Turismo, religião e cultura

Não há em nenhum lugar do Brasil, quem sabe no mundo inteiro, espetáculo de fé mais

característico, único, do que a procissão do Círio

de Nossa Senhora de Nazaré de Belém do Pará. Em mais de dois séculos a fé na Virgem de Nazaré tem conquistado adeptos em todos os recantos.

Assim, pode-se afirmar que o Círio de Nossa

Senhora de Nazaré supera, em números de romeiros outras peregrinações de tradição mundial.

O conteúdo do presente artigo é parte de um estudo mais amplo sobre a fé e a tradição da festa de Nazaré realizada anualmente em Belém do Pará, evidenciando o seu singular atrativo turístico, assim como suas manifestações religiosas e sócio- culturais, desenvolvido no decorrer da disciplina Metodologia de Pesquisa em Turismo II.

2. Turismo, Religião e Cultura

De acordo com Medeiros e Silva (1998), o turismo religioso consiste no conjunto de atividades com utilização parcial ou total de equipamentos e a realização de visitas a receptivas que expressam sentimentos místicos ou suscitam a fé.

De fato, a fé é uma grande aliada do turismo religioso. E, por conta disso, muitos buscam determinados lugares, mais movidos pela fé do que pela simples vontade de conhecer. Tal fato, também se relaciona à cultura, pois, cada povo tem uma cultura, a partir da qual interage com o mundo. Daí advém o que se chama de Turismo cultural.

De acordo com Moletta (2000) o turismo cultural é um tipo de turismo onde as pessoas se deslocam na busca de manifestações artísticas, científicas, históricas, culturais e religiosas. Na delimitação conceitual de turismo cultural, o termo cultura é natural, puro e amplo, pois abrange tanto a cultura própria do turista como conjunto de hábitos, idéias e criações que ele pode assimilar ou não, em seu contato com novas realidades, costumes e valores espirituais diferentes.

O termo Círio, geralmente identificado como uma vela grande de cera, levada através de procissão, de um lugar a outro, é considerado no Brasil como identificação de procissão em homenagem a santos padroeiros de determinadas localidades. Contudo, em Belém do Pará a festa maior é o Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

3. O Círio de Nazaré

No Pará a devoção a Virgem de Nazaré se expandiu a partir de 1700 quando o caboclo Plácido José de Souza encontrou, às margens do igarapé Murucutú (onde hoje encontra-se a

Basílica de Nazaré) uma pequena imagem da santa. Na manhã seguinte, reza a tradição, a imagem havia desaparecido e retornado ao local em que foi encontrada. Vendo no ocorrido um sinal divino, Plácido ergueu, no local achado, uma pequena capela para abrigá-la. A notícia do acontecido espalhou-se e logo a capela passou a receber dezenas de fies que propagaram a devoção à virgem de Nazaré, primeiro em Belém e, depois, em todo o Pará.

Assim, todos os anos, no segundo domingo de outubro, quase 2 milhões de pessoas transformam as ruas da capital paraense em vertentes humanas, o retrato da devoção popular.

O Círio de Nazaré