O Egito antigo
Por: j.charchar • 11/3/2017 • Ensaio • 11.368 Palavras (46 Páginas) • 446 Visualizações
Aula 01: O Egito antigo
Apresentação: Nesta primeira aula o objetivo será entender a importância de estudar a civilização egipcia analisando a configuração de suas principais estruturas dando enfase as relações humanas com seu espaço natural e principalmente o legado deixado para as civilizações posteriores. Portanto, a primeira pergunta que devemos nos fazer é: Porque ainda hoje pesquisadores do mundo todo se dedicam aos estudos sobre uma civilização que existiu a mais de 4000 anos? Sem duvida, encontrar essa resposta requer uma analise minuciosa sobre a origem e a evolução do Egito antigo destacando todos os seus padrões artisticos, politicos, sociais e religiosos sendo possivel a construção de uma linha de reflexão que nos leve compreender a contribuição desta magnifica civilizção para a contemporaneidade. O historiador, Ciro flamarion cardoso enfatiza em uma de suas obras, o Egito antigo, o interesse pelo estudo do Egito ”E no entanto, esta distante civilização, continua despertando hoje um profundo interesse que não se limita aos especialistas em Egiptologia. Nenhuma outra cultura da Antigüidade inspirou a elaboração de tantos livros de divulgação destinados ao grande público. A que se deve a atração do Egito antigo? Em parte, talvez às suas já mencionadas longevidade e continuidade. É um fenômeno fascinante o de uma civilização que, através de numerosas transformações, arrosta impávida várias dezenas de séculos sem perda das características essenciais que definem sua especificidade. Outra razão parece ser uma espécie de fascínio exótico e nostálgico exercido sobre o nosso mundo secularizado de hoje por alguns dos elementos culturais do Egito faraônico, em particular a realeza de caráter divino e a religião funerária tão elaborada, com sua obsessão milenar pelo renascer, pela imortalidade” . Todas as nossas abordagens serão executadas dentro dos eixos cognitivos referentes as competências e habilidades exigidas pelo Enem na matriz de referência: Ciências humanas e suas técnologias para que o aluno possa não apenas ter acesso as informações sobre as estruturas constituidas no Egito antigo,mas que também seja capaz de refletir sobre todo processo de estruturas produtivas, relações de trabalho e de poder.
1-Origem e Localização geografica: O Egito localiza-se na região nordeste da Africa irrigado pelo rio Nilo. Como diria o Historiador grego Herodoto “o Egito é uma dadiva do Nilo”. As cheias do Nilo se iniciam em junho e vão até novembro.Nesse periodo o rio transborda e deposita em suas margens o lodo e o limo que possibilitam o aproveitamento agricola da região. Ecologicamente o Egito dividisse em três regiões: o Delta, composto por uma grande quantidade de terras araveis, pastos e pantanos; o Vale, estreita faixa de terra apertada entre desertos;e o deserto esteril. O Nilo foi a genese do povo egipcio. O Egito Antigo foi uma das maiores civilizações da Antiguidade, que surgiu a partir de aldeamentos agrícolas(Nomos)que se formaram no vale do rio Nilo, na África,a cerca de 4000 a.C. No processo de formação das primeiras civilizações, a região do Crescente Fértil foi um importante espaço, na qual a relação de dependência do homem em relação à natureza diminuía e vários grupos se sedentarizavam. A domesticação de animais, a invenção dos primeiros arados, a construção de canais de irrigação eram exemplos de que a agricultura viria a ocupar um novo lugar no cotidiano do homem. Mais do que isso, todo esse conhecimento foi responsável pela formação de amplas comunidades humanas as margens do Nilo e que gradativamente, a apartir de suas relações com o meio ambiente,evoluiram para o que conhecemos hoje como Egito.
