturnais terminavam com todo o povo unido.
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