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A Variação Linguística No Livro Viver, Aprender

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Por:   •  14/1/2015  •  659 Palavras (3 Páginas)  •  355 Visualizações

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O MOVIMENTO DA LINGUAGEM À ENUNCIAÇÃO

A linguagem, para Bakhtin, é uma prática social que tem na língua

a sua realidade material. A língua é entendida não como um sistema abstrato

de formas lingüísticas à parte da atividade do falante, mas como um

processo de evolução ininterrupto, constituído pelo fenômeno social da

interação verbal, realizada através da enunciação, que é a sua verdadeira

substância (BAKHTIN, 1929, p. 127). Diferentemente de Saussure e de

seu objetivismo abstrato, o autor russo valorizava a fala, que não é individual,

senão social e está estreitamente ligada à enunciação, já que o momento

da enunciação, instaurando a intersubjetividade, instaura também a

interação.

Defendendo a natureza social e não individual da linguagem, ele

situou a sua realidade material - língua -, bem como aos indivíduos que a

usam, em um contexto sócio-histórico. A língua penetra na vida através

dos enunciados concretos que a realizam (BAKHTIN, 19792, p. 282), da

mesma forma que, através deles, a vida penetra nela. Ao veicular concepções

de mundo, a linguagem torna-se um lugar de confrontos ideológicos.

A palavra é o fenômeno ideológico por excelência, pois carrega uma carga

de valores culturais que expressam as divergências de opiniões e as contradições

da sociedade, tornando-se assim um palco de conflitos. Ela, no en-

2As referências concentram-se nos textos: O problema dos gêneros do discurso, originais de

1952/53 e O problema do texto nas áreas da lingüística, da filologia, das ciências humanas.

Tentativa de uma análise filosófica, originais de 1959/61.

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tanto, não pertence a ninguém, estando a serviço de qualquer ser humano e

de qualquer juízo de valor.

Na realidade, não são palavras o que pronunciamos ou escutamos,

mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes

ou triviais, agradáveis ou desagradáveis, etc. A palavra está

sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico

ou vivencial. É assim que compreendemos as palavras e

somente reagimos àquelas que despertam em nós ressonâncias

ideológicas ou concernentes à vida. (BAKHTIN, 1929, p. 95)

O signo lingüístico tem, pois, uma plurivalência social que se refere

ao seu valor contextual. O fato de diferentes grupos sociais empregarem

o mesmo sistema lingüístico faz com que as palavras manifestem valores

ideológicos contraditórios, tendo o seu sentido firmado pelo contexto em

que ocorrem. É a situação social imediata a responsável pelo sentido.

Outra característica do signo bakhtiniano, ligada à anterior, é a

mutabilidade, uma vez que, como reflexo das condições do meio social, a

palavra é sensível às transformações na estrutura social, registrando todas

as mudanças. As palavras estão presentes em todas as relações sociais e

são tecidas a partir de uma infinidade

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