2- Economia e produção cultural no Egito: A formação do rio Nilo em uma area desertica foi de grande importância para o surgimento e desenvolvimento da civilização egipcia, entretando, é importante ressaltar que a irrigação proveniente das enchentes do Rio não foram decisivas para definir todas as caracteristicas assumidas por esta grande civilização, como por exemplo a acentuada centralização que caracterizou o estado faraônico.Devemos relativizar a contribuição da irrigação, pois percebemos que as grandes obras de canalização das aguas do Nilo só começaram a ser construidas muito tempo depois do processo de unificação do alto e baixo Egito e além disso,inicialmente, a irrigação atendia uma necessidade mais local como explica Ciro flamarion cardoso. O historiador grego Heródoto afirmou: "O Egito é uma dádiva do Nilo". Mas, atualmente, boa parcela dos estudiosos da civilização egípcia procura relativizar o papel da irrigação como justificativa para a existência do Estado faraônico, fortemente centralizado. Isso porque o sistema de irrigação adequava-se a um controle mais regional e até local, e as grandes obras de irrigação, pelo que se tem notícia, só começaram a surgir um milênio após a unificação do país”. Os egipcios chamavam seu país de Kemet,(Terra negra)para diferenciar do deserto(Terra vermelha). Muitos dos ideais e crenças modernos, assim como grande parte do conhecimento sobre o homem, tiveram origem no Egito. Lá se desenvolveu um governo centralizado. A religião foi uma das primeiras a enfatizar a existência da vida após a morte. Os egípcios produziram uma arte e uma literatura expressivas, introduziram a arquitetura de pedra e fabricaram o primeiro material adequado para a escrita, o papiro,que era uma planta cultivada as margens do Nilo, cujo talo era utilizado para fabricação de um excelente tipo de papel, além de cordas, caixas, sandálias e esteiras. No Egito o cultivo de cereais como cevada e trigo eram muito importantes,assim como,a criação de porcos,cabras,bois e cavalos. Eram mestres na arte de tecer,pois produziam belos tecidos de puro linho.A caça ,pesca e o comercio também eram atividades economicas importantes devido a grande abundancia de peixes e passaros nas margens do Nilo, onde também ocorria uma ampla atividade comercial com a exportação de cereais, vinho,papiro e importação de pedras preciosas,marfim,perfumes e madeira. A economia egipcia era considerada amonetaria, pois as transações comerciais eram feitas sem a introdução da moeda e sim através da troca dos produtos disponiveis.:
3- A Produção e consumo da cerveja e vinho no Egito: No antigo Egito boa parte da terra aravel era destinada para o cultivo de cereais e do linho. O historiador Heródoto nos revela que popularmente os egípcios em vez de vinho usavam uma bebida feita de cevada(cerveja) e que o vinho era consumido principalmente pela aristocracia e os sacerdotes devido sua importância dentro da sociedade.De fato, a cerveja era a bebida mais popular na terra do Nilo devido sua produção ser bem menos complexa e onerosa.Por outro lado, o clima desértico e quente do Egito deixava a produção do vinho muito mais trabalhosa e principalmente necessitando de um alto custo ficando seu consumo restrito as camadas mais altas da ordem social.A produção do vinho chegava a ser dez vezes mais caro do que a cerveja, sendo necessário o desenvolvimento de um eficiente sistema de regagem para um cultivo satisfatório.O processo de produção do vinho no Egito antigo era realizado a moda tradicional europeia.Colocava-se as uvas debulhadas nas tinas e depois cerca de seis homens esmagavam as uvas com os pés, depois o suco era escorrido e armazenado em jarras que ficavam abertas ou levemente cobertas e expostas ao sol para facilitar a fermentação.A tonalidade mais ou menos forte do vinho esta diretamente ligado a forma de fermentação que poderia ou não ser feita com a casca da uva juntamente com o suco.O crescimento da viticultura no Egito deu um salto significativo a partir do contato com os gregos e romanos que eram especialistas nessa atividade.Apesar de ser uma bebida aristocrática, os soldados que combatiam bem ,eventualmente poderiam receber vinho como premiação.Os membros do povo raramente poderiam provar do vinho, pois acreditava-se, que misturados a outros ingredientes, o vinho tinha poder curativo para acabar com muitas doenças como:Vermes, tosse, asma,regulador de urina,aliviar a dor e estimulador de apetite.No Egito faraônico, o vinho também apresentava uma grande importância politica e religiosa.O vinho era ofertado as divindades e bastante consumido durante as festividades de coroação dos faraós que ao ofertar a bebida aos deuses esperava receber em troca um reinado de estabilidade e justiça.Portanto, esta bebida estava cercada de toda uma carga religiosa e politica, pois era indispensável nas cerimonias funerárias, onde era ofertado para os mortos , sendo muitas vezes colocadas jarras de vinho junto com os faraós nas tumbas.O vinho estava associado a Osíris, senhor dos mortos, era a divindade principal da festividade comemorativa de ressurreição e enchente do rio Nilo que trazia ótimas colheitas.As vinhas simbolizavam a ressurreição de Osíris e o inicio de um novo ciclo.Desta forma, devemos entender que o ao analisarmos a origem, produção e consumo do vinho no antigo Egito podemos perceber as desigualdades sociais,as crenças no estreitamento das relações entre vivos e mortos e também todo o caráter politico atribuído a esta bebida que era vista pelos faraós como mecanismo para fortalecimento do seu poder junto aos deuses.
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